Caso Walewska: Justiça determina que viúvo desocupe imóvel e devolva dinheiro
Decisão foi tomada por juiz da 35ª Vara Cível de São Paulo
A Justiça de São Paulo determinou que Ricardo Alexandre Mendes, viúvo da campeã olímpica de vôlei Walewska, desocupe o imóvel de propriedade da ex-jogadora. Ricardo teria alugado o apartamento de forma irregular.
A decisão foi assinada pelo juiz Gustavo Henrique Bretas Marzagão, da 35ª Vara Cível de São Paulo. O imóvel em questão é um apartamento no condomínio Ciragan Home, na Bela Vista, região central de São Paulo.
Na argumentação, o juiz informa que o imóvel não é de propriedade do viúvo, mas sim da WM Serviços Esportivos, empresa que tinha Walewska e Maria Aparecida, mãe da campeã olímpica, como sócias.
Por esse motivo, “Ricardo não tinha posse do imóvel e nem poderes para, em nome próprio ou não, alugar o imóvel a terceiros”, diz parte da decisão.
Na contestação da ação, Ricardo justificou que Waleska, ainda em vida, concordou com a locação e que o imóvel foi adquirido com recursos do casal. O juiz afirmou, no entanto, que não houve comprovação que o apartamento foi comprado com dinheiro do casal.
“Verifica-se que o contrato de locação firmado entre Ricardo e Alexandre é nulo e que Ricardo deve restituir à autora todos os valores que recebeu a título de aluguel”, decidiu o juiz.
“A alegação de Ricardo de que os valores que recebeu de aluguel foram utilizados, com a anuência de Waleska (não comprovada, frise-se), para o pagamento de inúmeras dívidas do casal e da empresa autora também não lhe favorece”, completa, ainda na decisão.
A informação foi divulgada pelo Estadão e confirmada pela reportagem da Itatiaia.
Walewska Oliveira, campeã olímpica com a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, morreu em 21 de setembro do ano passado. Ela caiu da área de lazer do prédio em que morava.
Devolução do aluguel e pagamento de indenização
Ainda no documento, o juiz determina que Ricardo Alexandre Martins devolva para a família de Walewska o valor recebido de aluguel no período do contrato e que pague uma indenização. O montante é de R$ 209.076,90.
Disputa judicial
Esse é mais um episódio na disputa judicial entre Ricardo e a família da ex-campeã olímpica. Após a morte de Walewska, o viúvo deu entrada como inventariante e, de acordo com a mãe da atleta, não comunicou à família. A família de Walewska pede a exclusão de Ricardo da herança.
Por Walewska não ter deixado testamento, a função é, por direito, de Ricardo, com quem a ex-jogadora foi casada por 20 anos. O viúvo pediu separação pouco antes da morte, mas o processo não foi concluído. A união era em comunhão parcial de bens, o que significa que o que foi adquirido após o casamento pertencia aos dois.
História de Walewska
A ex-jogadora foi revelada pelo Minas, em 1995, e ficou no clube até 1998. Ela voltou ao time da capital mineira em 2014 e ficou até o ano seguinte.
A meio-de-rede ainda defendeu Rexona/Ades, São Caetano, Sirio Perugia da Itália, Murcia da Espanha, Zarechie da Rússia, Vôlei Futuro, Vôlei Amil, Minas, Osasco e Praia Clube, onde encerrou a carreira em 2022.
Walewska também teve duas passagens pelo Praia Clube, de Uberlândia. A primeira foi entre 2015 e 2018, quando conquistou o título da Superliga Feminina de Vôlei pela segunda vez na carreira (ela já havia sido campeã em 2000 pelo Rexona/Ades).
A última passagem de Walewska pelo Praia Clube começou em 2019 e terminou no ano passado, quando ela anunciou a aposentadoria.
Walewska foi duas vezes campeã da Superliga (1999-2000 e 2017-18). A meio-de-rede ainda levantou as taças da Supercopa (2019, 2020 e 2021), do Troféu Super Vôlei e do Campeonato Mineiro (2019 e 2021).
Super campeã pela Seleção Brasileira
Walewska defendeu a Seleção Brasileira durante boa parte da carreira. A primeira convocação foi em 1999, com Bernardinho. No mesmo ano, ela foi campeã dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá.
O auge da carreira de Walewska foi o título dos Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, na China. Ela também ganhou a medalha de bronze nos jogos de 2000, em Atenas, na Grécia.
Ela também conquistou três vezes o título do Grand Prix de Vôlei: 2004, 2006 e 2008. Na última conquista, foi eleita a melhor bloqueadora do torneio.