Atletas não vacinados serão barrados no Aberto da Austrália de tênis, diz governo
Medida pode afetar Novak Djokovic, atual campeão do torneio e número 1 do ranking da ATP, que se recusou nesta semana a revelar seu status de vacinação contra a Covid-19
O estado australiano de Victoria não fará acordos especiais que permitam a participação de atletas não vacinados contra Covid-19 em grandes eventos, colocando em dúvida a defesa do título de Novak Djokovic no Aberto da Austrália, em fevereiro.
Djokovic, número um do mundo no ranking da Associação de Profissionais de Tênis (ATP), está empatado com Roger Federer e Rafael Nadal com 20 títulos de Grand Slam cada.
Ele se recusou, no entanto, a revelar seu status de vacinação esta semana e disse que não tinha certeza se defenderia seu título no torneio, enquanto as autoridades australianas definem as restrições sobre a Covid-19 para o torneio.
O premiê de Victoria, Daniel Andrews, disse que se opõe a acordos especiais para permitir que atletas não vacinados atuem no estado, que deve sediar o Grand Slam no Parque de Melbourne, em janeiro.
“Sobre a questão da vacinação, não”, disse ele em uma entrevista coletiva nesta terça-feira (19). “(O vírus) não se importa com o seu ranking de tênis, ou quantos Grand Slams você ganhou. É completamente irrelevante. É preciso estar vacinado para se manter seguro e para manter os outros seguros.”
A Tennis Australia, que organiza o Grand Slam, não quis comentar a situação.
Victoria, que deve sair de um lockdown de quase três meses nesta semana, recentemente incluiu atletas profissionais em uma exigência de vacinação obrigatória que afeta milhões de “trabalhadores autorizados”, sem esclarecer se a regra se aplicava a atletas do exterior ou de outros estados australianos.
Andrews sugeriu que a iniciativa abrange também atletas internacionais. “O esporte profissional faz parte desses itens da lista de trabalhadores autorizados e eles precisam ser vacinados com duas doses”, disse.
Andrews disse que a postura de Victoria pode ser um “ponto discutível”, já que o governo federal pode não emitir vistos para atletas não vacinados.
“Não acho que um jogador de tênis não vacinado conseguirá um visto para entrar neste país e, se conseguir, provavelmente ficará em quarentena por algumas semanas”, acrescentou.
“Não creio que a pessoa que vocês indicaram (Djokovic) ou qualquer outro tenista, não vamos tornar algo pessoal, nem um jogador de golfe ou piloto de Fórmula 1, conseguirá um visto para chegar aqui. Se eu estiver errado, tenho certeza que o governo federal irá informá-los.”
O departamento de assuntos internos do governo federal da Austrália não forneceu comentários sobre essa questão.
As fronteiras da Austrália foram fechadas para não residentes durante a pandemia, embora as autoridades tenham emitido vistos para atletas e equipes esportivas para grandes eventos, incluindo o último Aberto da Austrália, em fevereiro.
O primeiro-ministro Scott Morrison disse que o governo relaxará os controles de fronteira para residentes e seus familiares residentes no exterior a partir do próximo mês, mas os turistas internacionais e outras classes de visto terão que esperar mais.
Melbourne, a segunda maior cidade da Austrália, está em lockdown desde agosto quando as autoridades começaram seus esforços para conter um surto da variante Delta, altamente infecciosa.
As restrições para os 5 milhões de habitantes da cidade serão atenuadas a partir de sexta-feira (22), quando se prevê que 70% da população adulta de Victoria estará totalmente vacinada.
Pessoas não vacinadas, no entanto, permanecerão proibidas de participar de eventos esportivos e de frequentar restaurantes, pubs e outras partes da economia.
Andrews disse que a proibição de fãs não vacinados pode se aplicar até ao Grande Prêmio da Austrália de Fórmula 1, em abril de 2022.
“Isso vai ficar aqui por um tempo… Não vamos encorajar as pessoas a não se vacinarem porque elas acham que podem esperar alguns meses ou semanas. Você não pode esperar o coronavírus“, disse ele.