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    São Paulo e Palmeiras se afastam após disputa por jogador e chance de ir à Justiça

    Clubes viveram período de paz, mas transferência de Caio Paulista para Alviverde deu fim ao clima de bons vizinhos

    Brenno Costada Itatiaia

    O relacionamento entre Palmeiras e São Paulo vive situação delicada. Depois da disputa por Caio Paulista no início desta temporada e os recentes conflitos instalados no Choque-Rei do último domingo (3), com possibilidade de parar na Justiça, os clubes se afastaram de maneira abrupta.

    Para entender por que esse novo enredo causa certa estranheza, no entanto, é preciso voltar no tempo, até janeiro do ano passado, quando uma parceria foi declarada, posta em prática com sucesso e depois passou a ser ignorada.

    Um estádio pelo outro

    Em janeiro de 2023, São Paulo e Palmeiras anunciaram acordo para que um time utilizasse o estádio do outro quando as suas casas estivessem ocupadas com shows e eventos.

    O trato entre os presidentes Julio Casares e Leila Pereira tinha a intenção de mostrar que poderia existir paz entre times rivais fora de campo. Na prática, essa ideia se fez presente em três oportunidades.

    1. Palmeiras 3 x 0 Santos, no MorumBis, pela 6ª rodada do Paulistão, em 4/2/2023
    2. São Paulo 0 (5) x 0 (6) Água Santa, no Allianz Parque, pelas quartas de final do Paulistão, em13/3/2023
    3. Palmeiras 2 x 1 Cerro Porteño, no MorumBis, pela segunda fase da Copa Libertadores, em 20/4/2023

    Em nenhuma das partidas, houve relatos de depredação dos estádios. Os gestores chegaram a reconhecer o sucesso da parceria. Mas, na sequência, o São Paulo desistiu de ter o Allianz Parque como alternativa.

    O time tricolor perdeu jogadores por lesões graves — como o zagueiro Ferraresi e o meia Galoppo, com rompimento de ligamentos do joelho — e componentes do clube passaram a criticar a grama sintética do estádio.

    Hoje, até o Palmeiras manda os jogos fora de sua casa, pois espera a conclusão de uma reforma do campo de jogo. Naquela ocasião, o São Paulo escolheu a Vila Belmiro para um jogo com o Red Bull Bragantino, vencido por 1 a 0, pela 33ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.

    Provocações fora de campo

    Ao passo que os clubes ainda conservavam a parceria entre os estádios, uma crescente rivalidade tomou conta das equipes em confrontos históricos. No ano passado, o São Paulo eliminou o Palmeiras nas quartas de final da Copa do Brasil e pavimentou o caminho para a conquista inédita da competição.

    Já na Série A, o Alviverde aplicou uma histórica goleada por 5 a 0 e terminou o Brasileirão com a conquista do bicampeonato brasileiro consecutivo. Nesta temporada, o São Paulo venceu a Supercopa Rei, no Mineirão, em cima do Palmeiras e não poupou o rival ao ironizar o gramado do Allianz Parque.

    Antes do confronto, no entanto, já havia alfinetadas do lado tricolor. O atacante argentino Calleri também alimentou o clima de rivalidade ao declarar que o time de Abel Ferreira “não gostava” de jogar contra a equipe do Morumbi.

    Caio Paulista pulou o muro

    A distância entre os vizinhos começou a ficar maior depois da disputa pelo atacante Caio Paulista. O atleta atuou a temporada de 2023 cedido pelo Fluminense ao São Paulo e se destacou improvisado como lateral-esquerdo.

    No começo deste ano, era certa a permanência de Caio Paulista no Tricolor até que o Palmeiras surgiu no meio do caminho e levou o jogador para a Academia do Futebol, em janeiro.

    O golpe nos bastidores ainda tem consequências no elenco do técnico Thiago Carpini. O comandante tricolor usou o então reserva Welington nos 12 jogos desta temporada.

    Agora, o lateral, com status de titular absoluto, negocia uma renovação de contrato, que vai até o fim deste ano, bastante valorizado. Além disso, o São Paulo também não conseguiu no mercado um substituto para o jogador que pulou o muro.

    A mágoa persiste, inclusive, na torcida tricolor que cantou em coro contra o jogador no clássico do último domingo (3), pelo Campeonato Paulista: “Caio Paulista! Vá se f…! O meu São Paulo não precisa de você”.

    Entrevista cancelada, Abel como alvo e ameaça de ir à Justiça

    Após o empate em 1 a 1, pela 11ª rodada do Campeonato Paulista, a diretoria do São Paulo ficou revoltada com a atuação do árbitro Matheus Delgado Candançan.

    Dirigentes e jogadores foram ao túnel que dá acesso aos vestiários do estádio tricolor e, segundo consta na súmula da partida, proferiram xingamentos contra a equipe que conduziu o Choque-Rei.

    No meio dessa confusão, o diretor de futebol Carlos Belmonte foi flagrado chamando o técnico Abel Ferreira de “português de m…”.

    O ato gerou uma nota oficial do Palmeiras que diz estudar medidas cabíveis nos meios legais para o que classificou como ato “xenófobo”. A relação entre as partes pode parar na Justiça.

    Pouco depois da confusão nos vestiários, o São Paulo decidiu não ceder a sala de entrevistas para o comandante do Palmeiras falar com a imprensa.

    O caso gerou um embate de versões, que também levou as entidades a divulgarem notas oficiais, cada um com sua versão. Atos que em nada lembram a política da boa vizinhança que surgiu no ano passado, quando cada um abriu a porta da sua casa para receber o vizinho.


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