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    Saiba o que são as torres da Olimpíada que se parecem com usina nuclear

    Atrás dos esquiadores que saltam para fora da rampa de 60 metros de altura – a modalidade é salto no esqui estilo livre big air – ficam fornos, chaminés altas e torres de resfriamento no local de uma antiga siderúrgica

    Eileen Gu da equipe China no dia 4 dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 na terça-feira (8)
    Eileen Gu da equipe China no dia 4 dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 na terça-feira (8) Justin Setterfield/Getty Images

    Lianne KolirinNectar GanTom Boothda CNN

    Em Londres e Pequim

    Os atletas olímpicos dos Jogos de Inverno estão acostumados a realizar as suas proezas em cenários enfeitados por montanhas espetaculares cobertas de neve.

    Só que o Big Air Shougang, um dos espaços olímpicos de Pequim, está chamando a atenção não pela natureza, mas pelo seu ambiente urbano muito mais ousado.

    Atrás dos esquiadores que saltam para fora da rampa de 60 metros de altura – a modalidade é salto no esqui estilo livre big air – ficam fornos, chaminés altas e torres de resfriamento no local de uma antiga siderúrgica que durante décadas contribuiu para o céu notoriamente poluído da capital chinesa.

    Fundada em 1919, a fábrica encerrou as operações há mais de 15 anos, como parte dos esforços para limpar o ar na capital antes dos Jogos Olímpicos de Verão de 2008.

    O fechamento deixou vago um imenso terreno no centro da cidade, pronto para reabilitação e regeneração, segundo conta a empresa de engenharia e design ARUP, que transformou o local em um agitado centro de exposições de turismo e arte. Em 2013, o local até abrigou um festival de música eletrônica.

    Os restos enferrujados e envelhecidos da fábrica nunca foram demolidos, nem mesmo para abrigar as provas de salto no esqui nos Jogos Olímpicos de Inverno 2022.

    Em vez disso, a construção desativada foi incorporada no design do Big Air Shougang. Uma das torres de resfriamento tem até o logotipo dos Jogos.

    As provas de salto chamaram a atenção das redes sociais, em parte por causa das montanhas de neve falsa criadas para acolher o evento, mas também devido ao mistério do que são as torres e porque ainda estão de pé em plena competição.

    Vista da rampa para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 no Parque Industrial Shougang / Fred Lee/Getty Images

    Alguns usuários do Twitter questionaram se poderia ser uma central nuclear.

    “O estádio de big air nos Jogos Olímpicos parece ficar ao lado da Usina Nuclear de Springfield”, tuitou o usuário @jlove1982.

    Outro @LindsayMpls, escreveu: “Parece bem distópico ter algum tipo de instalação nuclear como pano de fundo para esse evento de esqui big air”.

    O Shougang Big Air é o primeiro permanente de big air do mundo para utilização a longo prazo (diferentemente das montanhas, que dependem do acúmulo de neve). Ele fica na margem do lago Qunming, no lado oeste das torres de resfriamento e a 88 metros acima do nível do mar, de acordo com a empresa de arquitetura TeamMinus, que projetou a rampa.

    Nicholas Goepper, da equipe dos Estados Unidos, durante a Qualificação Masculina de Esqui Freeski Big Air / David Ramos/Getty Images

    A TeamMinus ressaltou a inspiração por trás do projeto em seu site, citando a influência de apsarás voadoras chinesas, seres celestes que aparecem nas culturas budista e hindu.

    De acordo com a empresa de engenharia ARUP, o governo de Pequim denominou o local de “Área de Demonstração Verde e Ecológica”, um modelo que pode ser ampliado em outras partes do país.

    Embora o projeto de regeneração seja um bom exemplo de como redefinir uma infraestrutura obsoleta, o fechamento da fábrica não foi necessariamente uma decisão “verde”, já que as operações – e as emissões de gases de efeito estufa associadas à siderurgia – foram na verdade transferidas para outra parte do país.

    Katie Summerhayes da Grã-Bretanha competindo na segunda-feira (7) / Antonin Thuillier/Getty Images

    Em 2005, toda a unidade de produção siderúrgica, de propriedade e sob gestão de uma empresa estatal de aço, o Grupo Shougang, mudou-se para Caofeidian, na província vizinha de Hebei, de acordo com a ARUP.

    A decisão de transferir a fábrica fez parte das iniciativas de reestruturação econômica e de controle da poluição do governo de Pequim.

    A China é o maior emissor do mundo de gases de efeito de estufa que alimentam a crise climática, produzindo mais de um quarto das emissões globais anuais.

    O salto no esqui estilo livre big air não é a primeira modalidade dos jogos de Pequim a suscitar questões sobre as credenciais ambientais dos jogos. A neve artificial que está sendo gerada para os Jogos é feita usando grandes quantidades de água e eletricidade.

    Finn Bilous, da Nova Zelândia, compete durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 no Big Air Shougang. / Manan Vatsyayana/Getty Images

    Uma reportagem recente da CNN também mostrou como era o centro de esqui de Yanqing, construído na antiga área central da Reserva Natural Nacional Songshan, um parque fundado em 1985 para proteger densas florestas, prados alpinos e a rica biodiversidade local.

    O Comité Organizador de Pequim não respondeu ao pedido da CNN para comentar se tinha conhecimento de que o centro de esqui fora construído dentro da antiga área central da reserva natural. Mas, em resposta à CNN, o COI disse que o desenvolvimento da zona Yanqing está “transformando a região, um subúrbio rural de Pequim, em um grande destino turístico para as quatro estações, melhorando vidas e impulsionando a economia local”.

    A jornalista Lianne Kolirin fez a reportagem em Londres; Nectar Gan e Tom Booth relataram de Pequim.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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