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    Projeto no TikTok transforma prancha de surfe em conforto para famílias enlutadas

    Dan Fischer, que perdeu seu pai para o câncer, criou o projeto "One Last Wave" ("Uma Última Onda", em tradução livre) para que familiares pudessem homenagear entes queridos que morreram

    Projeto "One Last Wave" consolou famílias em luto após perder pessoas amadas
    Projeto "One Last Wave" consolou famílias em luto após perder pessoas amadas Jennifer Manville Fotografia

    Lydia Armstrongda CNN

    Uma oração ou um obituário é tradicionalmente como homenageamos aqueles que morreram. Mas a maneira como nos lembramos dos entes queridos está mudando, à medida que milhares de famílias se voltam para um projeto usando o TikTok e uma prancha de surfe.

    Desde a morte de seu pai, Tony Mendioroz sonhava em levá-lo ao lugar que ele mais amava – o oceano.

    A vida de Randy Mendioroz girava em torno da água. Ele era um especialista na construção de parques aquáticos, máquinas de ondas e piscinas. A família Mendioroz também frequentava a costa, vivendo a cinco minutos de algumas das melhores praias de San Diego.

    “Meu pai era meu herói”, disse Mendioroz à CNN Sport. “Ele trabalhou duro a vida toda para dar a mim e à minha família uma ótima vida.”

    Randy faleceu de câncer de fígado em 2013. Sentindo-se perdido, Mendioroz começou a procurar maneiras de sentir uma conexão com seu pai novamente. Ele encontrou consolo no mar e no surfe, mas sempre sentiu que era uma experiência que deveria ter compartilhado com seu pai.

    “Fizemos muito juntos, até trabalhei para ele por um tempo – mas nunca experimentamos surfar juntos”, diz Mendioroz.

    Então, quando Mendioroz se deparou com um vídeo de um homem oferecendo a Randy “uma última onda”, ele aproveitou a chance.

    Tony Mendioroz com seu pai, Randy, que compartilhavam o amor pelo oceano de formas diferentes / Tony Mendioroz

    Poder curativo do oceano

    O homem por trás do vídeo era o surfista de Rhode Island, Dan Fischer. Ele também havia perdido seu pai, Karl Fischer, para o câncer e se voltou para o oceano para se sentir mais próximo dele.

    Depois de uma viagem inesquecível nas ondas da costa de Newport, com o nome de seu pai gravado em sua prancha de surfe, Fisher percebeu o potencial poder de cura que essa atividade simples poderia ter ao lidar com a perda.

    “Através do surfe…eu o levei lá porque ele sempre amou o oceano, e ele e eu éramos amigos de aventura”, disse Fischer à CNN Sport.

    “Foi uma espécie de momento profético, eu acho, me senti conectado a ele.”

    “Parceiros de aventura” Dan Fischer e seu pai, Karl / Dan Fischer

    Quando ele voltou para a praia, Fischer postou um vídeo no TikTok, incentivando outras pessoas que lidam com a dor a entrar em contato e ter os nomes de seus entes queridos perdidos escritos em sua prancha de surfe.

    A família Mendioroz foi uma das milhares que entraram em contato, de todo o mundo, provocando o início do “One Last Wave Project” (“Uma Última Onda”, em tradução livre).

    O projeto levou Fischer a documentar cada uma de suas viagens à praia, pois os nomes continuaram a cobrir sua prancha.

    Mendioroz escreveu, sabendo que esta era a chance perfeita de conceder a seu pai algo que ele teria amado e acreditado.

    @paradrenaline Warm hearts but frozen toes today. @onelastwave #freezing #surfing #lovedones #onelastwave #oceanlover ♬ Comfort Chain – Instupendo

    “Ele amava a água, amava o oceano e amava atos altruístas de bondade”, disse ele. “Tendo trabalhado muito com surfistas e piscinas de ondas, acredito que ele acharia o projeto incrível. Ele entraria de cabeça nele.

    “Adoro que o nome dele esteja nessa prancha, e ele possa estar no oceano novamente e sentir isso de certa forma.”

     

    Imagem reconfortante

    Para Louise Bennett, de Rugby, na Inglaterra, o projeto foi uma oportunidade de lembrar de seu filho, Fred, como a criança aventureira e destemida que ele foi.

    “Ele estava sempre pronto, sempre queria fazer coisas que eram perigosas, rápidas demais, altas demais”, disse Bennett à CNN Sport.

    Fred Bennett era uma criança cheia de energia / Louise Bennett

    Fred queria aprender a surfar e planejava ir para uma escola de surfe em North Shields, no nordeste da Inglaterra. “Nós brincamos porque Fred nunca sentiu frio”, disse Bennett. “Ele era provavelmente a única criança que gostaria de fazer escola de surfe no Mar do Norte.”

    Devido à energia de Fred, foi um choque quando Fred foi diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda aos 13 anos de idade. Ele passou por vários tratamentos, mas o câncer de Fred era muito agressivo e ele faleceu logo após seu aniversário de 14 anos.

    Bennett encontrou conforto em imaginá-lo explorando o mundo e a natureza.

    “Acho que sempre me conforto com o fato de que ele está em outro lugar”, disse ela. “O projeto ‘One Last Wave’ é tão bonito porque é uma imagem tão reconfortante. É um movimento para eles e um tipo de aventura.”

    Unidas pela perda

    O projeto tem sido uma força poderosa na criação de uma comunidade global e uma rede de apoio para aqueles que passam por perdas.

    Este foi o caso das mães de Ruby Fuller e Isabel McEgan, do Crystal Palace em Londres e Liverpool, no noroeste da Inglaterra.

    Ambas as meninas perderam a vida para o câncer em 2020. Ruby tinha apenas 18 anos e Isabel morreu sete dias antes de completar 20 anos.

    Ruby Fuller era uma bodyboarder dedicada e sempre quis aprender a surfar, de acordo com sua mãe / Emma Jones

    Embora Ruby e Isabel não se conhecessem na época, suas mães, Emma Jones e Amanda McEgan, encontraram a amizade, unidas pela dolorosa experiência de perder um filho.

    Para surpresa uma da outra, ambas escreveram para o projeto.

    “Nós duas ficamos emocionadas ao saber que as meninas seriam capazes de pegar uma última onda juntas”, disse McEgan. “Sabendo o tipo de garotas que elas eram, parece tão agradável pensar nelas juntas, para sempre, na prancha de Dan.”

    Ruby e Isabel foram aventureiras, nadadoras ávidas e amantes do mar. Sabendo disso, Emma e Amanda tiveram uma sensação de paz ao saber que suas filhas se reuniram com as ondas.

    Isabel McEgan de férias em Cable Bay, em North Wales, um lugar especial para a família McEgan / Amanda McEgan

    “Há algo tão mágico e misterioso sobre o oceano – sentar em uma praia e olhar para o mar pode ser incrivelmente reconfortante para um coração aflito”, disse Jones.

    “Acho que saber que o nome dela [de Ruby] foi escrito à mão em uma prancha de surfe, por alguém que nunca a conheceu, ao lado dos nomes de tantos outros, seria incrivelmente reconfortante para ela.”

    A comunidade global também tem sido uma grande força motriz para ajudar o projeto a crescer. Tendo se identificado profundamente com o projeto, a família Mendioroz se ofereceu para ajudar da maneira que pudesse com serviços de design, fundos e conexão com um artesão de pranchas de surfe para criar projetos futuros.

     

    Nova perspectiva

    O projeto também teve um impacto duradouro em Fischer, permitindo que ele refletisse sobre sua própria jornada de superação da perda.

    “Isso me permitiu perceber novamente que você não está sozinho em sua dor. Você é mais capaz de lidar com isso quando faz isso de maneira conjunta, compartilha sua experiência e é vulnerável”, disse ele.

    “Eu costumava estar sozinho nas ondas tentando me curar e agora olho para os nomes e eles estão espalhados para cima e para baixo na prancha.

    “Não são apenas os nomes, são as pessoas que eu sinto que conheço agora que estão lá comigo.”

    Para a família Mendioroz, a experiência permitiu que eles ajudassem a espalhar a alegria da água assim como Randy fez e os inspirou a incluí-lo em todas as coisas que eles amam daqui para frente.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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