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    Prestar continência no pódio, como Ana Marcela, é comum entre atletas militares

    Alison dos Santos também realizou o gesto nas Olimpíadas 2020; atletas fazem parte de programa de apoio gerido por militares

    Marcelo Tuvuca, colaboração para a CNN

    O ato de prestar continência no pódio de uma competição esportiva é comum entre os atletas brasileiros ligados às Forças Armadas. Nas Olimpíadas de 2020, em Tóquio, a reverência já foi feita por Ana Marcela Cunha, ouro na maratona aquática feminina, Alison dos Santos, que levou o bronze nos 400 m com barreiras, e os boxeadores Abner Teixeira (bronze na categoria até 91 kg) e Hebert Conceição (ouro, até 75 kg).

    O gesto – uma saudação militar a superiores, subordinados e a símbolos como a bandeira e o hino nacional – se tornou comum a partir dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, e foi visto com frequência nas Olimpíadas do Rio-2016 e no Pan de Lima, em 2019. 

    Agora, o assunto ressurge em um momento onde os militares estão, mais do que nunca, associados à política – há presença massiva de membros das Forças Armadas em ministérios e secretarias do governo federal, e o próprio presidente é capitão reformado do Exército. 

    ‘Ato de respeito’

    Os atletas militares, porém, costumam colocar o gesto em um lugar apolítico. O caminho geralmente é citar a importância das Forças Armadas como apoio em suas trajetórias esportivas. A velocista Vitória Rosa, eliminada nas classificatórias dos 200 m rasos no último dia 2, afirmou ao SporTV, logo após a derrota, que só conseguiu permanecer no esporte com apoio da Marinha. “Estou sem patrocinador, com o salário do clube reduzido, e, graças à Marinha, consegui”, disse.

    Outros atletas que prestaram continência no pódio em competições anteriores também costumam dizer que o ato simboliza “respeito”. “Nós prestamos continência ao hino nacional e, no pódio, ficamos em posição de ‘sentido’. Não é uma obrigação. É uma questão de respeito mesmo”, disse, em 2016, a jogadora do vôlei de praia Bárbara Seixas, medalha de prata no Rio de Janeiro. 

    “Em momento nenhum recebemos orientação [para prestar continência]. É a vontade de cada um. É um gesto de respeito”, disse o atirador Felipe Wu à Jovem Pan em 2016, depois de receber a medalha de prata nos Jogos.

    Veja alguns atletas brasileiros que prestaram continência nos pódios das competições:

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     Projeto com as Forças Armadas tem 13 anos

    Os atletas que prestam continência no pódio fazem parte do Programa Atleta de Alto Rendimento (PAAR), criado pelo governo federal em 2008, em uma parceria entre os ministérios da Defesa e do Esporte – hoje ligado à pasta da Cidadania. 

    Eles têm direito a receber todos os benefícios da carreira militar, como soldo, assistência médica e acompanhamento nutricional e de fisioterapeuta, além de utilizar a estrutura esportiva das Forças Armadas. Para isso, precisam se alistar e passar por entrevista e outras avaliações, além de participar eventualmente de treinamentos militares.

    São 92 atletas militares da atual delegação brasileira nos Jogos de Tóquio. Entre eles, estão Ana Marcela, Alison, Beatriz Ferreira (que já garantiu uma medalha no boxe), Darlan Romani (arremesso de peso) e nomes como os ginastas Arthur Zanetti e Arthur Nory. Alguns deles, inclusive, fizeram o gesto no pódio em competições anteriores.

    Há o caso de atletas militares que não prestaram continência no pódio em Tóquio, como Daniel Cargnin, e Fernando Scheffer, da natação – este último foi um dos que fez o gesto no Pan de 2015, quando o debate veio à tona.

     

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