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    Por saúde mental, Simone Biles se retira da final individual geral da ginástica

    Grande estrela da Olimpíada, ginasta anuncia desistência da primeira das finais na sequência dos Jogos, marcada para quinta-feira (29)

    Paulo Junior, colaboração para a CNN

    A equipe de ginástica dos Estados Unidos informou na madrugada desta quarta-feira que Simone Biles não irá competir na final individual geral das Olimpíadas de 2020, marcada para a manhã de quinta-feira (29).

    “Após avaliação médica adicional, Simone Biles se retirou da final individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio para focar em sua saúde mental. Simone seguirá sendo avaliada diariamente para saber se irá participar ou não das finais individuais da próxima semana. De coração, nós apoiamos a decisão de Simone e aplaudimos sua bravura em priorizar seu bem-estar. Sua coragem mostra, de novo, por que ela é um modelo para tanta gente”, diz o comunicado.

    Na manhã desta terça, Biles começou a final por equipes, mas depois de um desempenho abaixo do esperado na prova de salto ela preferiu ir para a reserva, acompanhando o time americano junto da comissão técnica. Os EUA ficaram com a prata, enquanto a equipe russa saiu com o ouro.

    Biles afirmou que apenas não queria continuar. Diante de tamanha pressão, colocada como um dos grandes símbolos dos Jogos e talvez a atleta cuja performance individual é atualmente a mais esperada do evento, ela preferiu se resguardar.

    “Temos que proteger nossas mentes e corpos, não é apenas ir lá [competir] e fazer o que o mundo quer que façamos. Nós não somos apenas atletas, no fim do dia nós somos pessoas, e às vezes temos que dar um passo atrás”, ela afirmou.

    Desde o início, tanto Biles quanto a equipe americana deixaram claro que a sequência na competição seria definida dia após dia. Ela ainda tem as quatro finais por aparelhos marcadas para os próximos dias.

    Brasileira Rebeca Andrade fica com a melhor nota

    Sem a grande estrela da competição, a brasileira Rebeca Andrade chega à final com a melhor nota da disputa individual geral, com 57.399 – Biles fez 57.731 nas eliminatórias. A saída da favorita abre uma vaga para Jade Carey, nona colocada com 56.265, que agora entra como uma das duas americanas mais bem colocadas. A pontuação da classificação não conta para a final.

    Rebeca Andrade participa das finais do individual geral, do salto e do solo. Na trave, é a vez de Flávia Saraiva representar o país. No Rio de Janeiro, em 2016, Biles levou quatro medalhas de ouro e uma medalha de bronze.

    Inteligência emocional

    Na edição desta quarta-feira (28) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes explicou os impactos da pressão em atletas olímpicos.

    Estrela norte-americana da ginástica artística, Simone Biles desistiu de competir na final do individual geral da ginástica, nas Olimpíadas de Tóquio. Após avaliação médica, a atleta de 24 anos decidiu focar na saúde mental.

    Biles já tinha desistido de competir na final por equipes, após um desempenho abaixo do esperado na prova de saltos. A ginasta afirmou que não queria continuar e preferiu se resguardar. 

    O médico comentou a pressão psicológica para a saúde mental dos atletas, que se cobram constantemente por performances excelentes.

    “Um atleta profissional de alta performance precisa sempre trabalhar com dois tipos de inteligências: uma corporal sinestésica, que é a habilidade de conseguir orquestrar movimentos físicos coordenados, e a inteligência emocional”, explicou Gomes.

    Segundo o neurocirurgião, a necessidade de conciliar os preparos do treino e gerenciar desconfortos durante as provas são essenciais para atletas conseguirem lidar com a frustração de resultados abaixo do esperado.

    “A questão de ser difícil ter sempre um excelente desempenho pode provocar alterações na saúde mental e, por isso, muitas vezes acaba sendo difícil [para os profissionais esportivos]”, avaliou.

    “Em algum momento, a pessoa chega a confundir no psicológico o que ela faz com o valor que ela tem para si mesma e para os outros. É como se a autoestima dela dependesse totalmente do bom desempenho — se ela não tem um desempenho, no mínimo, excelente, ela não vale nada”, explicou Fernando Gomes.

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