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    O que você precisa saber sobre os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022

    Evento enfrenta boicotes diplomáticos de países que alegam crimes contra a humanidade; Jogos são organizados priorizando prevenção da Covid-19

    George Ramsayda CNN

    Faltam poucas semanas para o início dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, o segundo a ser realizado em meio à pandemia, depois dos jogos de verão realizados em Tóquio no ano passado.

    Pequim se tornará a primeira cidade a sediar os Jogos de Verão e de Inverno depois de sua estreia olímpica em 2008, e no mês passado os organizadores disseram que os preparativos estão “muito bem encaminhados” para que as Olimpíadas sigam conforme o previsto.

    Mas não tem sido fácil. Tal como nos Jogos Olímpicos de Verão do ano passado, uma série de medidas de prevenção da Covid-19 foram postas em prática antes, e eles serão novamente realizados num sistema de “bolha” à prova do vírus.

    Os Jogos Olímpicos de Inverno começarão com a cerimônia de abertura em 4 de fevereiro e terminarão com a cerimônia de encerramento em 20 de fevereiro, com cerca de 3 mil atletas competindo em 15 disciplinas em 109 provas.

    Em seguida, Pequim também sediará os Jogos Paralímpicos, que serão realizados de 4 a 13 de março.

    Como os Jogos serão organizados em meio à pandemia?

    Os organizadores pretendem realizar os Jogos de Pequim 2022 em um sistema de circuito fechado acessível apenas aos participantes, um plano que permaneceu em vigor em meio à rápida disseminação da variante Ômicron do coronavírus.

    Conforme indicado no manual dos Jogos publicado em dezembro, o sistema de circuito fechado abrangerá as instalações, os hotéis oficiais e o serviço de transporte próprio do evento.

    Os participantes totalmente vacinados poderão entrar no circuito fechado sem passar pela quarentena, enquanto os que não estiverem vacinados terão que ficar em quarentena por 21 dias após a chegada a Pequim.

    Podem ser concedidas isenções médicas, estudadas caso a caso, a quem não estiver vacinado. Alguns países, como Estados Unidos e Canadá, exigem que todos os membros da equipe sejam vacinados.

    Durante os Jogos, os participantes passarão por exames e controles sanitários diários e não terão contato com o público em geral.

    “O circuito é muito seguro. É um lugar que eu diria que é muito difícil comparar com qualquer outro lugar do mundo no momento, porque temos aqui uma população totalmente vacinada, muitas com doses de reforço, que passam por testes diários de PCR e que vive em um circuito fechado”, declarou à imprensa em 12 de janeiro, Pierre Ducrey, diretor de operações dos Jogos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional (COI).

    Ducrey acrescentou: “É chamado de circuito fechado por essa mesma razão. Isso significa que não haverá contato entre as pessoas de fora e de dentro desse ciclo. Ele foi construído para proteger a população interna e também a externa”.

    A confirmação de um resultado positivo significará que os participantes não poderão competir ou continuar participando dos Jogos; os sintomáticos permanecerão em um hospital designado para receber tratamento, enquanto os assintomáticos serão transferidos para uma unidade de isolamento.

    No mês passado, Huang Chun, membro do comitê organizador local, disse que os Jogos poderiam trazer “casos de Covid-19 ou pequenos surtos de infecções” para a China, já que “um grande número de pessoal estrangeiro se reunirá, o que representa um risco muito alto de transmissão”.

    Ao longo da pandemia, o país implementou uma política de Covid zero com testes em larga escala, extensas quarentenas e lockdowns repentinos para erradicar qualquer surto do vírus.

    Os fãs vão participar?

    Os ingressos para os Jogos não serão vendidos ao público em geral em resposta à pandemia, mas serão distribuídos pelas autoridades, anunciou o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 17 de janeiro.

    “Considerando a situação sombria e complexa da prevenção e controle da epidemia [e] para proteger a saúde e a segurança da equipe e dos espectadores olímpicos, decidimos mudar o plano original de emissão de ingressos para o público”, disse o comitê.

    O público ainda terá que “cumprir rigorosamente os requisitos de prevenção e controle da Covid-19 antes, durante e depois de assistir aos Jogos”, continuou o comitê.

    O anúncio ocorre depois que Pequim relatou seu primeiro caso da altamente transmissível variante Ômicron, em 15 de janeiro.

    Onde ficam as instalações?

    Embora a capital chinesa, Pequim, seja a sede oficial dos Jogos, as instalações estão divididas em três zonas: Pequim; Yanqing, um distrito montanhoso a 75 quilômetros a noroeste de Pequim; e Zhangjiakou, um destino de esqui e snowboard a 100 quilômetros de Yanqing.

    Dos 13 locais que sediarão as provas, um deles, o Oval Nacional de Patinação de Velocidade, foi construído recentemente em Pequim, enquanto os locais existentes foram reformados para os Jogos.

    O Estádio Nacional de Pequim, comumente conhecido como Ninho do Pássaro, sediará as cerimônias de abertura e encerramento.

    Cada uma das três zonas tem sua própria Vila Olímpica e todas as três são conectadas por uma ferrovia intermunicipal recém-construída.

    Quem são os mascotes olímpicos e paralímpicos?

    Os mascotes dos Jogos Olímpicos de Inverno são Bing Dwen Dwen, um panda vestido com um “casco” de corpo inteiro feito de gelo, e Shuey Rhon Rhon, para os Jogos Paralímpicos, uma espécie de laterna chinesa em forma de gente.

    Bing Dwen Dwen (Bing significa “gelo” em mandarim, enquanto Dwen Dwen significa “criança”) foi escolhido entre mais de 5.800 propostas de todo o mundo.

    Bing Dwen Dwen, mascote dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 / Divulgação

    O design de “casco” permite que o panda, animal nacional da China, ande de skate, snowboard e esqui.

    De acordo com o site dos Jogos Paralímpicos, Shuey tem a mesma pronúncia do caractere chinês para “neve”, o primeiro Rhon significa “incluir, tolerar” e o segundo Rhon significa “derreter, fundir e aquecer”.

    Qual é a controvérsia política em torno de Pequim 2022?

    Os Estados Unidos, Canadá, Austrália e o Reino Unido estão entre os países que anunciaram um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno.

    Isso significa que atletas desses países ainda poderão competir em Pequim, mas nenhum funcionário do governo comparecerá.

    Em dezembro, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o boicote serviria como uma “mensagem clara” contra o “genocídio e crimes contra a humanidade que a China está cometendo em Xinjiang”.

    De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, acredita-se que até dois milhões de uigures e outras minorias muçulmanas tenham passado por centros de detenção em Xinjiang, que o governo chinês insiste serem “centros de formação profissional” destinados a aliviar a pobreza e combater o extremismo religioso.

    Após o anúncio do boicote diplomático dos EUA, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que os Estados Unidos devem “parar de politizar o esporte e exagerar o chamado ‘boicote diplomático’ para não afetar o diálogo e a cooperação entre a China e os Estados Unidos em áreas importantes.

    Quanto aos atletas, as controvérsias em torno dos Jogos podem representar um dilema moral. No ano passado, a estrela de esqui americana Mikaela Shiffrin, três vezes medalhista olímpica, disse à CNN que “você certamente não quer ser colocado na posição de ter que escolher entre direitos humanos, moralidade e poder fazer seu trabalho”.

    Quem são os atletas a serem observados?

    Shiffrin, que voltou recentemente ao circuito da Copa do Mundo de esqui alpino após contrair Covid-19, será uma dos atletas de destaque em Pequim. Nos últimos Jogos Olímpicos de Inverno realizados em PyeongChang (Coreia do Sul), ela ganhou ouro no slalom gigante e prata no combinado alpino.

    Outros rostos conhecidos da equipe dos EUA incluirão o snowboarder Shaun White, que antecipa que este será sua última Olimpíada, a medalhista de ouro halfpipe de 2018 Chloe Kim, a mulher mais jovem a ganhar o ouro olímpico no snowboard, e o popular patinador artístico Nathan Chen.

    O japonês Yuzuru Hanyu, duas vezes medalhista de ouro na patinação artística, enfrentará Chen em sua tentativa de conquistar a terceira medalha de ouro consecutiva na disputa individual masculina.

    Mikael Kingsbury, o esquiador de estilo livre mais condecorado de todos os tempos, também irá a Pequim para tentar defender seu título de 2018.

    A China, que não é tão dominante nos Jogos Olímpicos de Inverno em comparação com os Jogos de Verão, ganhou nove medalhas em 2018.

    Entre as melhores perspectivas do país anfitrião para ganhar o ouro desta vez está a esquiadora de estilo livre Eileen Gu, de origem americana, que conquistou os títulos de campeã mundial em halfpipe e slopestyle no ano passado.

    De acordo com a empresa de dados esportivos Gracenote, a Noruega, cujos atletas costumam se destacar no esqui cross-country e no biatlo, deve liderar o quadro de medalhas com 45 medalhas, à frente do Comitê Olímpico Russo com 32, da Alemanha com 25 e dos Estados Unidos e Canadá, com 22.

    Por que a Coreia do Norte perderá os Jogos?

    Um dos países que anunciou que não enviará atletas para Pequim é a Coreia do Norte.

    De acordo com a agência de notícias estatal KCNA, uma carta enviada pelo Comitê Olímpico da Coreia do Norte e Ministério da Cultura Física e Esportes ao seu homólogo chinês cita “forças hostis” e a pandemia como razões para sua não participação, e os Estados Unidos e seus aliados são acusados de tentar impedir o sucesso dos Jogos Olímpicos inaugurais.

    Os Estados Unidos e seus aliados estão “cada vez mais conspícuos em seus movimentos contra a China para impedir o início bem-sucedido das Olimpíadas”, disse a carta, que não cita explicitamente o boicote diplomático.

    No ano passado, o COI suspendeu o Comitê Olímpico da Coreia do Norte até o final de 2022 como parte de sua punição por sua “decisão unilateral” de se retirar das Olimpíadas de Tóquio, o que impediu o país de competir formalmente em Pequim.

    O COI disse então que, se algum atleta norte-coreano se qualificar para os Jogos Olímpicos de Inverno através dos processos já estavam em andamento, “tomará uma decisão apropriada no devido tempo para o(s) atleta(s) em questão”.

    Os atletas norte-coreanos competiram nos Jogos de 2018, marchando ao lado dos sul-coreanos sob uma só bandeira na Cerimônia de Abertura. Uma delegação norte-coreana também foi enviada à Coreia do Sul durante os Jogos.

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