Nos pênaltis, Canadá derrota Suécia e conquista ouro inédito no futebol feminino
Após 120 minutos equilibrados, partida termina empatada em 1 a 1; nos penais, canadense Labbe pega duas cobranças e consagra campanha improvável em Tóquio
O Canadá, de maneira heroica, conquistou a medalha de ouro na decisão do futebol feminino nas Olimpíadas de 2020 após vencer, na manhã desta sexta-feira (6), a Suécia, nos pênaltis, após 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação.
Medalha de bronze em 2012 e 2016, a seleção canadense chegou na fase final pouco cotada e superou, na decisão, o time mais consistente do torneio desde a primeira rodada.
A final, inicialmente, estava marcada para as 11h (horário local). No verão japonês, que está bastante quente, seria um martírio jogar 90 minutos – ou 120, como foi o caso – sob essas condições climáticas.
Assim, a pedido das equipes, a organização do torneio mudou o jogo para o período noturno. Como o estádio olímpico estava ocupado neste novo horário por finais do atletismo, a partida foi transferida para Yokohama – onde também será disputada, no sábado (7), a final do futebol masculino.
A mudança de horário foi um acerto ainda mais visível a partir do segundo tempo, e principalmente na prorrogação.
Com a temperatura mais amena, foi possível manter um jogo disputado em melhor nível físico. Mais do que isso, a própria história da partida está ligada a um segundo tempo no qual o Canadá, atrás no placar, pressionou o time sueco se valendo de velocidade e força física. Foi quando começou a ser escrita a página do ouro canadense. Debaixo do sol do meio-dia, talvez não desse pé.
O placar da etapa inicial foi 1 a 0 para a Suécia, gol de Blackstenius, o seu 4.º na competição. Um gol de perna direita que traduziu fielmente a melhor atuação da equipe nórdica nos primeiros 45 minutos. Mas isso mudou na etapa final.
As canadenses, originalmente com uma proposta de jogo conservadora, precisaram se arriscar mais no ataque, e voltaram do intervalo com duas substituições: Grosso e Leon nas vagas de Quinn e Beckie. Aos poucos, ganharam terreno e se aproximaram do gol, que veio de pênalti, aos 24, sofrido por Sinclair e convertido por Fleming.
Sinclair e Fleming, aliás, são duas estrelas que representam uma união de gerações. Sinclair, em sua despedida, tem 38 anos e Fleming, novo destaque da seleção, só 23. Duas craques que unem épocas e trazem a lembrança de que o Canadá está na estrada do futebol feminino há muito tempo esperando por uma noite épica como esta em solo japonês. E Sinclair só tinha esta última chance.
Mesmo sofrendo o pênalti, ela foi o ponto destoante do resto do time canadense, muito brioso e enérgico. A veterana, tal qual no duelo contra o Brasil, não deu conta de acompanhar o ritmo das companheiras. Mesmo assim, o Canadá fez, até o apito final, uma partida equilibrada diante das favoritas.
Prorrogação e muitos pênaltis perdidos
O tempo extra, com muitas substituições que desfiguraram as equipes, teve, em contrapartida, atletas mais descansadas e um ritmo aceitável para a partida, considerando o desgaste e o nervosismo natural do momento.
O Canadá recuou um pouco suas peças no período, e a Suécia se aproximou do gol, que seria da vitória, em pelo menos três boas oportunidades – a melhor delas foi aos 14 do segundo tempo. Um bate-rebate que condenou o jogo à disputa por pênaltis e sacramentou uma leve e infrutífera superioridade sueca nos minutos extras.
Nos penais, era a hora de Labbe, a goleira de três pênaltis defendidos ao longo da campanha, entrar em cena para a consagração final. E foi o que aconteceu.
De 12 cobranças, 7 foram desperdiçadas. Um número altíssimo de cobranças jogadas fora que tornou a disputa ainda mais emocionante. Foram vários chutes malfeitos ou defendidos, sendo o mais dramático deles o quarto tiro sueco, que vencia por 2 a 1 e se aproximaria demais do ouro se convertesse. Mas Labbe defendeu, caindo no canto direito, dando sobrevida ao Canadá.
A Suécia teve, ainda, uma chance de fechar a partida na quinta rodada de penais, após a canadense Leon ter seu quarto pênalti defendido. A capitã Seger só precisava fazer para a Suécia ser campeã, mas chutou para fora. Rose converteu a quinta cobrança do Canadá, empatando o duelo, e, na rodada seguinte, Joanna Anderson parou nas mãos de Labbe. O ouro estava encaminhado.
Coube a Julia Grosso, responsável por aumentar demais o ritmo canadense a partir do segundo tempo, bater o pênalti definitivo.
A Suécia repete o desempenho no Rio de Janeiro em 2016, e fica mais uma vez com a prata. O Canadá desenhou um caminho épico em Tóquio e, após os bronzes em 2012 e 2016, tem agora, com muito suor – e atuando no limite de suas possibilidades –, o sonhado ouro.