“Minha demissão foi injusta”, diz ex-técnico da seleção feminina da Espanha
Campeão do mundo, Jorge Vilda foi demitido pelo presidente interino da federação espanhola nesta terça (5)
O ex-técnico da seleção espanhola de futebol feminino, Jorge Vilda, quebrou o silêncio na noite desta terça-feira (5), chamando sua demissão de “injusta”. Vilda também explicou por que aplaudiu o presidente afastado da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, durante assembleia da entidade.
Em entrevista ao programa de rádio “El Larguero”, Vilda foi questionado sobre como se sentiu após o anúncio de seu desligamento do comando da equipe campeã mundial.
“Fui campeão do mundo há 16 dias, e então tive meu contrato renovado por quatro anos. Acredito que minha demissão foi injusta”, afirmou.
Poucas horas depois de Jorge Vilda ter sido demitido do cargo, a Real Federação Espanhola de Futebol anunciou que ele seria substituído por sua auxiliar, Montse Tomé.
Vilda disse que foi informado de sua demissão pelo presidente interino da federação, Pedro Rocha, que citou como justificativa mudanças estruturais.
“Depois de 17 anos no futebol feminino, depois de tudo o que conquistamos… tenho a consciência tranquila porque tenho dado 100% de esforço todos os dias nesses 17 anos, mas não entendo a decisão e não acho que merecia ser demitido”, reforçou o treinador.
Vilda também afirmou que, embora não esperasse que fosse demitido do cargo, conversou com Montse Tomé, que se tornou a primeira mulher contratada para o cargo na história da seleção espanhola.
“Bem, sim, eu a parabenizei. Acho que ela merece, acho que tem capacidade para fazer muito bem o trabalho”, disse Vilda.
A mudança faz parte de uma grande reformulação no futebol espanhol desde que o presidente da federação de futebol, Luis Rubiales, beijou à força a jogadora Jennifer Hermos. Rubiales pediu desculpas por suas ações e descreveu o beijo como “consensual”, afirmação que Hermoso negou e disse ter sido desrespeitada.
A Fifa impôs a Rubiales uma suspensão de 90 dias e a proibição de que entre em contato com Hermoso, inclusive via intermediários.
Quando questionado por que aplaudiu o discurso de Rubiales sobre o “falso feminismo” durante a Assembleia Geral Extraordinária da federação, em 26 de agosto, Vilda disse que era uma situação complicada, acrescentando que nunca aplaudiria nada que fosse contra o feminismo.
“A primeira coisa que quero deixar claro é que nunca aplaudi ou aplaudirei nada sexista”, respondeu Vilda, acrescentando que achava que Rubiales iria anunciar sua renúncia.
“Quando você está na primeira fila e o presidente te reconhece, torna pública a prorrogação do contrato e elogia o seu trabalho… eu aplaudo isso”, explicou.
“É muito complicado quando cerca de 150 pessoas ao seu lado se levantam e aplaudem, e você sendo o único que se senta e não aplaude, é realmente complicado. Embora mais tarde você fique chocado e reflita, você percebe que isso é algo que não deveria ser aplaudido.”
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Em 2023, tivemos uma campeã inédita. Em sua terceira participação em Copas, a Espanha superou a Inglaterra no Estádio Olímpico de Sydney, em vitória por 1 a 0. • Will Murray/Getty Images
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Os Estados Unidos, liderados por Megan Rapinoe, conquistaram o título em 2019, o quarto do país na história dos Mundiais. As norte-americanas superaram a Holanda na decisão do torneio, disputado na França • Fifa/Divulgação
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Em 2015, a seleção dos Estados Unidos interrompeu 16 anos de jejum e conquistou a taça ao bater o Japão na final, por 5 a 2, no Canadá • US Soccer/Divulgação
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No Mundial de 2011, disputado na Alemanha, o Japão se consagrou campeão ao vencer os Estados Unidos na final, nos pênaltis. É até hoje o único título de uma seleção asiática nas Copas do Mundo, sejam masculinas ou femininas • Fifa/Divulgação
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Em 2007, na China, a seleção alemã conquistou o bicampeonato mundial. Na final, a equipe venceu o Brasil, de Marta, por 2 a 0 • Christof Koepsel/Bongarts/Getty Images
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Na Copa do Mundo de 2003, a Alemanha conquistou o seu primeiro título mundial. A competição, organizada nos Estados Unidos, viu as alemãs vencerem as suecas na decisão • Fifa/Divulgação
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Em 1999, na primeira Copa organizada nos Estados Unidos, as norte-americanas levantaram a taça diante da sua torcida. Na final, bateram a China, nos pênaltis, para conquistar seu segundo título • Fifa/Divulgação
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No segundo Mundial Feminino da história, disputado na Suécia, a Noruega superou a Alemanha na decisão por 2 a 0 para conquistar seu primeiro e único título até hoje • Fifa/Divulgação
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Em 1991, a Fifa organizou a sua primeira Copa do Mundo Feminina da história. Os Estados Unidos ficaram com a taça ao vencer, na final, a seleão norueguesa por 2 a 1. O torneio inaugural foi disputado na China • Fifa/Divulgação
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Jorge Vilda, que disse não ter falado com Rubiales desde a assembleia, condenou posteriormente as ações “inadequadas e inaceitáveis” do presidente durante a final da Copa do Mundo.
O técnico, de 42 anos, disse que não gostou da declaração assinada por mais de 80 pessoas, incluindo membros da seleção vencedora da Copa do Mundo Feminina de 2023, dizendo que “não atenderiam às convocações da seleção nacional enquanto a liderança atual permanecer no cargo”.
“Não sinto que fui citado porque não sou um dirigente. Sou um treinador, então quando você fala sobre liderança, não sinto que estejam se dirigindo a mim. Além disso, nunca foi dito publicamente que pediram minha demissão ou que pediram minha cabeça”, completou.