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    Instrutores de xadrez treinam estrelas promissoras em projetos sociais na África

    Projetos apresentam esporte para jovens de periferia. Desde 2014, continente foi responsável por seis grão-mestres do jogo

    Aisha SalaudeenYvonne Kaserada CNN

    Mais de uma dúzia de crianças se reúnem sob uma tenda em Makoko, a favela flutuante em Lagos, no centro comercial da Nigéria. Entre 8 e 18 anos de idade, elas estão concentradas nos tabuleiros de xadrez diante delas, calculando jogadas que lhes permitirão ganhar o jogo.

    O mestre de xadrez Tunde Onakoya está supervisionando o torneio. A cada semana, ele e o resto da equipe no “Chess in Slums Africa” (Xadrez nas Favelas África, em tradução livre) ensinam crianças em comunidades de baixa renda a jogar xadrez.

    Fundado por Onakoya em 2018, ele diz que a atividade, que é sem fins lucrativos, foca nas crianças de comunidades pobres que têm menos probabilidade de ter acesso à educação. Ele espera que jogar xadrez abra oportunidades para elas além de suas vidas nas favelas.

    As publicações do instrutor de 26 anos de idade sobre as condições de vida e os talentos das crianças muitas vezes viralizam nas redes sociais, ganhando a atenção de doadores, de benfeitores e, recentemente, do governador do estado de Lagos.

    “Percebi que cada vez que compartilhava as histórias de uma de nossas crianças no Facebook ou no Twitter, as pessoas estavam dispostas a doar dinheiro para financiar sua educação”, diz Onakoya. “Então, através desse meio, cerca de 12 crianças receberam bolsas de estudo”.

    O Xadrez nas Favelas África também fez parceria com organizações focadas em tecnologia, como a Venture Garden Foundations, permitindo-lhes garantir ainda mais bolsas de estudo em casa e no exterior para alguns de seus melhores jogadores de xadrez.

    Movimentos de xadrez

    Onakoya e sua equipe não são os únicos que têm feito jogadas de xadrez no continente.

    Existem 46 países na África com fortes comunidades de xadrez, de acordo com a Federação Africana de Xadrez. Desde 2014, o continente produziu seis novos grão-mestres – o maior título possível no jogo – na Argélia, na África do Sul e no Egito.

    Em Uganda, Phiona Mutesi descobriu o dom do xadrez aos 9 anos de idade depois de se inscrever em um clube de xadrez em sua favela de Katwe, em 2005.

    Ela acabou se tornando a campeã nacional de Uganda, representando o país da África Oriental em torneios internacionais. Mutesi, protagonista de um livro de 2012 e um filme da Disney de 2016 chamado “Rainha de Katwe”, disse à CNN em uma entrevista de 2012 que “o xadrez lhe deu esperança”.

    Crianças jogam xadrez em comunidade de Lagos, na Nigéria, por meio de projeto social / Reprodução/CNN

    Esse espírito de esperança é o que o treinador de xadrez James Kangaru quer inspirar nas comunidades e escolas do Quênia.

    Kangaru, 28 anos, começou a jogar xadrez no ensino médio e se tornou treinador depois da universidade. Em 2015, ele fundou um programa comunitário chamado Epitome School of Chess para ensinar crianças pequenas a jogar xadrez.

    “Comecei meus programas em Ruai, uma periferia de Nairóbi e também em Mavoko. Quando esses dois programas começaram, era tudo sobre ter um novo esporte para as crianças… Eu acreditava que um jogo de tabuleiro funcionaria melhor para eles”, diz Kangaru.

    Uma de suas melhores alunas, a duas vezes campeã nacional Joy Njeri, 12 anos, diz que viajar para torneios lhe deu mais exposição. “É divertido visitar novos lugares”, diz ela, porque “você pode conhecer muitas pessoas incríveis e aprender com elas enquanto ensinam melhores jogadas e mostram mais sobre xadrez”.

    Em 2018, Kangaru foi reconhecido como um dos melhores treinadores de xadrez pela Federação Internacional de Xadrez, o órgão dirigente global do jogo – tornando-se o mais jovem instrutor FIDE da África, diz ele, que é um dos melhores níveis de treinamento reconhecido pela federação mundial.

    Kangaru diz que países como a China, os Estados Unidos e a Índia estão causando impacto através do jogo ao produzir campeões mundiais. Ensinar o jogo ao maior número possível de crianças é “a mesma coisa que estou tentando fazer com minha própria capacidade aqui”.

    Com instrutores como Kangaru e Onakoya, o jogo de xadrez continua a crescer em todo o continente, oferecendo oportunidades para as crianças ao longo do caminho.

    “Meu maior desejo para o projeto Xadrez nas Favelas é criar um futuro onde as crianças de comunidades empobrecidas não sejam apenas definidas por sua comunidade”, diz Onakoya, acrescentando que seu objetivo é “ajudá-las a descobrir seu potencial mais verdadeiro”.

    *Esta matéria foi traduzida. Leia a original, em inglês

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