Entenda por que seis países já estão classificados para a Copa de 2030
Fifa anunciou sedes do Mundial em três continentes; anfitriões já têm vaga garantida sem passar pelas Eliminatórias
Argentina, Uruguai e Paraguai serão sedes de apenas um jogo cada na Copa do Mundo de 2030, em modelo inédito anunciado pela Fifa nesta quarta-feira (4), mas terão vaga direta no Mundial, sem precisar portanto participar das Eliminatórias.
A informação foi confirmada pelo presidente da Associação Paraguaia de Futebol, Robert Harrison, na entrevista coletiva da qual participou ao lado de Alejandro Dominguez, chefe da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), e de cartolas da Argentina e do Uruguai.
A Itatiaia apurou que o assunto foi pauta na reunião por videoconferência realizada nesta quarta, que aprovou o modelo com os três primeiros jogos da Copa na América do Sul, como uma espécie de homenagem pelos 100 anos do torneio, realizado pela primeira vez no Uruguai.
O restante será disputado na Espanha, em Portugal e no Marrocos.
Os membros do Conselho da Fifa aprovaram que os seis anfitriões tenham vaga garantida na Copa sem precisar do qualificatório, portanto serão 42 vagas em disputa a partir de 2027.
Na América do Sul pode haver inclusive mudança de formato das Eliminatórias. Atualmente, as dez seleções se enfrentam em 18 rodadas, turno e returno, para definir os seis classificados diretos e a vaga na repescagem mundial, para o sétimo.
Mas com apenas sete concorrentes para 2030, a tendência é que haja mudança de formato na luta por três vagas e meia.
Por que a Fifa criou esse modelo de organização?
A direção da Conmebol costurou esse acordo diretamente com o presidente da Uefa (União Europeia de Futebol), Aleksander Ceferin, após não conseguir o apoio da Ásia, que seria fundamental na votação do Conselho da entidade, em 2034, para que sua candidatura quádrupla (Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile) vencesse a concorrência de Portugal/Espanha/Marrocos.
Há mais de um mês que essa negociação ocorre. Dominguez ligou diretamente a Ceferin quando soube que provavelmente perderia o Mundial, sugerindo a ideia de que alguns jogos pudessem ser realizados na América do Sul, como parte da comemoração do centenário da competição, que teve sua primeira edição no Uruguai, em 2030.
Ceferin, que é esloveno, conversou com os representantes das candidaturas de Espanha e Portugal, e com o presidente da CAF (Confederação Africana de Futebol), o sul-africano Patrice Motsepe, que não se opuseram. A Federação Marroquina, que tem boa relação com a CBF, também deu o ok.
Conmebol, Uefa e CAF levaram a ideia ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, que colocou em pauta em reunião do Conselho da entidade, feito por videoconferência nesta quarta-feira (4). E foi aprovada.
Por questões burocráticas, a Fifa não pode anunciar isso como oficial, apesar de ter confirmado as informações em nota, já que é o Congresso da entidade que decide, em votação dos 211 filiados, as sedes de Copa do Mundo. Isso será feito no ano que vem.
A ideia da Conmebol era ter jogos também no Chile, que fazia parte da candidatura quádrupla da América do Sul, junto com Argentina, Uruguai e Paraguai, mas o entendimento foi de que três jogos, em três países, bastariam.
O Chile deve ser, no futuro, recompensado como sede de algum torneio de base da Fifa ou da Conmebol.
O Paraguai se manteve incluído no projeto porque a Conmebol quer construir um estádio na capital Assunção, para 45 mil pessoas, mas que pode ser ampliado a 60 mil para o jogo da Copa. A procura por investimento para a obra está ligada diretamente à inclusão da arena no Mundial.
O jogo no Uruguai será no estádio Centenário, em Montevidéu, palco da final da Copa do Mundo de 1930, e na Argentina será em Buenos Aires, no Monumental de Nuñez, campo do River Plate.