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    O que significa gesto de norte-americana no pódio e por que o COI investiga

    A atleta Raven Saunders levantou os braços e cruzou as mãos em um X enquanto posava para as fotos com os demais vencedores

    Ben Morse, CNN

    A arremessadora de peso norte-americana Raven Saunders explicou o que significava o gesto feito após sua medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

    A atleta de 25 anos levantou os braços e cruzou as mãos em um X enquanto posava para as fotos com os demais vencedores. À NBC, ela disse que representava “o cruzamento de onde todas as pessoas oprimidas se encontram”.

    Saunders – negra, atleta LGBTQ – conquistou sua primeira medalha olímpica no sábado (28), terminando com uma distância de 19,79 metros. Gong Lijiao, da China, ganhou o ouro e Valerie Adams, da Nova Zelândia, o bronze.

    Após ganhar sua medalha, ela diz que quer ser um modelo para outras pessoas como ela. “Para mim, apenas ser quem sempre ambicionei ser, ser capaz de ser eu e não me desculpar por isso [e] mostrar à geração mais jovem que não importa o que eles digam, não importa em quantas caixas eles tentem colocar você, você pode ser você”, disse ela à imprensa.

    “As pessoas me dizem para não fazer tatuagens e piercings, mas agora olhe para mim, estou estourando”.

    O Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que está analisando o gesto que Saunders fez no pódio, uma potencial violação das regras que proíbem protestos em pódios de medalhas.

    “Estamos em contato com o Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos e com o Atletismo Mundial”, disse o porta-voz do COI, Mark Adams, nesta segunda-feira (2). “Não quero dizer quais seriam os próximos passos até que entendamos completamente o que está acontecendo. Não queremos antecipar nada”.

    “Procuramos respeitar a opinião de todos os atletas; demos a eles mais oportunidades de se expressarem. Liberdade de expressão em coletivas de imprensa, redes sociais, zona mista. Criamos possibilidades antes que o esporte comece a fazer protestos.

    “Mas uma coisa que observamos é que fizemos uma pesquisa com 3.500 atletas [e] todos aqueles que responderam queriam proteger o campo de jogo. Seria bom se todos pudessem respeitar as opiniões dos atletas”.

    Em resposta a um tweet sobre seu gesto, Saunders tuitou: “Deixe-os tentar levar esta medalha. Estou correndo pela fronteira, embora não saiba nadar”.

    ‘Continue lutando, continue insistindo, continue encontrando valor em si mesmo’

    Com sua máscara chamativa e comemoração após ganhar sua medalha – ela rebolou e depois seguiu com outra dança para as câmeras – Saunders é um dos maiores personagens dos Jogos de Tóquio.

    No entanto, ela já enfrentou uma dura batalha pessoal.

    Entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio, Saunders enfrentou desafios pessoais difíceis, sofrendo de depressão e pensamentos suicidas. Ela conversou com a CNN no início deste ano sobre uma época em que “tudo transbordou” e como ela encontrou apoio por meio de terapia, meditação e contato com amigos próximos.

    Agora, ela quer encorajar outras pessoas que estão lutando por sua saúde mental a obter o apoio que precisam.

    “Minha mensagem é para continuar lutando, insistindo, encontrando valor em si mesmo, em tudo que você faz”, disse ela após ganhar a medalha de prata.

    “Significa muito ser capaz de sair com uma medalha de prata, porque eu represento tantas pessoas. Sei que há tantas pessoas que me admiram, tantas pessoas que me enviaram mensagens, tantas pessoas que têm orado por mim”.

    “Estou feliz por trazer isso de volta para eles, não apenas para mim”.

    Saúde mental

    O tema da saúde mental dos atletas tem sido um tópico de grande discussão durante os Jogos de Tóquio, depois que a ginasta norte-americana Simone Biles se retirou de várias competições devido à sua saúde mental.

    O apelido de Saunders – ‘Hulk’ em homenagem ao super-herói da Marvel – surgiu devido às semelhanças entre sua jornada de saúde mental e a jornada do grande super-herói verde.

    “Quando eu inicialmente me tornei o Hulk, não sabia como diferenciar o Hulk da Raven. Era meio difícil lutar entre os dois, mas conforme a vida avançava, fui forçada a lidar com algumas coisas e aprender como compartimentar, para controlar e usar o Hulk da maneira certa”.

    “Eu o guardo para competições para que Raven possa se divertir, chegar às pessoas, procurar terapia, fazer ioga, meditar – todas essas coisas para criar uma mente forte. Sem uma mente forte, você não pode ter um corpo forte”.

    George Ramsay contribuiu para esta reportagem.

    Texto traduzido, leia o original em inglês.

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