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    Máfia das Apostas: como autoridades detectaram manipulação de jogos

    Denúncias e inteligência artificial foram aliadas nas investigações

    Fachada da sede do Ministério Público de Goiás
    Fachada da sede do Ministério Público de Goiás Agência Brasil

    da Itatiaia

    O esquema de manipulação de jogos no futebol brasileiro, por meio de apostas esportivas, veio à tona nos últimos meses com o avanço da Operação Penalidade Máxima, investigada pelo Ministério Público de Goiás.

    Durante um evento realizado na última quarta-feira (17), na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), em São Paulo, algumas das autoridades envolvidas detalharam como se deu o início de todo o processo. Procurador-Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacente contou que os eventos criminosos foram descobertos através de uma denúncia inicial vinda do presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar.

    A partir daí, membros do STJD entraram em contato com o Dr. Fernando Cesconeto, promotor do MP-GO, para ter acesso às provas e contribuir com as investigações. Segundo Ronaldo, o trabalho de “integração” realizado entre as autoridades facilitou com que a operação fosse para frente.”Tudo se inicia com a Operação Penalidade Máxima I, graças a denúncia do presidente do Vila Nova, que vai ao Ministério Público de Goiás e, com o poder de polícia, consegue investigar, quebrar sigilo bancário e telefônico. A partir daí, eu entro em contato com o Dr. Fernando e converso com ele, falei que tive conhecimento através da imprensa, e fizemos um trabalho de integração. Isso foi o toque de caixa para que a gente pudesse, na Justiça Desportiva, conseguir as denúncias e suspensões preventivas”, disse o procurador.

    “O MP encaminhou todas as provas, além da denúncia. Tudo isso foi levado ao juiz de crimes organizados, que me autorizou a entrar no processo e obter todas essas provas. O Ministério encaminha tudo ao STJD e, a partir disso, nós conseguimos fazer as denúncias com base em provas”, detalhou.

    Já Fábio Moraes, Diretor Executivo de Atletas e Competições da FPF, revelou que a entidade contou até mesmo com a ajuda de uma inteligência artificial para encontrar os casos de manipulação. Além disso, o profissional afirmou que o melhor meio para prevenir esta situação é através da educação, desde as categorias de base. “Todo tipo de denúncia ou ameaça é analisado pelo Comitê de Integridade e pelo Ministério Público. Para além disso, temos uma parceria com uma empresa internacional que faz a análise, através de inteligência artificial, de possíveis apostas ‘estranhas’. E então vão se levantando bandeiras. A FPF também contém uma parceria com um membro de integridade do esporte internacional. Ou seja, a gente consegue aprender com o que está tendo de novo no mundo do esporte para que consigamos aplicar aqui no Brasil”, explicou Fábio.

    “Agora, não adianta a gente pensar que um atleta de 28, 29 ou 30 anos está cometendo algum tipo de delito se a gente não trabalhar com a educação. Cada vez mais precisamos nos importar com atletas que estão lá embaixo, com as famílias dos garotos que estão começando a carreira, com todos os funcionários dos clubes. Com a conscientização a longo prazo, sabendo da relevância de ser uma pessoa íntegra e ética, estaremos formando uma comunidade do esporte. O principal ponto é focar na educação desde as categorias de base”, concluiu.

    A Operação Penalidade Máxima, comandada pelo Ministério Público de Goiás, é o novo marco no combate ao esquema de manipulação de apostas no futebol brasileiro. Segundo investigações, estima-se que, pelo menos, 13 partidas sofreram adulterações, sendo oito do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, uma da Série B de 2022 e quatro de Campeonatos Estaduais realizados em 2023: Goiano, o Gaúcho, Mato-Grossense e o Paulista.

    Até o momento, nove apostadores e 15 jogadores já foram denunciados pela Justiça de Goiás, entre eles o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos. No entanto, mais de 40 atletas são citados nas investigações. Quatro deles preferiram entrar em acordo e admitiram a culpa, tornando-se testemunhas do caso. Já alguns foram afastados pelos seus respectivos clubes, enquanto outros, como Nino Paraíba, que estava no América, tiveram seus contratos rescindidos.

    Este conteúdo foi criado originalmente em Itatiaia.

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