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    Heroína da Espanha na Copa diz sentir raiva por beijo de Rubiales ofuscar o título mundial

    Olga Carmona, autora do gol do título contra a Inglaterra, concedeu entrevista a um programa de TV espanhol

    Homero De La FuenteGeorge Ramsayda CNN

    Olga Carmona, a estrela do futebol espanhol que marcou o gol do título da Espanha na Copa do Mundo Feminina, disse que ficou “zangada” com o fato de o beijo forçado de Luis Rubiales em Jennifer Hermoso ter ofuscado a vitória histórica da equipe.

    Após semanas de críticas ferozes, Rubiales renunciou ao cargo de presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) no domingo (10), dizendo que “não contribuirá com nada de positivo [para a RFEF ou o futebol espanhol]” se permanecer no cargo.

    Falando ao talk show espanhol El Hormiguero nesta segunda-feira (11), Carmona disse que estava “muito irritada” com o fato de Rubiales ter beijado Hermoso em “um dia que não era apropriado”.

    O dirigente de 46 anos já se desculpou e descreveu o beijo como “consentido”, embora Hermoso negue a afirmação, dizendo que não consentiu e não foi respeitada.

    “É obviamente triste que tenhamos alcançado algo histórico, algo que realmente exige muito trabalho para ser alcançado e que foi ofuscado por causa do que todos sabemos que aconteceu”, disse Carmona.

    “Sim, isso me deixa com raiva e espero que a partir de agora falem sobre sermos campeãs mundiais.”

    Quando questionada se havia falado com Hermoso, Carmona confirmou que não.

    “Temos uma relação próxima, mas entendo o que ela está passando, por isso não falei com ela”, acrescentou a estrela do Real Madrid. “Eu entendo que é uma situação difícil. Ninguém gosta de receber atenção por algo assim.”

    Carmona foi uma das mais de 80 jogadoras espanholas a assinar uma carta de apoio a Hermoso, que dizia que as atletas não voltariam à seleção “se os atuais dirigentes continuassem” nos seus cargos.

    A lateral-esquerda disse que ainda estava indecisa se retornaria agora que Rubiales renunciou e o técnico Jorge Vilda foi demitido — sendo substituído por Montse Tomé, a primeira mulher a ocupar o cargo — como parte da mudança no futebol espanhol.

    “Bem, houve mais do que a demissão de Rubiales, também houve outras mudanças, temos uma nova treinadora”, disse Carmona. “Em primeiro lugar, temos que esperar a lista de convocados e ver se estou nela ou não e ver o que acontece a partir daí. A renúncia de Rubiales ainda é muito recente, só aconteceu ontem (domingo) à noite, e por isso temos que discutir em grupo e ver o que acontece”.

    A seleção feminina espanhola tem um confronto marcado contra a Suécia no dia 22 de setembro, pela Liga Feminina das Nações. Questionado pela CNN na segunda-feira se a federação estava em contato com as jogadoras e se elas haviam confirmado que iriam jogar, um porta-voz disse: “Nosso departamento de futebol feminino está trabalhando nisso há dias. As conversas continuam.”

    Na segunda-feira, a Uefa, entidade que rege o futebol europeu, divulgou um comunicado reconhecendo a renúncia de Rubiales. Agradeceu também ao dirigente pelos seus muitos anos de serviço ao futebol europeu.

    O comunicado da Uefa foi divulgado horas depois de o órgão ter recebido um grupo de mulheres, incluindo Alexia Putellas, duas vezes vencedora da Bola de Ouro, numa conferência destinada a criar “uma voz institucional, mas independente, de experiência e conhecimento” sobre assuntos que incluem o bem-estar dos jogadores.

    Luis Rubiales ainda pode enfrentar acusações por suas ações na final da Copa do Mundo Feminina e, na segunda-feira, o Tribunal Nacional da Espanha admitiu a denúncia feita contra ele por promotores espanhóis por “crimes de agressão sexual e coerção”.

    A admissão da queixa do promotor — parte do processo legal espanhol — permite que o tribunal comece a reunir provas, o que, segundo o órgão, envolve a solicitação de vídeos do incidente aos meios de comunicação espanhóis.

    (Patrick Sung, Pau Mosquera e Laura Pérez Maestro, da CNN, contribuíram com a reportagem)

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