Presidente da FIFA chama a morte de trabalhadores migrantes de “tragédia”
Em entrevista coletiva em Doha, Gianni também aproveitou oportunidade para elogiar o torneio disputado no Oriente Médio
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse a repórteres que “cada pessoa que morre é uma pessoa a mais” quando questionado sobre a morte de trabalhadores migrantes.
Infantino, chefe do órgão mundial do futebol, falava a repórteres em entrevista coletiva em Doha, no Catar, na sexta-feira (16), quando foi solicitado a esclarecer quantos trabalhadores perderam a vida para fazer a Copa do Mundo acontecer.
“Acho que cada pessoa que morre é uma pessoa a mais. É uma tragédia. É uma tragédia para a família, é uma tragédia para todos os envolvidos”, disse Infantino. “Quando falamos de números, sempre temos que ser muito precisos para não criar impressões de algo que na verdade é outra coisa.”
Em 2021, o The Guardian relatou que 6.500 trabalhadores migrantes do sul da Ásia morreram no Catar desde que o país foi escolhido como sede da Copa do Mundo, em 2010, a maioria dos quais envolvidos em trabalhos perigosos e de baixa remuneração, muitas vezes realizados em calor extremo.
O relatório não conectou todas as 6.500 mortes com projetos de infraestrutura da Copa do Mundo, e não foi verificado de forma independente pela CNN.
No entanto, no ano passado, o chefe da Copa do Mundo, Hassan Al-Thawadi, contestou esse número e disse a Becky Anderson, da CNN, que o número do The Guardian era uma “manchete sensacionalista” enganosa e que o relatório carecia de contexto.
A questão ganhou força após uma entrevista que Al-Thawadi deu durante o torneio.
Um porta-voz do Comitê Supremo de Entrega e Legado (SC) do Catar confirmou à CNN na semana passada que houveram três mortes relacionadas ao trabalho durante a construção dos estádios da Copa do Mundo e 37 mortes não relacionadas ao trabalho.
“Para mim, e para nós [Fifa], toda perda de vida é uma tragédia e o que pudermos fazer para mudar a legislação para proteger a saúde dos trabalhadores, para proteger a situação dos trabalhadores, nós fizemos e deu certo, aconteceu”, acrescentou Infantino.
“Tudo o que ainda podemos fazer para o futuro, estamos fazendo. Vamos continuar a trabalhar nisso.”
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“Queremos trazer essa experiência para o futuro e ter certeza de que podemos ajudar, podemos aproveitar a Copa do Mundo e os holofotes que estão na Copa do Mundo e no futebol em geral, para tornar a vida das pessoas e de suas famílias um pouco melhor.”, acrescentou.
‘Melhor Copa do Mundo de todos os tempos’
Faltando apenas dois dias para a final da Copa do Mundo, Infantino elogiou os voluntários e organizadores pela “melhor Copa do Mundo de todos os tempos”, e parabenizou as equipes por produzirem um espetáculo tão emocionante em campo.
A coletiva de imprensa contrastou fortemente com os comentários de abertura de Infantino no início do torneio, onde surpreendeu o mundo com um discurso de uma hora contra jornalistas e críticos ocidentais da Copa do Mundo.
Na sexta-feira, porém, o presidente parecia bem mais relaxado e tendia a evitar falar muito sobre temas polêmicos. Em vez disso, ele procurou falar sobre os aspectos positivos de um país do Oriente Médio sediar a Copa do Mundo pela primeira vez.
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“Vou esperar até o final da final para julgar esta Copa do Mundo”, acrescentou. “Mas acho que já agora o legado transformador desta Copa é que muitas pessoas de todo o mundo vieram ao Catar e descobriram um mundo árabe que não conheciam ou que só conheciam pelo que lhes foi retratado.
“Ao mesmo tempo, cataris, sauditas e emirados também receberam muitos torcedores de todo o mundo.
“O principal legado é que os que vieram e os que estiveram aqui para recebê-los descobriram, de fato, que o que se fala, o que se pensa ou o que se acredita, não é verdade.
“Vocês podem passar um tempo juntos e apenas aproveitar, se divertir e se conhecerem melhor.”