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    Pelé impulsionou futebol nos EUA com passagem pelo New York Cosmos

    Rei do futebol foi jogar pelo time norte-americano depois de ter anunciado sua aposentadoria, em 1974

    Reuters

    Apesar de todo sucesso nos campos de futebol, poucas manchetes produzidas por Pelé tiveram tanto impacto quanto o anúncio que ele fez em 1975, quando desistiu da aposentadoria para assinar contrato com um clube pouco conhecido dos Estados Unidos, o New York Cosmos.

    O futebol nos Estados Unidos ainda era amplamente desconhecido, com a então recém-nascida liga semiprofissional ainda povoada por times estranhos formados por zeladores latino-americanos, estudantes universitários e europeus trabalhadores do setor de construção civil.

    A chegada de Pelé a Nova York mudou isso, trazendo torcedores, visibilidade e glamour por um período efêmero em que o “soccer” –e não a versão norte-americana do futebol– se tornou a atração mais badalada da cidade.

    “Pelé elevou o futebol a níveis nunca antes alcançados na América e somente Pelé, com seu status, talento incomparável e carisma amado, poderia ter cumprido tal missão”, disse o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter. “Os Estados Unidos são profundamente gratos.”

    Pelé chegou ao Santos em 1956 e passou toda a carreira lá até se aposentar em 1974. Mas, com problemas financeiros à vista, a ideia de receber um alto salário por um retorno ao esporte foi muito atraente.

    O flerte, que começou em 1971, ficou sério em 1975, mas Pelé hesitou, com medo de que seus compatriotas o considerassem um mercenário.

    Ele acabou sendo convencido a assinar um acordo multimilionário em junho de 1975, auxiliado pelo então secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, que escreveu uma carta ao governo brasileiro enfatizando a importância de sua presença para as relações bilaterais.

    A mudança foi um sucesso instantâneo, com centenas de jornalistas e fotógrafos literalmente brigando para ver Pelé em sua cerimônia de apresentação no famoso 21 Club, em Manhattan.

    Adaptação

    Demorou um pouco para o jogador de 35 anos se adaptar, mas quando o fez, o Cosmos era uma força a ser reconhecida.

    A equipe chegou aos playoffs da liga em 1976 e depois ganhou o campeonato no ano seguinte, com Pelé chegando à seleção do campeonato em ambos os anos.

    Sua chegada viu as multidões aumentarem e os anunciantes apostarem no clube. Os proprietários, da Warner Communications, assistiram com alegria quando fãs famosos como Robert Redford, Mick Jagger e Andy Warhol começaram a acompanhar o Cosmos, às vezes no estádio e muitas vezes no Studio 54, a boate onde as pessoas chiques de Nova York se reuniam.

    O sucesso de Pelé levou o Cosmos a contratar outros grandes nomes, incluindo o italiano Giorgio Chinaglia, o capitão da Alemanha Ocidental Frank Beckenbauer e o também brasileiro Carlos Alberto, capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970.

    Outros clubes também foram obrigados a investir para acompanhar. Grandes nomes de todos os tempos, como George Best, Johan Cruyff, Gordon Banks, Bobby Moore e Gerd Muller estiveram entre aqueles que passaram pela liga onde o dinheiro parecia não ser problema.

    No entanto, depois que Pelé se aposentou em 1977, o interesse começou a diminuir. A liga se expandiu muito rapidamente, pagou salários que não podia sustentar e as multidões e patrocínios caíram. A última temporada completa foi em 1984.

    Pelé nunca se arrependeu de sua mudança, no entanto. Quando os Estados Unidos foram escolhidos para sediar o que acabou sendo uma Copa do Mundo de enorme sucesso em 1994, ele sentiu que tinha cumprido sua missão, disse.

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