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    ‘Não se troca dinheiro por vidas’, diz professora sobre jogos do Paulistão no RJ

    Volta Redonda, onde Palmeiras joga nesta quarta-feira, tem 91% de ocupação de UTIs

    Estádio Raulino de Oliveira (Cidadania), em Volta Redonda, no Rio de Janeiro
    Estádio Raulino de Oliveira (Cidadania), em Volta Redonda, no Rio de Janeiro Foto: Ernesto Carriço/Enquadrar/Estadão Conteúdo (23.mar.2021)

    Thayana Araújo e Stéfano Salles, da CNN no Rio de Janeiro

    O segundo jogo do Campeonato Paulista no Rio de Janeiro acontece nesta quarta-feira (24), com Palmeiras e São Bento, que se enfrentam às 20h, no Estádio da Cidadania, em Volta Redonda.

    A prefeitura da cidade do Sul Fluminense autorizou a realização desta partida e a da véspera, na qual o Corinthians venceu o Mirassol por 1 a 0, em troca de dez leitos de terapia intensiva. A decisão provocou críticas de diversos especialistas no combate à pandemia de Covid-19. Neste momento, jogos de futebol estão proibidos no estado de São Paulo. 

    O último dado da Secretaria de Estado de Saúde mostra que, no dia da vitória do Corinthians em terras fluminenses, 528 pessoas aguardavam pela liberação de um leito de terapia intensiva, na central de regulação que atende aos 92 municípios do estado. É a maior fila de espera desde o início da pandemia. 

    Neste momento, o estado tem 16 municípios com 100% de lotação de leitos de UTI para Covid-19. E, pela primeira vez desde o início da pandemia, um deles ultrapassa o limite. Rio das Ostras, na Região dos Lagos, apresenta 109%, de acordo com o Painel Coronavírus Covid-19, do governo do estado. 

    Professora da Faculdade de Medicina da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Lígia Bahia entende que jogos de futebol não deveriam ser realizados no estado, e que aceitar a realização das partidas do Campeonato Paulista é um equívoco. 

    “É um enorme erro, que será cobrado em vidas humanas que poderiam ser poupadas. Uma estratégia incorreta, não se troca dinheiro por vidas”, afirma. 

    A pesquisadora entende que a decisão ocorre em meio a um momento de colapso em toda a rede de saúde fluminense. Volta Redonda apresenta taxa de ocupação de 91% em leitos de CTI. 

    “Estamos em colapso desde a semana passada. A fila para CTI, combinada com a alta taxa de transmissão do vírus e pacientes que permanecem internados por um período prolongado com Covid-19 significa colapso. Fila para CTI é um paradoxo, significa adiar a entrada em unidades de cuidados intensivos de pacientes em risco de morte. Em tese, não deveria existir fila”, conclui. 

    Na terça-feira, a Prefeitura de Volta Redonda e a Federação Paulista de Futebol (FPF) confirmaram o acordo. Ao analista da CNN Leandro Resende, o prefeito Antônio Neto (MDB) afirmou que não foi uma negociação, que cobrou apenas as despesas do equipamento esportivo, que é municipal, mas que “a Federação Paulista sabe do que passa todos os municípios do país, e nós somos muito gratos por isso”.

    O Estádio da Cidadania abriga uma policlínica municipal, onde faz cerca de 600 atendimentos ambulatoriais por dia.