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    Gignac, francês que ama o México, é o destaque da abertura do futebol masculino

    Atacante é ídolo do Tigres, joga no México desde 2015 e promete não comemorar caso faça um gol pela França nesta quinta-feira

    Atacante Gignac, da França, em lance de amistoso contra a Coreia do Sul, na preparação para os Jogos Olímpicos de 2020
    Atacante Gignac, da França, em lance de amistoso contra a Coreia do Sul, na preparação para os Jogos Olímpicos de 2020 Foto: Ahn Young-joon/AP

    Leandro Iamin, colaboração para a CNN

    França e México se enfrentam às 5h (de Brasília) desta quinta-feira (22), em Tóquio, pelo Grupo A do torneio masculino de futebol dos Jogos Olímpicos, e dividem afeto por um personagem em comum: André-Pierre Gignac, atacante de 35 anos, corpulento e temperamental que entra em campo com Les Bleus, mas é o atleta francês mais identificado com o México que o futebol já conheceu.

    Gignac atua desde 2015 no Tigres e aprendeu muito mais que o idioma neste período — afinal, ele já falava espanhol fluente ao chegar. A transferência, que já era peculiar por si só, ganhou camadas de curiosidade ao passo que Gignac penetrava ativamente no estilo de vida dos torcedores do clube e da cidade. Ídolo do Marseille, clube de torcida fanática no sul da França, Gignac combinou também com a camisa amarela do clube mexicano, com a qual já marcou 149 gols — ninguém fez tantos gols quanto ele no clássico regional contra o Monterrey, por exemplo. É, não só por isso, um dos ídolos máximos da história do clube.

    Em 2016, Gignac jogou a Euro pela França, em casa. Na final em Paris, perdida na prorrogação para Portugal, entrou no segundo tempo e acertou a bola na trave na jogada mais perigosa da partida, que terminou em 0 a 0. Foi seu último grande momento com a camisa da seleção francesa, pelo menos até a chamada para Tóquio 2020 — uma convocação tão atípica quanto sua feliz jornada no futebol do México.

    E por que foi chamado?

    O técnico da seleção sub-23 da França, Sylvain Ripoll, conhece Gignac há muito tempo. Quando Gignac tinha 21 anos e aparecia para o futebol no Lorient, Ripoll era o auxiliar técnico daquele clube. Gignac marcou dez gols no ano, ajudou o Lorient em uma campanha de acesso e fez uma amizade pessoal com Ripoll. Quase quinze anos depois, eles trabalharão juntos mais uma vez.

    Ripoll chamou, entre os nomes acima dos 23 anos, além de Gignac, outro ídolo do Marseille: Thauvin, um jogador de velocidade, dribles fáceis e recém-contratado também pelo Tigres. O clube não colocou obstáculos ao seu grande ídolo nem à sua nova contratação, e liberou a dupla francesa para disputar os Jogos.

    Mesmo com o fato de as convocações olímpicas serem vetadas por muitos clubes, a escolha de Ripoll foi corajosa, já que o futebol francês tem fartura de jovens que poderiam preencher a vaga de Gignac. Seria o caso, por exemplo, de Edouard Odssone, de 23 anos, que defende o Celtic, está valorizado na Europa e ganharia liberação. Ripoll quis a dupla de franceses “mexicanos”.  

    Sem comemoração

    Quis o destino que o sorteio olímpico fosse malicioso o suficiente para colocar França e México frente a frente logo na estreia. Gignac e Thauvin lidam com outra curiosidade: o selecionado mexicano, que tem o veterano goleiro Ochoa entre os convocados, não levou nenhum atleta do Tigres, de modo que os franceses terão toda a atenção da torcida de seu clube.

    Falando para a TV mexicana Milenio, Gignac sintetizou sua especial relação com o país onde vive ao garantir que, se marcar um gol nos mexicanos nesta quinta, não vai comemorar, em sinal de respeito ao lugar onde vive — e alegadamente pretende continuar vivendo mesmo após encerrar a carreira de jogador.

    Nas férias pré-Olimpíada, Gignac foi visto em uma quadra de futebol society em San Pedro Garza García, região onde fica o Tigres. Era um torneio amador de futebol seven, e Gignac patrocina com uniformes os amigos desta equipe pela qual jogou por 50 minutos diante do olhar incrédulo de um pequeno público que não foi avisado de sua presença. No México, Gignac vive o futebol com alegria. Mas vestirá a cor oposta por 90 minutos.  

    A primeira rodada

    Após México x França, pelo grupo A, o jogo de fundo é entre Japão e África do Sul. Os jogos do grupo B serão Nova Zelândia x Coreia do Sul, às 5h, e Honduras x Romênia, às 8h. No grupo C, Egito e Espanha abrem a agenda às 4h30, e Argentina x Austrália fecham a rodada às 7h30; e, por fim, no grupo D, teremos Costa do Marfim x Arábia Saudita, às 5h30, e o clássico Brasil x Alemanha, às 8h30.