Superliga com gigantes europeus é relançada após decisão judicial; Uefa é contra
Justiça europeia proíbe confederação de punir clubes participantes e abre caminho para realização do torneio
O projeto da Superliga, competição que reuniria as maiores potências do futebol europeu, foi relançado, nesta quinta-feira (21), após um parecer favorável da União Europeia (UE).
A competição prevê a participação de 64 clubes, divididos em três divisões, com acesso e rebaixamento, e classificação por méritos desportivos.
Justiça europeia veta punição a clubes participantes
A decisão de relançar a Superliga foi tomada após o Tribunal Europeu afirmar, nesta quinta (21), que a Uefa e a Fifa não podem punir os clubes que decidirem participar do novo torneio.
Segundo a decisão judicial, as normas da Fifa e da Uefa que exigem uma autorização prévia para novas competições de futebol e que proíbem clubes e atletas de participar de novos torneios, sob risco de multas e sanções, são ilegais, pois configuram abuso de poder.
Logo após a decisão do Tribunal Europeu ser anunciada, Bernd Reichart, CEO da empresa A22, responsável pela Superliga, comemorou o “fim do monopólio da Uefa” sobre o futebol.
Conquistamos o direito de competir. O monopólio da Uefa terminou. O futebol é grátis. Os clubes agora estão livres de ameaça de sanções e livres para determinar seu futuro
Bernd Reichart, CEO da empresa A22, responsável pela Superliga
Como está planejada a Superliga
- 64 equipes
- Três divisões (Star, Gold e Blue), com promoções e rebaixamentos
- Mínimo de 14 jogos em cada temporada por equipe (7 em casa e 7 fora)
- Duas fases: Liga e playoffs
- Três divisões, rebaixamento e promoção
Segundo a empresa A22, a nova proposta para a Superliga é resultado de um amplo diálogo com diversos intervenientes do futebol nos últimos dois anos, incluindo torcedores, jogadores, clubes, ligas, representantes políticos e especialistas.
- Ficou definido que a Superliga respeitará a pirâmide do futebol europeu. Serão 64 clubes, divididos em três divisões.
- As duas primeiras divisões – Star e Gold – terão 16 clubes cada, e a divisão Blue será composta por 32 clubes.
- Participação baseada no mérito desportivo sem participantes permanentes.
- Acesso e rebaixamento entre divisões. O acesso à divisão Blue será baseado no desempenho nos campeonatos nacionais.
- Os clubes jogarão partidas de ida e volta em grupos de 8, somando o mínimo de 14 partidas por clube por ano.
- Ao fim da temporada, uma fase de mata-mata decidirá os acessos e os campeões de cada divisão.
- Não será necessário acrescentar novas datas além das já previstas no calendário atual. Além disso, os jogos serão disputados no meio de semana, sem interferir na realização dos campeonatos nacionais, aos fins de semana.
- No primeiro ano da Superliga, os clubes serão selecionados com base num índice de critérios transparentes baseados em desempenho desportivo.
- As regras de Sustentabilidade e Transparência Financeira serão fundamentais para garantir uma concorrência leal entre todos os clubes participantes.
Superliga feminina
Também está prevista a criação de uma Superliga feminina, com duas divisões e a participação de 32 equipes.
Transmissão grátis por streaming
A empresa responsável pela Superliga promete lançar uma plataforma de streaming digital com a transmissão de todos os jogos do torneio de maneira gratuita para os torcedores.
Uefa reage à decisão do Tribunal Europeu
A Uefa emitiu um comunicado, nesta quinta-feira (21), em que afirmou que a decisão do Tribunal Europeu “não significa um respaldo à Superliga”.
“Esta decisão não significa um respaldo ou validação à chamada Superliga. Em vez disso, destaca um défice histórico no quadro de autorização prévia da Uefa, um aspecto técnico que já foi reconhecido e resolvido em junho de 2022. A Uefa está confiante na solidez das suas novas regras e, especificamente, que cumprem todas as leis e regulamentos europeus relevantes”, disse o organismo que controla o futebol europeu.
“A Uefa segue firme no seu compromisso de defender a pirâmide do futebol europeu, garantindo que continua a servir os interesses mais amplos da sociedade. Continuaremos a moldar o modelo desportivo europeu em conjunto com associações, ligas, clubes, torcedores, jogadores, treinadores, instituições da UE, governos e parceiros”, concluiu.
Lançamento, revolta e debandada
O projeto de criar a Superliga foi originalmente lançado em abril de 2021, com a promessa de reunir as maiores potências do futebol europeu em um torneio midiático e bilionário, mas que ignorava a premissa da pirâmide do futebol: a participação por méritos esportivos.
A ideia de uma competição com clubes pré-determinados e sem levar em consideração os méritos esportivos gerou uma enxurrada de críticas de torcedores, jornalistas, atletas e treinadores.
A pressão popular levou a uma debandada de clubes que participaram da criação da Superliga, e o projeto acabou suspenso.