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    Socos, chutes e isolamento: a passagem conturbada de Sampaoli pelo Flamengo

    Após menos de seis meses, treinador argentino é demitido após vice da Copa do Brasil

    Matheus Dantasda Itatiaia , Rio de Janeiro

    O Flamengo oficializou a saída de Jorge Sampaoli nesta quinta (28), quatro dias depois ao vice da Copa do Brasil, e pôs fim a um trabalho que não atendeu nenhuma das expectativas criadas em abril, quando chegou ao Ninho. A passagem termina sem o treinador conseguir dar uma identidade ao time.

    Fora de campo, o que marcou o período foi o caso de agressão a Pedro e o isolamento do argentino.

    Os números de Sampaoli

    Jorge Sampaoli deixa o Flamengo após 39 partidas. O aproveitamento do time com o treinador foi de 60,68% dos pontos, com 20 vitórias, 11 empates e oito derrotas, com 63 gols a favor e 41 gols sofridos.

    Para efeito de comparação, os antecessores de Sampaoli foram: Vítor Pereira, com 57,4% em 18 jogos entre janeiro e abril de 2023, e Dorival Júnior, com 66,7% em 43 jogos de junho e novembro de 2022.

    Um estranho no Ninho

    A fama de ser um “treinador de difícil convivência” acompanha Sampaoli há anos. No Flamengo, logo se percebeu que o ambiente com o treinador não seria dos melhores. O perfil mais reservado era esperado, mas a pouca abertura dada pelo argentino marcou o dia a dia no CT nos últimos meses.

    Sem estreitar relações com jogadores e outros membros do departamento de futebol em nenhum momento, Sampaoli tornou-se, praticamente, um “estranho no Ninho, com trocas raras com os demais.

    A agressão a Pedro

    O distanciamento entre elenco e Jorge Sampaoli já existia, mas o dia 29 de julho foi um ponto determinante para a relação esfriar de vez.

    Após recusar-se a aquecer na partida contra o Atlético-MG, no Independência, Pedro foi agredido, com tapas e um soco, pelo preparador físico Pablo Fernández.

    O clube agiu rápido e demitiu o profissional que acompanhava Sampaoli desde 2019. Os dois eram amigos desde os anos 1990. A postura do técnico no caso não foi bem recebida pelo elenco.

    “Não tenho dormido pensando em como ajudar Pedro e Pablo. Sei que vocês dois tiveram uma noite horrível”, escreveu Sampaoli, em suas redes sociais, após o episódio de violência em jogo da Série A.

    Vale destacar que, apesar do notório distanciamento entre Sampaoli e elenco, líderes do elenco vieram a público em defesa do técnico mesmo após este caso envolvendo o atacante Pedro.

    Foram os casos de Gabriel Barbosa, capitão e camisa 10, Everton Ribeiro e Fabrício Bruno, por exemplo.

    Mudanças a todo tempo

    Os poucos minutos em campo desgastaram a relação com Pedro, o que levou o atacante ao ato de indisciplina pelo qual acabou multado e suspenso de um jogo pela direção.

    De forma geral, o técnico não dar uma sequência aos atletas e mudar o time sistematicamente não funcionou com o elenco.

    Ao todo, foram 39 escalações diferentes em 39 jogos. Mais do que os 11 iniciais, Sampaoli mudou com frequência a formação tática de uma partida para outra, improvisou tendo jogadores da posição a serviço e, sem maiores explicações, deixava de utilizar atletas que vinham atuando com regularidade.

    Os chutes de Sampaoli

    Na reta final da passagem, a frustração de Jorge Sampaoli era evidente. O próprio técnico passou a admitir que não estava conseguindo fazer o Flamengo jogar como “outros times” em sua trajetória.

    A inquietude na área técnica, outra marca do argentino, deu lugar aos chutes na reta final.

    Ao término do jogo de ida da decisão da Copa do Brasil, Sampaoli chutou uma grade no túnel de acesso aos vestiários do Maracanã. No jogo seguinte, contra o Goiás pelo Brasileirão, quem sofreu foi um microfone da equipe de transmissão, posicionado próximo ao banco de reservas do Flamengo.

    Na volta contra o São Paulo, não teve chute de Sampaoli no Morumbi, mas o técnico abandonou o campo assim que o título do rival foi confirmado. Enquanto isso, o time e demais profissionais do Rubro-Negro seguiram em campo para receber as medalhas.

    Assim, coube a Dorival Júnior, que foi técnico do Flamengo em 2022, consolar vários dos jogadores com quem trabalhou há pouco tempo.

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