A Covid-19 atrapalhou, mas 2020 foi inesquecível para o esporte; relembre
Mesmo com adiamento da Olimpíada de Tóquio, jogos sem público e polêmicas, 2020 foi histórico com feitos de Hamilton e Nadal; e mortes de Bryant e Maradona
Outubro de 2019. A cidade de Wuhan, na China, recebia o evento esportivo mais importante de sua história: a sexta edição dos Jogos Mundiais Militares, que reuniu delegações de 109 países e teve o Brasil como um dos principais destaques, com a terceira colocação no quadro geral de medalhas e o desempenho animador de atletas que geravam expectativas para a Olimpíada de Tóquio no ano seguinte.
Àquela altura, ninguém poderia imaginar que menos de três meses depois Wuhan estaria no centro das atenções mundiais por um motivo bem diferente. No início de 2020, o planeta descobriu a Covid-19, nova doença que teve a cidade chinesa como primeiro epicentro e acabaria por mudar completamente todos os planos imagináveis por um período ainda incerto.
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O esporte, claro, também foi muito afetado pela maior pandemia que a humanidade conheceu em um século. Vivenciamos nos últimos meses uma temporada esportiva única – marcada por eventos adiados e que, por isso mesmo, não será encerrada na virada do ano.
Apesar dos percalços, 2020 será inesquecível na história do esporte, como um ano em que testemunhamos a consagração e o adeus de alguns dos maiores ídolos de todos os tempos. Mesmo com as competições suspensas e em segundo plano diante das grandes crises mundiais, o esporte também marcou o ano.
Relembre, abaixo, o que aconteceu ao longo deste ano sui generis.
Megaeventos adiados
Apenas as Guerras Mundiais já haviam impedido a realização de Jogos Olímpicos até então (lembrando que a pandemia de Gripe Espanhola de 1918 foi contemporânea à I Guerra). Em 2020, porém, pela primeira vez uma doença foi a principal responsável para que o maior evento esportivo mundial mudasse seu planejamento.
Mesmo pressionados pelo noticiário internacional, os organizadores dos Jogos de Tóquio passaram algumas semanas minimizando os impactos que o evento poderia sofrer pela Covid-19. Até que, em 24 de março – 13 dias após a declaração de pandemia pela OMS e a exatos quatro meses do que deveria ser a cerimônia de abertura -, o então premiê japonês Shinzo Abe anunciou um acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI) para adiar o início dos Jogos em um ano.
No mundo todo, naquele dia já eram cerca de 400 mil casos confirmados do novo coronavírus e 18 mil óbitos. No Brasil, haviam sido registradas pouco mais de 2 mil infecções e 46 mortes até aquela data.
Era apenas o começo de uma crise que ainda tomaria proporções muito maiores, mas já era nítido que o calendário esportivo não poderia ser mantido naquelas condições. Assim, ao longo do segundo trimestre do ano, de forma geral as outras grandes competições esperadas para 2020 também foram adiadas.
Foram os casos da Eurocopa e da Copa América, que agora serão realizadas de forma simultânea em junho de 2021. Outros eventos ficaram ainda mais distantes: como o Mundial de Atletismo de Eugene, no estado americano do Oregon, que foi passado de 2021 para 2022 com o intuito de não coincidir com os Jogos Olímpicos.
No tênis, um choque ainda maior: o tradicional torneio de Wimbledon foi cancelado pela primeira vez em 70 anos. Porém, nesse caso o prejuízo financeiro foi atenuado por uma precaução bastante incomum no mundo pré-2020.
O torneio contava com o serviço de um seguro que previa compensação no caso de uma pandemia – assim, depois de pagar por 17 anos o equivalente a US$ 2 milhões anuais, os organizadores do Grand Slam britânico tiveram direito a uma apólice indenizatória de US$ 141 milhões.
Alguém, afinal, estava relativamente preparado para o que aconteceria em 2020…
Hamilton e Nadal igualam recordes – e querem mais
Wimbledon acabou sendo o único Grand Slam de tênis cancelado na temporada. Antes, o Aberto da Austrália pôde ser finalizado em janeiro, com vitória do sérvio Novak Djokovic no masculino. No segundo semestre, o Aberto dos Estados Unidos e Roland Garros também puderam ser realizados – embora da mesma forma desoladora que outros diversos eventos esportivos neste ano: sem a presença de público e em datas diferentes das originalmente previstas.
Foi nesse cenário que Rafael Nadal fez história: ao conquistar Roland Garros pela 13ª vez, chegou a 20 Grand Slams na carreira e igualou o recorde do suíço Roger Federer. No Aberto dos Estados Unidos, o destaque foi para uma final de promessas, na qual o austríaco Dominic Thiem, então com 27 anos, derrotou o alemão Alexander Zverev, de 23.
Os Grand Slams do tênis também tiveram façanhas brasileiras: ao lado do croata Mate Pavic, o mineiro Bruno Soares foi vice no torneio masculino de duplas de Roland Garros e campeão no Aberto dos Estados Unidos. No feminino, os títulos de simples ficaram com a americana Sofia Kenin (Aberto da Austrália), a japonesa Naomi Osaka (Aberto dos Estados Unidos) e a polonesa Iga Swiatek (Roland Garros).
Na Fórmula 1, com um calendário mais curto por conta da pandemia (pela primeira vez sem um GP do Brasil desde 1972), não houve nenhuma surpresa, mas novamente história foi feita: o inglês Lewis Hamilton foi campeão mundial pela sétima vez, igualando o recorde de título Michael Schumacher, além de se tornar o piloto com mais pódios e vitórias em todos os tempos na categoria. E ainda com alguns anos de carreira pela frente…
E o basquete também viu uma soberania de títulos ser igualada. A NBA realizou um experimento único: confinou todos os atletas em uma “bolha” em Orlando, sem contato com o mundo externo, para decidir o título da temporada 2019/20 sem o risco de contaminação pela Covid-19. O campeonato atípico teve um campeão tradicional, com a 17ª conquista do Los Angeles Lakers – que, no mesmo ano da morte de Kobe Bryant, derrotou o Miami Heat na final e se igualou ao Boston Celtics como maior campeão do torneio.
O líder do time foi LeBron James, também uma referência dos protestos antirracismo que marcaram a NBA em 2020, levantando as bandeiras do movimento Black Lives Matter e sensível aos protestos que tomaram as ruas dos Estados Unidos e outros países do mundo após a morte de George Floyd.
Em fevereiro, antes do novo coronavírus colapsar o mundo, uma outra página emocionante foi escrita na história do esporte: no Super Bowl LIV, o Kansas City Chiefs, com uma virada espetacular, derrotou o San Francisco 49ers e se sagrou campeão da NFL pela primeira vez em 50 anos.
2020 ainda nos reservou emoções únicas no mundo das lutas. No UFC, o paraense Deiveson Figueiredo bateu um recorde ao defender seu cinturão dos pesos moscas duas vezes em 21 dias, o menor intervalo na história da categoria (a segunda das defesas em um combate épico contra o mexicano Brandon Moreno, que terminou empatado em 47 a 47). Figueiredo e Amanda Nunes (detentora dos cinturões dos penas e do peso galo no feminino) são os únicos brasileiros que terminam o ano no topo.
No boxe, a temporada marcou o retorno de lendas aos ringues – embora apenas para lutas de exibição. Em novembro, Mike Tyson, aos 54 anos, empatou um combate acompanhado pelo mundo inteiro com Roy Jones Jr., de 51. O duelo repercutiu tanto que outro dos maiores vencedores da história, Floyd Mayweather – hoje com 43 anos -, anunciou que deixará a aposentadoria para enfrentar, em fevereiro de 2021, o YouTuber Logan Paul, de 25.
Futebol sem público pode ser emocionante? Sim!
No futebol, 2020 também foi um ano paradigmático.
O esporte mais popular do planeta parou por cerca de três meses em todo o mundo e voltou com novidades impensáveis antes da pandemia começar: jogos sem público, liberação para cinco substituições e o “novo normal” em que os times não mais são desfalcados apenas por atletas suspensos ou lesionados – mas, especialmente, por jogadores que contraíram o novo coronavírus e foram obrigados a se afastar.
Em um ano diferente, a premiação de melhor jogador do mundo também fugiu da lógica que tem perdurado desde 2008: apenas pela segunda vez nas últimas 13 edições, a premiação escapou da dupla Lionel Messi e Cristiano Ronaldo.
A Fifa elegeu o atacante polonês Robert Lewandowski como o melhor da temporada no futebol masculino. Na categoria feminina, a honraria ficou com a inglesa Lucy Bronze, do Manchester City, também eleita a melhor jogadora do mundo pela primeira vez
No caso de Lewandowski, a conquista foi em muito justificada pelo desempenho do goleador no título do Bayern de Munique na Liga dos Campeões da Europa 2019/20, um torneio cuja reta final até lembrou mata-mata de Copa do Mundo.
Para evitar deslocamentos em meio à pandemia, a Uefa também criou uma espécie de “bolha” – embora menos restrita que a da NBA: a partir das quartas de final, os times se enfrentaram em jogos únicos disputados em Lisboa.
Mesmo com arquibancadas vazias, sobraram emoção e grandes histórias, como a goleada de 8×2 do Bayern de Munique contra o Barcelona, a boa campanha da Atalanta (time da Lombardia, a região italiana mais afetada pela primeira onda de Covid-19) e a chegada do Paris Saint-Germain à sua primeira final – acompanhada de uma grande corrente de torcedores brasileiros na internet apoiando Neymar (e muitos torcendo contra também).
No final, o título máximo europeu ficou com o Bayern e, na Liga Europa, o Sevilla se sagrou campeão pela sexta vez.
Já na temporada seguinte da Liga dos Campeões, que terminará só em maio de 2021, a primeira fase proporcionou outro momento histórico. Em dezembro, jogadores abandonaram o jogo entre o Paris Saint-Germain e o Istanbul Basaksehir, depois de o atacante senegalês Demba Ba, que defende o time turco, acusar o quarto árbitro, o romeno Sebastian Coltescu, de injúria racial.
O jogo foi reiniciado no dia seguinte, com mais um protesto antirracismo dos atletas – repetindo gesto que se tornou comum em diversas partidas neste ano, no futebol e em outros esportes, com jogadores ajoelhados erguendo os punhos contra o racismo.
Ainda na Europa, em meados de abril muito se falou sobre o Campeonato de Belarus, um dos poucos do mundo que seguiu realizando jogos naquele momento, durante o ápice da primeira onda de Covid-19 que paralisou o futebol no mundo inteiro. Entre as grandes ligas, o Campeonato Alemão foi o primeiro a retomar os jogos, em maio. Depois disso, os grandes torneios nacionais foram voltando, um a um, para o complemento da temporada sem público – embora tenham havido casos como o do Campeonato Francês, que se encerrou em 30 de abril, sem que as 10 rodadas finais fossem disputadas, e com o PSG declarado campeão.
Na Alemanha, o Bayern de Munique foi campeão pelo 8º ano consecutivo. Na Itália, outra hegemonia impressionante: a Juventus ficou com o título pela nona vez seguida. Ao menos na Inglaterra, a taça dessa vez foi para mãos diferentes e o Liverpool de Jürgen Klopp voltou a vencer o campeonato após um jejum de 30 anos.
Uma festa que depois veio acompanhada de certa ressaca… Se, no início do ano, o Liverpool foi amplamente considerado o melhor time do mundo, depois da paralisação pela pandemia as coisas voltaram um pouco diferentes. Em outubro, por exemplo, o mundo viu o incrédulo o time de Klopp ser goleado por 7×2 pelo surpreendente Aston Villa.
Austeridade no futebol
Como pode-se notar, as dificuldades impostas pela Covid-19 não diminuíram o interesse do mundo pelo futebol. Mas, ainda assim, mesmos os times mais poderosos do planeta não conseguiram escapar de imensos prejuízos financeiros por fatores como a ausência de torcida e o remanejamento do calendário.
Essa austeridade econômica foi sentida nas transferências da temporada – e as vendas mais caras envolveram nomes nem tão badalados como o volante brasileiro Arthur (que foi do Barcelona para a Juventus) e o meia alemão Kai Havertz (do Bayer Leverkusen para o Chelsea), em negócios de cerca de 70 milhões de euros (muito abaixo da maior venda de 2019, quando o português João Félix trocou o Benfica pelo Atlético de Madrid por quase o dobro disso: 126 milhões de euros).
Outras transferências importantes também marcaram 2020, como as idas de Thiago Alcântara do Bayern de Munique para o Liverpool (€ 22 milhões), de Luiz Suárez do Barcelona para o Atlético de Madrid (€ 6 milhões) e de Edinson Cavani do PSG para o Manchester United (a custo zero). A mudança de ares mais comentada do ano, porém, não aconteceu: há muito se comenta sobre o descontentamento de Lionel Messi, que estaria próximo de deixar o Barcelona onde construiu toda a sua carreira, para brilhar no futebol de outro país.
Será que veremos Messi vestindo outra camisa de clube? São cenas dos próximos capítulos que certamente serão muito comentadas em 2021.
Na América do Sul, 2020 ainda vai durar alguns meses
Um dos países mais afetados pela pandemia no mundo, o Brasil viu seu futebol parar completamente por mais de três meses no primeiro semestre – e muita polêmica ser levantada em meio a discussões se os jogos deveriam ou não voltar a ser disputados. De forma geral, as partidas no Brasil foram suspensas a partir da segunda quinzena de março e voltaram em junho, no Campeonato Carioca, e apenas no final de julho, no Campeonato Paulista e outros estaduais.
Na virada do semestre, o futebol brasileiro conheceu alguns dos seus primeiros campeões do ano: com destaque para o Palmeiras campeão paulista, Atlético-MG campeão mineiro, Grêmio campeão gaúcho, Bahia campeão baiano, Athletico-PR campeão paranaense e Salgueiro campeão pernambucano, além do Ceará campeão da Copa do Nordeste. No Campeonato Carioca, o título ficou com o Flamengo – na despedida de Jorge Jesus, o português que levou o time a grandes conquistas em 2019 e voltou a seu país natal para treinar o Benfica.
Sem Jesus, o Flamengo rapidamente buscou outro europeu e foi treinado pelo espanhol Domènec Torrent, que cerca de três meses depois foi substituído por Rogério Ceni. Apesar do elenco reforçado em relação a 2019, o grande papa-títulos do futebol brasileiro do ano anterior colecionou duas eliminações importantes em poucas semanas no fim de 2020 – caindo para o São Paulo, nas quartas de final da Copa do Brasil, e diante do Racing, nas oitavas de final da Libertadores.
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Mas a temporada ainda pode terminar de um modo feliz para os flamenguistas e para muitas outras torcidas do país. Com os meses de inatividade no primeiro semestre, o calendário do futebol brasileiro e sul-americano de 2020 só será encerrado em fevereiro de 2021 e os principais títulos ainda estão em aberto.
Só no ano que vem, portanto, conheceremos o campeão da Copa do Brasil (que no momento tem São Paulo, Grêmio, Palmeiras e América-MG nas semifinais) e do Brasileiro (que hoje tem o São Paulo na liderança, com Flamengo, Atlético-MG, Internacional, Grêmio e Palmeiras completando o G-6 até a 26ª rodada – sendo que algumas equipes ainda possuem jogos atrasados para disputar).
Tambám há a expectativa de se descobrir quem subirá da Série B. Ao fim da 30ª rodada o acesso ficaria com Chapecoense, América-MG, Cuiabá e Juventude, mas a briga pelas quatro vagas promete ser emocionante até o fim – até mesmo o Cruzeiro, que ocupou a zona de rebaixamento por boa parte do ano, agora faz campanha de recuperação e ainda sonha em voltar à elite nesta edição.
Na Libertadores, dois brasileiros ainda estão vivos (Santos e Palmeiras) para jogar as semifinais contra adversários argentinos (respectivamente, River Plate e quem avançar no duelo entre Racing e Boca). Já na Sul-Americana, nenhum time do país sequer chegou entre os quatro melhores e as semifinais terão três argentinos e um chileno: Vélez Sarsfield x Lanús e Coquimbo Unido x Defensa y Justicia.
Se algum brasileiro vencer a Libertadores – que, por sinal, será decidida no Maracanã no final de janeiro -, ainda terá a chance de no começo de 2021 tentar o título mundial de clubes, no torneio que acontecerá no Catar entre 1º e 11 de fevereiro.
E, por falar em Catar, em 2021 as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022 voltarão com mais força – na expectativa de que até lá a pandemia esteja devidamente controlada para não afetar significativamente outro megaevento.
Em 2020, com a longa paralisação do futebol, a seleção brasileira disputou apenas 4 partidas e termina o ano com 100% de aproveitamento: vitórias em todos os jogos disputados até aqui nas Eliminatórias Sul-Americanas, contra Bolívia (5×0), Peru (4×2), Venezuela (1×0) e Uruguai (2×0). No resto do mundo, o futebol de seleções também ficou em segundo plano, mas, mesmo assim, a temporada proporcionou jogos históricos – como o espantoso Espanha 6×0 Alemanha pela Liga das Nações na Europa.
O adeus a lendas
Em um ano marcado pela nova doença que já causou mais de 1,5 milhão de mortes em todo o mundo, o esporte também chorou no adeus a alguns de seus maiores ídolos.
Já em janeiro, antes mesmo do novo coronavírus ser declarado uma pandemia, o mundo se comoveu com a morte precoce de Kobe Bryant, aos 41 anos. Menos de quatro anos após se aposentar da NBA, um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos foi uma das vítimas na queda de um helicóptero nas cercanias de Los Angeles, cidade onde se consagrou com a camisa dos Lakers. Outras oito pessoas também morreram no acidente, incluindo Gianna, sua filha de treze anos.
No futebol, alguns dos nomes mais brilhantes da história das Copas do Mundo também nos deixaram em 2020. Em janeiro, a Holanda e fãs de todo o mundo entraram em luto com a morte de Rob Rensenbrink aos 72 anos, vítima de uma doença degenerativa. Ele foi um dos grandes nomes do “Carrossel Holandês”, seleção inesquecível vice-campeã dos Mundiais de 1974 e 78.
No fim do ano, em poucos dias o futebol perdeu algumas outras de suas maiores estrelas. Em 25 de novembro, morreu, vítima de uma parada cardiorrespiratória, o símbolo maior do futebol argentino: Diego Maradona, que semanas antes havia completado 60 anos e se recuperava de uma cirurgia no cérebro para drenar uma hemorragia subdural. Mesmo em meio à pandemia, o velório do grande craque da Copa de 1986 levou milhões às ruas de Buenos Aires e rendeu uma série de emocionantes homenagens.
Nos dias seguintes, partiram outros nomes icônicos de Copas do Mundo: o senegalês Papa Bouba Diop, autor do primeiro gol do Mundial de 2002 (aos 42 anos, vítima de uma doença degenerativa) e Alejandro Sabella, técnico da Argentina vice-campeã da Copa de 2014 (aos 66 anos, após semanas internado por insuficiência cardíaca).
Em 9 de dezembro, exatos 15 dias após a partida de Maradona, outra morte de um grande ídolo chocou o mundo do futebol. Artilheiro e Bola de Ouro da Copa de 1982, autor dos três gols que eliminaram a prestigiada seleção brasileira naquele Mundial, o ex-atacante italiano Paolo Rossi morreu aos 64 anos. Pouco antes, Rossi havia descoberto um câncer no pulmão.
O Brasil também perdeu grandes ídolos esportivos em 2020, como Marlene Bento e Gerson Victalino – nomes históricos do basquete nacional -, além de Rui Chapéu, que popularizou a sinuca nacionalmente. No futebol, o país despediu de ex-jogadores e ex-treinadores marcantes como Valdir Joaquim de Morais, Valdir Espinosa, Oswaldo Alvarez, Marinho, Luiz Carlos Ferreira, Escurinho e Marcelo Veiga, entre outros. A imprensa esportiva esteve de luto por nomes como Cadu Cortez, Sérgio Noronha, Luiz Alberto Volpe, Rodrigo Rodrigues, Dalmo Pessoa, Fernando Vanucci e Orlando Duarte.