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    Convocação de nova técnica da Espanha gera novo impasse na disputa entre atletas e federação

    Montse Tomé, que substituiu o campeão mundial Jorge Vilda, chamou jogadoras que haviam renunciado à seleção

    Montse Tomé, técnica da seleção espanhola, chega para aconcentração da equipe nacional
    Montse Tomé, técnica da seleção espanhola, chega para aconcentração da equipe nacional Oscar J. Barroso/AFP7 via Getty Images

    George RamsayPatrick SungDavid Closeda CNN

    As jogadoras da seleção feminina da Espanha reiteraram sua recusa em jogar nas duas próximas partidas da equipe sem que antes aconteçam grandes mudanças na Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF). Este é o mais recente episódio do imbróglio causado pelo beijo forçado do ex-presidente Luis Rubiales na jogadora Jennifer Hermoso.

    Vinte jogadoras que já haviam assinado uma carta na última sexta-feira (15) se opondo a jogar pela seleção nacional foram nomeadas para a lista de 23 convocadas da nova técnica Montse Tomé.

    A treinadora, que substituiu o ex-técnico Jorge Vilda como parte de uma mudança na federação após o título na Copa do Mundo Feminina, selecionou as jogadoras para os jogos contra Suécia e Suíça nos dias 22 e 26 de setembro, apesar das jogadoras afirmarem sua “firme vontade de não ser convocadas por motivos justificados”.

    Em declarações publicadas nas redes sociais nesta segunda-feira (18), as atletas afirmaram: “[Vamos] Estudar as possíveis consequências jurídicas a que a RFEF nos expôs ao nos colocar numa lista para a qual pedimos para não sermos convocadas por motivos que foram já explicados publicamente e com mais detalhes à RFEF, e com isso tomar a melhor decisão para o nosso futuro e para a nossa saúde.”

    Apesar de sua repetida recusa em jogar pela Espanha até que sejam feitas mudanças substanciais na federação, várias jogadoras apresentaram-se na concentração da equipe nacional, incluindo Athenea del Castillo, Misa Rodríguez, Olga Carmona e Teresa Abelleira — sendo as três últimas signatárias do comunicado divulgado na sexta-feira.

    A declaração das jogadoras ocorreu poucas horas depois de Montse Tomé ter dito aos jornalistas que estava em contato com as atletas e que tinha tomado providências para satisfazer as suas preocupações.

    “A federação tem trabalhado para poder conversar com as jogadoras”, disse ela.

    “Eu também trabalhei com elas. Nós as ouvimos, pensamos que todos fazíamos parte desse grupo e o jeito é ter uma boa comunicação.”

    Questionada se alguma jogadora lhe disse que não queria ser convocada para jogar nas próximas partidas da Uefa Nations League, Tomé disse que não. Enquanto isso, Jennifer Hermoso — que não foi convocada — divulgou um comunicado nesta segunda dizendo que “nada mudou” dentro da federação.

    “Há semanas — meses até — que procuramos proteção contra a RFEF, que nunca veio”, disse Hermoso.

    “As pessoas que agora nos pedem para confiar nelas são as mesmas que hoje divulgaram a lista de jogadores que pediram para NÃO serem convocadas. As jogadoras estão certas de que esta é mais uma estratégia de divisão e manipulação para nos intimidar e ameaçar com repercussões legais e sanções econômicas. É uma prova ainda mais irrefutável que mostra que ainda hoje nada mudou.”

    Em declarações à rádio Cadena SER, Víctor Francos, presidente do Conselho Superior do Esporte (CSD) do governo espanhol, confirmou que as jogadoras poderão enfrentar multas e sanções de acordo com a Lei do Esporte do país por não representarem a seleção nacional após terem sido convocadas.

    “Espero que a convocação tenha sido acertada com [as jogadoras]”, disse Francos.

    “Se não aparecerem, o governo fará o que tem de fazer, que é aplicar a lei, o que é lamentável para mim, lhes garanto-vos. Mas a lei é a lei, a Lei do Desporto diz o que diz. As leis internacionais para as seleções nacionais dizem o que dizem, mas ainda confio que poderá haver um caminho para uma solução. Também lhes digo que tenho a sensação de que [a RFEF] transferiu para o governo um problema que eles tinham, dizendo: ‘Bem, vamos chamá-los e então o governo decidirá.'”

    De acordo com a Lei do Esporte da Espanha e o Código Disciplinar da RFEF, as jogadoras podem receber uma multa entre 3.006 euros (R$ 15.600) e 30.051 euros (R$ 156.000) e ter as suas licenças de jogo suspensas ou confiscadas por dois a cinco anos, o que potencialmente pode ter implicações nas carreiras das jogadoras nos clubes, além do seu futuro no futebol de seleções.

    Francos também disse que planeja falar com membros do time nesta terça-feira (19) porque “chega um ponto em que o governo deveria e tem a obrigação de intervir”.

    Na terça-feira, um porta-voz do CSD confirmou à CNN que mantém conversas com as atletas. Falando aos repórteres na terça-feira, o ministro da Cultura e dos Esportes da Espanha, Miquel Iceta, instou a RFEF a resolver a disputa.

    “O Conselho Superior do Esporte se envolverá pessoalmente na busca de uma resolução”, disse ele.

    “A Real Federação Espanhola de Futebol não tem o direito de privar a Espanha da seleção feminina, ainda mais depois de ter vencido a Copa do Mundo. Como tal, apelamos à federação para que corrija todas as deficiências desta convocação anômala do plantel, para que altere as suas estruturas federativas e a federação possa efetivamente ser um espaço de segurança, competitividade e profissionalismo a que as jogadoras e os cidadãos espanhóis têm direito.”

    Iceta também prometeu que uma solução seria encontrada antes que as punições fossem aplicadas aos jogadores.

    Reagindo à disputa em curso entre a federação e as jogadoras, o ex-goleiro campeão mundial Iker Casillas escreveu no X (antigo Twitter): “Tudo o que eles fazem fica PIOR na RFEF”.

    O sindicato dos jogadores de futebol espanhóis disse estar “absolutamente chocado” com a convocação de segunda-feira em um comunicado.

    “É incompreensível que uma instituição, que ela própria afirmou nas últimas semanas que espera iniciar uma nova era de diálogo aberto e consensual, demonstre mais uma vez uma enorme falta de consideração para com o futebol feminino e as recentemente proclamadas campeãs mundiais”, afirmou a AFE.

    “Da AFE, apelamos à RFEF para que cesse os seus esforços em pressionar as jogadoras e considere por que há tanta falta de confiança e apoio em nome de muitos dos seus jogadores convocados.”

    A seleção feminina espanhola enfrentará a Suécia e a Suíça na Nations League na sexta (22) e na próxima terça (25), respectivamente.

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    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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