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    Caso Vinicius Jr. deve mudar racismo no esporte. E incentivo pode vir do cofre

    Perseguição racista contra brasileiro tem potencial para alterar futuros contratos de patrocínios esportivos, diz especialista

    Stephanie Alvesda CNN

    O caso Vinícius Jr. foi, infelizmente, apenas mais um registro de ataque racista a atletas em exercício da sua profissão. Mas, pela proporção que tem tomado desde o último fim de semana, também tem potencial para servir como um novo marco nas relações entre empresas e clubes e grandes eventos esportivos.

    É o que projeta Felipe Gomiero, sócio-diretor da 100 Sports.

     

    Esse evento deve mudar os rumos dos patrocínios no futebol e em várias outras modalidades esportivas no mundo todo

    Felipe Gomiero, sócio-diretor da 100 Sports

     

    A quebra de paradigma, acredita ele, deve estar em uma maior cobrança por sanções em casos reincidentes de racismo, xenofobia ou qualquer outra forma de discriminação. Atualmente, menções em contrato são superficiais.

    Alguns contratos de patrocinadores prevêem cláusulas de rescisão se leis forem feridas, como é o caso da violência cometida repetidas vezes dentro dos estádios contra jogadores negros. Mas falta clareza jurídica para aplicação de multas e outras punições para as entidades organizadoras de eventos em que situações como essas ocorrem reiteradamente.

    “Os bastidores do Campeonato Espanhol devem estar fervendo. A La Liga deve estar neste momento tendo que revisitar os termos de contratos por cobrança de seus patrocinadores preocupados em verem sua imagem associada aos casos de racismo”, relata Felipe Gomiero.

    Desde que o incidente mais recente dominou as manchetes ao redor do mundo, empresas ligadas à La Liga e ao Campeonato Espanhol divulgaram notas de repúdio na tentativa de deixar claro uma posição óbvia: são contra qualquer tipo de racismo. Posicionamento correto e perfeitamente alinhado aos códigos de conduta e equidade das grandes corporações globais. Mas é preciso ir além do óbvio.

    E se as empresas deixassem de contribuir com milhões, senão bilhões de dólares, para apoiar competições que se pouco se esforçam em punir criminosos dentro de suas instalações? Até agora, enquanto notas de repúdio vão se empilhando, a mensagem que ecoa é de que o lucro é a única preocupação. E o discurso é apenas isso mesmo, discurso. Mas já está na hora dele fazer as pazes com a prática.

    Um dos dedos que apontou a responsabilidade foi o do próprio Vinícius Jr., através de suas redes sociais: “por que os patrocinadores não cobram a La Liga? As televisões não se incomodam de transmitir essa barbárie a cada fim de semana? O problema é gravíssimo e comunicados não funcionam mais”, postou o jogador brasileiro.

    Interrogações que certamente farão barulho e podem levar a novos arranjos no caminho do dinheiro no esporte. “Essa será uma mudança chave na indústria. Vamos acompanhar nos próximos meses na Europa e o Brasil não deve demorar a observar os efeitos por aqui”, pontua Felipe Gomiero.