Dream Team sofre, mas elimina Espanha; Argentina perde e se despede de Scola
Time de Durant e Lillard chegou a estar 10 pontos atrás, mas virou contra equipe de Gasol; lenda argentina foi superada em possível último jogo da carreira
A seleção masculina de basquete dos Estados Unidos, chamada desde 1992 de Dream Team, é semifinalista das Olimpíadas de 2020 após vencer, nesta terça-feira (3), por 95 a 81, a Espanha – não sem antes flertar com o pesadelo.
Em determinado momento do segundo período o time espanhol, derrotado pelos americanos em todas as últimas quatro edições dos Jogos, esteve vencendo por dez pontos e parecia pronto para, enfim, superar o costumeiro algoz.
A volta do intervalo foi determinante para os EUA, que já haviam, mesmo sem brilho, buscado o empate no segundo período. Em menos de cinco minutos de terceiro período, a vantagem estava devolvida com juros e os americanos lideravam por dois dígitos. Isso foi conseguido graças às bolas de três pontos, que não caíram nos primeiros períodos, mas foram abundantes na retomada do duelo.
Aos poucos, o coletivo espanhol voltou ao jogo graças à atuação exuberante de Ricky Rubio, que marcou 38 pontos. Centralizando a criação e conclusão de jogadas, o armador espanhol fez muito, mas não o suficiente para se aproximar de um novo empate. Kevin Durant, com 29 pontos, foi o cestinha do Dream Team, que administrou sem drama o placar nos minutos finais, optando por jogadas que gastassem a maior parte do tempo.
É o fim da trajetória olímpica de Pau Gasol, de 41 anos, que atuou por apenas seis minutos, sem pontuar. Outros veteranos do elenco, como Rudy Fernández, Sergio Rodriguez e Sergio Llull, embora mais jovens que Gasol, já sentem o sol às costas, de modo que esta eliminação tem um peso extra: é uma geração bicampeã do mundo, que medalhou nas últimas três Olimpíadas, conseguindo duas pratas e um bronze, mas que, dessa vez, parte sem nada.
Ricky Rubio tem 30 anos e deverá jogar em Paris 2024. Seus companheiros mais famosos talvez não façam mais parte do time. Uma nova Espanha poderá ser vista após a derrota de hoje, que interrompe mais um sonho da geração mais vitoriosa que aquele país já teve no basquete.
Com a bola, Luka Doncic, da Eslovênia
No outro chaveamento do basquete masculino, a Eslovênia bateu a Alemanha por 94 a 70, sem sofrimento e com um enredo esperado: Luka Doncic controlando o tempo e o espaço da quadra, liderando sua seleção para uma inédita semifinal e ficando quase o tempo todo em quadra.
Doncic marcou, em 33 minutos, 20 pontos, além de dar 11 assistências e pegar 8 rebotes. Um número excelente que, no entanto, não faz justiça ao camisa 77 esloveno. Doncic errou mais do que o normal e sequer pode dizer que fez uma partida no limite de suas possibilidades e dos espaços que teve para tal.
O cestinha esloveno foi Zoran Dragic, do Baskonia da Espanha, que marcou 27 pontos. A seleção alemã, responsável por eliminar o Brasil na decisão do pré-olímpico, se despediu com três derrotas em quatro partidas. Mo Wagner, o ala-pivô que detonou a seleção brasileira, anotou só 9 pontos contra a Eslovênia.
Adeus, Scola
No último jogo da rodada, a Argentina foi superada pela Austrália, na última partida da lenda Luis Scola pela seleção e, possivelmente, da carreira. Ele ainda não anunciou o que fará, mas os indícios apontam para sua retirada definitiva das quadras.
O time argentino fez um primeiro período interessante, chegou a abrir 8 pontos de vantagem, mas os australianos, invictos na competição e com um conjunto mais forte e experiente, aos poucos tomaram o controle do duelo.
Na etapa final, a Austrália esmagou as esperanças dos sul-americanos. Primeiro, mantendo a diferença entre 8 e 12 pontos, frustrando os esforços argentinos. Depois, desfrutando do caos mental do rival.
A Argentina entrou em parafuso no último período, tomou 15 a 0 logo de cara, e acabou o período com um 37 a 11 pesado. O craque Campazzo tomou falta técnica por reclamação, e a postura do time argentino, perdido, explicava o desfecho do jogo: vitória categórica dos australianos, 97 a 59.
No último minuto, Luis Scola foi substituído e, comovido, assistiu o ginásio inteiro lhe aplaudir de pé. Adversários, companheiros, árbitros, funcionários do ginásio e oficiais de mesa, todos prestaram tributo ao campeão olímpico de 2004.
A Austrália agora encontra os Estados Unidos na semifinal. Patty Mills foi o cestinha, com 18 pontos. Luis Scola se despediu com 7 pontos e 3 rebotes.
A França, que venceu a Itália por 84 a 75, faz a outra semifinal com a Eslovênia.