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    Influencer e fashionista: conheça a mascote de basquete que viralizou nos EUA

    Ellie, a Elefante, anima os jogos do New York Liberty, finalista da temporada da WNBA

    Harmeet Kaurda CNN

    Poucas horas antes do primeiro jogo entre New York Liberty e Las Vegas Aces pelas semifinais da WNBA no Barclays Center, no Brooklin, as câmeras estão voltadas para a chegada das atletas mais consagradas da cidade, que caminham pelo túnel de acesso do estádio.

    E é de lá que ela vem, vestindo uma jaqueta Nike estampada em preto e branco, shorts de couro preto e brincos de argola prateados em seu “desfile”.

    O túnel, tapete vermelho do basquete mundial, também é um lugar para ostentar, e ela sabe bem disso. Com uma bolsa Jacquemus+Nike de 420 dólares na mão, vem requebrando, flertando com a câmera e rodopiando (duas vezes!) antes de parar. O desfile termina em uma pose que deixaria Tyra Banks orgulhosa.

    Assim que chega, alguns fãs já estão prontos para cumprimentá-la e entregar presentes e lembrancinhas, como por exemplo, uma pulseira da amizade com miçangas nas cores do Liberty. Depois de posar para uma foto rápida com um torcedor, ela se dirige ao vestiário para vestir o uniforme.

    A atleta em questão não é Breanna Stewart, sempre candidata a MVP, ou Sabrina Ionescu, uma das melhores arremessadoras da liga – ambas titulares do time Liberty e muito queridas pelo público.

    Nada disso. O show do túnel é dado pela mascote do time: Ellie, a Elefante.

    Quando Ellie — agora com seu habitual vestido de uniforme — se aventura nas arquibancadas algumas horas depois, enquanto o Liberty enfrenta o Las Vegas Aces, a energia já elétrica da multidão se intensifica.

    Os fãs pegam seus telefones para gravar Ellie dançando no topo das arquibancadas, balançando sua trança característica (adornada com luzes para a ocasião) como um laço. Eles se esforçam para tirar selfies com ela antes que ela dê um salto que desafia a gravidade sobre a grade para interagir com outro grupo de fãs.

    “Ela é incomparável”, diz Neysa Lewis, torcedora do Liberty que está vestindo uma camisa da Ellie, a Elefante, para o jogo. “Não há outro mascote que chegue aos pés da Ellie.”

    Pode parecer estranho que um elefante peludo e antropomórfico tenha uma recepção digna dos melhores jogadores da WNBA. Mas este paquiderme de 3 metros de altura, com performances no intervalo e uma personalidade grandiosa que é tão cativante quanto o próprio jogo, é um dos raros mascotes que se tornou uma verdadeira estrela.

    O amor dos torcedores por Ellie não é uma vitória só para o New York Liberty, que venceu o Las Vegas Aces por 3 a 1 na série e chegou à final da WNBA pelo segundo ano consecutivo.

    É também uma vitória para a WNBA, uma liga que só recentemente começou a receber a atenção há muito concedida ao basquete masculino.

    Ellie não é um mascote comum

    Ellie, a Elefante, nasceu depois de alguns anos difíceis para o Liberty.

    O mascote original do time era um golden retriever chamado Maddie, em homenagem ao Madison Square Garden de Manhattan, a arena do Liberty desde a primeira temporada da WNBA em 1997.

    Mas, depois da compra do clube por Joe e Clara Wu Tsai, coproprietários do Brooklyn Nets da NBA, em 2019, a equipe se mudou para sua casa atual, o Barclays Center, no Brooklyn. A mudança, junto com a seleção de Ionescu pelo Liberty, como a escolha número 1 do draft, significou um novo começo da equipe.

    “Ficou claro que uma reformulação da marca era necessária”, disse Shana Stephenson, diretora de marca do Liberty.

    Em 2021, Ellie, a Elefante, foi apresentada como o novo mascote do Liberty. A inspiração para sua criação veio do final dos anos 1800, quando o showman circense P.T. Barnum promoveu o desfile de 21 elefantes pela Ponte do Brooklyn para provar à população sua estabilidade.

    Stephenson revelou que queria que Ellie fosse diferente dos típicos mascotes – muitas vezes personagens musculosos e machistas que enterram e fazem flexões nos bastidores. Ellie foi criada como mulher para refletir as atletas femininas fortes e poderosas do Liberty, segundo a diretora.

    Ela também viu uma oportunidade de alcançar novos públicos explorando a moda, a música e o cenário cultural do Brooklyn.

    Segundo Criscia Long, diretora sênior de entretenimento do Liberty, a personalidade e a aparência de Ellie são distintamente negras, femininas e queer – algo que pode ser atribuído a uma equipe de mulheres negras nos bastidores.

    Ellie transforma os jogos em festa

    De volta ao jogo, Ellie está animando a plateia.

    O Liberty assumiu a liderança contra os Aces, e os níveis de alegria e decibéis na arena estão mais elevados do que nunca – não é de admirar que a New York Magazine tenha recentemente apelidado os jogos do Liberty de “a melhor festa de Nova York”.

    Ellie, a mais festeira da equipe, não está disposta a deixar essa energia escapar. Do momento que a bola sobe até a campainha final, Ellie está constantemente em movimento, entretendo o máximo de fãs que pode.

    Ela reclama quando os árbitros tomam decisões erradas e em questão de segundos, ela de alguma forma atravessa a arena. Robert Taylor Jr., um dos “Stompaz”, a equipe de treinadores pessoais de Ellie, diz que queima mais de 1.000 calorias seguindo a mascote pela arena a cada jogo.

    Impacto no aumento de público

    A participação nos jogos em casa aumentou cerca de 64% de 2023 a 2024, e a adesão aos ingressos para a temporada aumentou 130% ano após ano (um desenvolvimento que levou a um aumento considerável de preços para a temporada de 2025).

    Essas tendências também se refletem de forma mais ampla na WNBA.

    Com base no crescimento constante dos últimos anos, a liga quebrou recordes de audiência e público nesta temporada. Isso se deve, pelo menos em parte, aos esforços criativos de franquias como a Liberty para atrair novos públicos – esforços que incluem Ellie.

    Ellie transcende o basquete de Nova York

    Desde que foi apresentada, Ellie deixou de ser um mascote local para se tornar um ícone cultural – graças ao conhecimento do Liberty em mídias sociais.

    Vídeos das performances fascinantes de Ellie no intervalo, nas quais ela faz cosplay de Beyoncé, Mary J. Blige e Lil’ Kim, atraíram um público considerável nas redes sociais (atualmente ela tem 113.000 seguidores no Instagram e mais de 178.000 no TikTok). A participação de Ellie no desafio viral dos Bongos levou Cardi B a dizer que ela “me envergonhou”.

    O senso de moda de Ellie ganhou cobertura na Vogue. No início deste verão, ela apareceu na capa da Time Out New York e conseguiu acordos de patrocínio com marcas de cuidados com a pele, além de inspirar uma nova coleção de tênis.

    “Ellie tem uma presença enorme nas redes sociais e nos permitiu alcançar fãs em todo o mundo”, diz Stephenson.

    Esse alcance global é significativo para o basquete feminino, que historicamente tem lutado para angariar a visibilidade do basquete masculino. O grande número de seguidores de Ellie e sua promoção do Liberty para além do dia do jogo ajudam a preencher essa lacuna.

    O artista por trás da máscara

    Segundo Criscia Long, grande parte da personalidade de Ellie e da presença nas redes sociais vem do artista dentro da fantasia. Para ela, o amplo apelo de Ellie vem da formação de seu intérprete, que é do Brooklyn, e do seu profundo conhecimento da cultura pop.

    Mas isso é o máximo que se consegue extrair sobre o assunto. O clube não revela a verdadeira identidade de Ellie, o que gera especulações desenfreadas sobre quem poderia ser.

    Alguns fãs teorizaram que Ellie é interpretada por um homem. Outros acreditam que Ellie é na verdade um elenco rotativo de artistas (uma teoria que Stephenson desmascarou, observando que a mesma pessoa retratou Ellie desde a introdução da personagem em 2021).

    “É como ‘The Masked Singer’”, diz uma torcedora, fazendo referência ao reality show em que celebridades cantam músicas disfarçadas.

    Por mais intrigante que seja a questão, o mistério, dizem, faz parte da magia.

    Pavimentando o caminho do Liberty – e da WNBA

    Ellie traz mais para a franquia Liberty do que puro entretenimento. Ela mantém os fãs envolvidos e, o que é mais importante, ela também traz dinheiro.

    A loja de presentes no Barclays Center tem uma parede forrada com produtos da Ellie: flâmulas, broches e ímãs. Uma nova camisa verde da Ellie está exposta em um manequim na frente da loja. As pelúcias da Ellie, que várias crianças carregam, e a trança da Ellie que estava à venda no início desta temporada estão esgotadas há muito tempo.

    “Parece estar aumentando o envolvimento com o time e, por extensão, com a liga”, diz Vogan, professor da Universidade de Iowa. “Eu não ficaria surpreso, dado o sucesso de Ellie, se outras equipes criassem mascotes que operam em moldes semelhantes.”

    Outras equipes da WNBA realmente entraram em contato sobre como podem replicar o sucesso de Ellie, confirma Stephenson. Seja qual for o segredo, está claro que o Liberty conseguiu algo especial com Ellie.

    “Eu iria a um jogo do NY Liberty só para ver Ellie!” um usuário comentou em um vídeo do TikTok de Ellie atuando como Mary J. Blige.

    Lauren Ludwig é outra fã recentemente convertida. O jogo 1 das semifinais foi seu terceiro jogo no Liberty – ela compareceu ao seu primeiro jogo nesta temporada depois de se mudar recentemente para perto do Barclays Center, e a atmosfera a fez voltar.

    “Há muita energia e todos os outros fatores, como Ellie e os dançarinos”, diz ela. “Todo mundo está tão feliz e é tão divertido.”

    Segundo Stephenson, essa é uma parte fundamental da estratégia por trás de Ellie: “Venha para Ellie, fique para Ionescu, Jonquel Jones e as demais atletas do elenco do Liberty.”

    A julgar pela multidão extasiada na arquibancada, a estratégia parece estar funcionando.

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