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    Com toco no último segundo, França elimina Eslovênia no basquete masculino

    Doncic, estrela da NBA, fez triplo-duplo, mas não arremessou bola final para os eslovenos; herói improvável, Batum fez história e garantiu vitória por 90 a 89

    Leandro Iamin, colaboração para a CNN

    Vencer a equipe de basquete dos Estados Unidos nas Olimpíadas é algo raro e dificílimo. Vencer duas vezes na mesma edição é, além de muito mais difícil, algo inédito. E é exatamente o que a França vai precisar fazer para conquistar o ouro nas Olimpíadas 2020.

    Isso porque na manhã desta quinta-feira (5) os franceses venceram a Eslovênia de Luka Doncic por 90 a 89 e se classificaram para a final olímpica em Tóquio.

    A partida foi decidida no último segundo, como manda a cartilha dos grandes jogos. Mas há algo de especial na jogada em si: geralmente falamos de um arremesso que cai, ou não, na cesta. E este arremesso, naturalmente, sai das mãos do principal arremessador da equipe.

    Nada disso aconteceu. Era evidente que Doncic, o craque que ganha silhueta de gênio a cada temporada da NBA, teria a bola do jogo. Tão evidente que os eslovenos não puderam usá-lo.

    Perdendo por um ponto, com a posse da bola, e 21 segundos no relógio, a Eslovênia precisava de uma bola simples, contanto que queimasse todo o tempo do relógio. Doncic exibia exuberantes 16 pontos, 10 rebotes e 18 assistências – esta última estatística particularmente assombrosa.

    E ele fez o passe no que seria sua 19.ª assistência na partida para Klemen Prepelic, jogador do espanhol Valência, que bateu para dentro do garrafão francês e fez todo o movimento de bandeja.

    Foi quando apareceu Nicolas Batum, em um dos momentos mais brilhantes de sua carreira. O ala de 32 anos saltou por trás do atacante esloveno e conseguiu um toco que entrou instantaneamente para o altar dos épicos lances do basquete. Um toco técnico, bonito e difícil de ser feito.

    Valeu a vitória para uma França que sofreu por todo o primeiro tempo, atrás no placar na maior parte do tempo, e que, particularmente no segundo período, parecia frustrada em seu plano específico de jogo – foi o período mais travado da partida, e a equipe não achava oportunidades para dar arremessos limpos. Parecia queimar jogadas – o que só mudou na volta do intervalo.

    Cresceram Nando De Colo e Even Fournier com, respectivamente, 25 e 23 pontos no jogo. Dois atletas de criação, de fora do garrafão, que tiveram enfim campo de visão para dribles e arremessos. Foi como a França encontrou um jeito contundente de atuar.

    Esloveno Luka Doncic fez 16 pontos, 10 rebotes e 18 assistências contra França
    Luka Doncic fez 16 pontos, 10 rebotes e 18 assistências, mas não conseguiu levar a Eslovênia para final olímpica do basquete
    Foto: Charlie Neibergall – 5.ago.2021/AP

    O atletismo da dupla assinou 48 dos 90 pontos da equipe, ou seja, mais da metade do obtido em todo o jogo. Batum, até então sem dar pistas de que seria o herói, acabou o duelo com míseros 3 pontos.

    O último período foi daqueles que se assiste em pé e, para quem tem um olhar neutro para o jogo, dá aflição imaginar que uma equipe será derrotada. Atrás no placar após o terceiro período brilhante feito por De Colo e companhia, a perseguição eslovena tinha o suor de Doncic, com recursos para fazer tudo o possível em uma quadra. Até levar sua seleção para a última bola do jogo.  

    Não foi suficiente. De Colo (ex-NBA, atualmente no Fenerbahce, da Turquia), Fournier (novo nome do Boston Celtics), Rudy Gobert (Utah jazz) e Nicolas Batum (Charlotte Hornets) arrancaram a vitória naquele detalhe que faz do basquete um esporte perverso e apaixonante. O último lance do jogo foi impossível de ser treinado. Mas foi possível defender-se dele. O toco de Batum fez a diferença.

    Além destes quatro atletas supracitados, o time da França tem mais dois jogadores de NBA, Frank Ntilikina e Luwawu Cabarrot. Um elenco experimentado e reconhecidamente forte, portanto, sem contar, por exemplo, Yabusele e Poirier, a dupla do Real Madrid.

    Se são fortes o suficiente para vencer duas vezes os Estados Unidos numa mesma competição, saberemos na sexta-feira (6), a partir das 23h30 (horário de Brasília).

    A campanha dos franceses já garante uma prata e reserva ao menos dois jogos inesquecíveis – o desta quinta, e a estreia nos Jogos, quando mostraram ser possível bater o Dream Team.

    A França foi campeã europeia em 2013, em campanha que teve o aposentado e ex-Spurs Tony Parker como líder em quadra. Em 2015, ficou com a medalha de bronze na mesma competição. Em 2014 e 2019, a França foi terceiro lugar da Copa do Mundo. É uma seleção que persegue de perto as grandes finais.

    E enfrentar o Dream Team dos EUA é a definição de uma grande final.

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