Basquete Masculino: Dream Team estreia cansado e desfalcado neste domingo (25)
Time de basquete dos Estados Unidos encontra a França e vai para uma campanha que pode – e deve – acabar em ouro, mas longe do time que encantou o mundo em 1992
Na manhã deste domingo (25), às 9h (horário de Brasília), entra em ação um patrimônio do imaginário afetivo olímpico: a seleção de basquete masculino dos Estados Unidos.
Diante da França, a equipe norte-americana, que desde 1992 recebe o apelido de Dream Team (ou “time dos sonhos”, em tradução livre) terá que deixar de lado o pedo da alcunha para quem joga as Olimpíadas do mundo real – e nem sempre consegue estar à altura da altíssima expectativa que a comunidade esportiva gera quando sabe que é este time que está em quadra.
Na verdade, nunca foi possível repetir o desempenho de 1992. Naquela ocasião, houve uma mudança de política no basquete daquele país, e os Estados Unidos passaram a enviar às Olimpíadas o que tinham de melhor na NBA – e isso significava unir Michael Jordan, Larry Bird, Magic Johnson, Pat Ewing e meia dúzia de outros gênios. Até então a oportunidade olímpica não envolvia os profissionais da liga.
Vitor Camargo, do blog Vinte e Dois, do podcast Na Era do Garrafão e autor do livro “Na Era de Gigantes”, aposentaria o termo. “Dream Team era o original. Não só pelo basquete. A ideia do time de 1992 não era só ganhar, mas contar uma história da NBA para o mundo. Os times que vieram depois não tiveram nem o propósito, nem o conceito por trás do Dream Team original”, disse.
Equipe sob Pressão
Os Estados Unidos perderam as contendas olímpicas em 1988, última vez que foram sem profissionais da NBA, e em 2004, quando perderam na semi para a Argentina. Em uma matemática simples, cada vez que ganham três seguidas, perdem a seguinte. Segundo esta lógica, o Dream Team de Tóquio 2020 não conseguiria a medalha de ouro.
Para além da matemática e das coincidências, estaria o time americano correndo risco real de deixar escapar a medalha mais cobiçada?
“Pressão sempre tem, por causa das expectativas. E, claro, sempre tem a questão de orgulho. Ninguém quer fazer parte do Dream Team que não ganhou o ouro”, observa Vitor, que também faz uma lembrança: o calendário da NBA foi mais apertado do que o esperado devido ao desejo de ter seus melhores atletas à disposição do programa olímpico. Mas isso tem um custo.
A seleção americana, no mínimo, chega cansada, longe da melhor forma física e também mental, já que teve baixas nas vésperas dos Jogos. O que não atenua, em caso de derrota, a situação dos jogadores convocados – afinal, houve um esforço para que as Olimpíadas de 2020 coubessem justamente na agenda deles.
O que veremos em quadra?
Kevin Durant, do Brooklyn Nets, é o astro maior. Lillard, dos Blazers, e Tatum, do Boston Celtics, também são atletas especiais. Mas, se este time, comandado pelo lendário Gregg Popovich, não pode alcançar o nível de 1992, nem está descansado o suficiente como o de 2012, o quê, então, ele pode oferecer para preencher nossos melhores sonhos?
Vitor Camargo tem uma suspeita: “Esse time é muito pesado em criadores individuais. Terá muito um-contra-um em quadra. Muita bola de fora também. As marcas tradicionais são defesa agressiva e muita velocidade na transição”. Só a existência de um destaque tático já dá a medida: o time americano chega como um time falível, não como uma máquina de sonhos.
O torneio, que tem a ausência de seleções que eram candidatas a medalha, como Sérvia e Lituânia, tem na Espanha uma candidata séria a incomodar o Dream Team de 2021. A Nigéria aparece como provável surpresa, e times como Itália, França e Argentina correm por fora.
O basquete masculino olímpico reúne 12 equipes divididas em 3 grupos. Oito seleções passam para as quartas de final. A França, adversária dos americanos, tem vários atletas de NBA em seu elenco, como De Colo, Fournier e Batum.