Uma nova temporada e muita coisa mudou, mas muito permanece o mesmo na Fórmula 1.
Nenhum esporte traz personalidade, política e drama como a F1, o que explica o sucesso global da série documental da Netflix “Drive to Survive”, cuja quinta temporada estreou na semana passada.
Fresco em nossas memórias esta a temporada da Fórmula 1 do ano passado, desde a violação do teto orçamentário da Red Bull em 2021 até a mudança surpresa de Fernando Alonso para a Aston Martin.
Este ano promete mais incidentes de alta velocidade, dentro e fora da pista. Mesmo antes da corrida de abertura da temporada no Bahrein, em 5 de março, havia muito o que digerir, sugerindo que a sexta temporada de “Drive to Survive” será tão fascinante quanto as edições anteriores.
A mais recente de uma série de controvérsias, que passa ao longo dos 13 meses da presidência de Mohammed Ben Sulayem a frente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), envolveu uma nova regra introduzida em dezembro.
No mês passado, vários pilotos, incluindo Lewis Hamilton e Max Verstappen, falaram abertamente sobre suas preocupações com a regra que proibia os motoristas de fazerem “declarações políticas, religiosas e pessoais”.
A FIA, no entanto, pareceu voltar atrás algumas semanas depois, emitindo uma nota de “orientação” que dizia que a regra se aplicava apenas durante os eventos pré e pós-corrida – e na pista.
No início desta semana, a Fórmula 1 ficou sob os holofotes mais uma vez, depois que um grupo de direitos humanos levantou preocupações sobre o que afirma ser o papel contínuo do esporte na “lavagem esportiva”, ao realizar corridas no Bahrein e na Arábia Saudita.
Em comunicado à CNN na segunda-feira, a FIA disse que “não pode interferir nos assuntos internos de um estado soberano”, enquanto um porta-voz da F1 disse à CNN que o esporte leva suas responsabilidades “muito a sério”.
Um recorde de 23 corridas será realizado nesta temporada, com Las Vegas sediando sua primeira corrida na categoria desde a década de 1980, tornando-se a terceira cidade dos EUA no calendário, ao lado de Miami e Austin.
Ao longo do ano, Verstappen e a Red Bull são os principais favoritos a vencer mais uma vez.
Embora três dias de testes de pré-temporada não revelem tudo o que precisamos saber sobre a competitividade, os dois carros da Red Bull pareciam fortes no circuito de Sakhir, no Bahrein, na semana passada, com Sergio Pérez, da Red Bull, marcando a volta mais rápida da semana.
“O carro está funcionando muito bem”, disse Verstappen a repórteres no Bahrein. “Apenas passando por muitas coisas que queríamos tentar. Em geral, gostando de dirigir o carro”.
No início do ano passado, a Red Bull minimizou as perspectivas da equipe, mas este ano, Verstappen está com um humor mais otimista. Questionado pelos repórteres sobre seu objetivo, Verstappen respondeu: “Nosso objetivo é vencer e vencer o campeonato, apenas”.
Charles Leclerc, da Ferrari, foi o rival mais próximo de Verstappen no ano passado, mas suas palavras foram menos otimistas na entrevista coletiva, com o piloto da Ferrari dizendo que a equipe tinha “algum trabalho a fazer”, antes de acrescentar que a Red Bull “parece ser muito forte nesses três dias”.
Leclerc e seu companheiro de equipe Carlos Sainz completaram 416 voltas no circuito durante os testes, e o novo chefe da equipe, Fred Vasseur, cuja tarefa é entregar o primeiro campeonato da equipe desde o título de construtores em 2008, parecia bastante feliz com o que viu.
“O objetivo principal era obter o máximo de quilometragem possível e fizemos isso, embora também seja verdade que você sempre quer fazer mais e ter mais tempo. Mas é o mesmo para todos. Sempre que conseguimos juntar tudo, o desempenho parecia estar lá, mas claramente ainda estamos no processo de conhecer o carro, então é muito cedo para dizer qualquer coisa. O clima na equipe é perfeito e estamos em boa forma para começar esta longa temporada”.
Para a Mercedes, de Lewis Hamilton e George Russell, não havia sinal da recuperação dos problemas que atrapalharam a última temporada. A Mercedes terminou em terceiro lugar geral no ano passado, encerrando uma sequência de oito títulos consecutivos de construtores.
“Não estamos exatamente onde queríamos estar, mas é uma boa plataforma para começar”, disse Hamilton, que não venceu corridas na temporada passada.
O melhor do restante das equipes pode ser a Aston Martin, que substituiu o aposentado Sebastian Vettel pelo bicampeão mundial Fernando Alonso.
Uma década após sua última vitória na categoria, Alonso poderia ser competitivo o suficiente para conquistar a 33ª vitória nesta temporada? Ele foi o segundo mais rápido no primeiro dia de testes, o terceiro mais rápido no segundo dia e o nono no último dia.
A Aston Martin terminou em sétimo no geral no ano passado, mas os rivais parecem pensar que deram um grande passo durante a pré-temporada.
“Parece que o conceito de carro deles os levou adiante e eles parecem não estar muito longe. Fernando, em particular, parece muito competitivo”, disse o chefe da Red Bull, Christian Horner.
Quatro das dez equipes têm novos dirigentes, uma indicação de que o gerenciamento de times de Fórmula 1 está se tornando cada vez mais parecido com a natureza voltada para resultados como no futebol.
Vassuer é o quinto chefe de equipe da Ferrari em menos de uma década. Substituindo Vasseur na Sauber está Andreas Seidl, enquanto Andrea Stella agora é chefe de equipe da McLaren e James Vowles assumiu a Williams.
Outra mudança é a regra reescrita que garante pontos reduzidos para corridas encurtadas. A corrida do Japão no ano passado, atingida pela chuva, foi temporariamente interrompida após duas voltas, e retomada mais de duas horas depois, com 28 das 53 voltas programadas concluídas.
Pontos completos foram concedidos, o suficiente para Verstappen conquistar o título, mas houve uma confusão inicial sobre se o holandês havia conquistado ou não o título naquele GP, e precisou que a FIA esclarecesse na época que a regra de redução de pontos só se aplicava a corridas que eram suspensas ou que não poderiam ser retomadas.
Um ajuste de limite de custo também foi acordado, para permitir que as equipes gastem US$ 1,2 milhão extra, além de uma base de US$ 135 milhões para a temporada, por causa da corrida extra no calendário.
Melhorias, ajustes e mudanças feitas em preparação para mais um ano eletrizante de um esporte que é diferente de todos os outros.