Atlético-MG alinha venda da SAF a Peter Grieve; saiba quem é o empresário
Valor total do investimento seria de R$ 1,8 bilhão, o que daria ao Galo a maior operação entre os clubes brasileiros
O Atlético-MG está perto de acertar a venda da maior parte das ações de sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ao empresário norte-americano Peter Grieve. Conforme apurou a Itatiaia, o processo de diligência, iniciado há quatro meses, foi concluído nesta semana.
Depois da aprovação dos números, as partes iniciaram as tratativas para a construção de um Memorando de Entendimentos (ou MOU – Memorandum of Understanding -, como é conhecido no mercado). O documento serve como uma espécie de pré-contrato.
Ainda segundo apurou a reportagem, o valor total do investimento será de R$ 1,8 bilhão. Além de Grieve, os 4Rs terão um percentual da SAF — os empresários que formam o colegiado são Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Além dos R$ 300 milhões já investidos, o grupo aportará mais R$ 100 milhões de forma imediata.
A associação manterá outra fatia das ações. A divisão será tratada em detalhes no processo de construção do Memorando de Entendimentos.
Nas negociações, ficou acertado que a Arena MRV e a Cidade do Galo, principais patrimônios da associação, serão incluídas na operação. Os percentuais serão correspondentes ao que for acordado no contrato de venda da SAF.
Peter Grieve esteve no Brasil no início do ano, quando o processo de diligência foi iniciado. Ele contratou um executivo para representá-lo nas tratativas. O CEO do Atlético, Bruno Muzzi, representou o clube nas conversas. O banco BTG Pactual e a multinacional Ernst & Young também participaram do processo.
Percentuais e forma de pagamento
De acordo com o balanço do Atlético referente a 2022, a dívida líquida do clube é de R$ 1,57 bilhão. A expectativa dos dirigentes é de que esse valor seja totalmente quitado com o investimento da SAF. Se conseguir cumprir todas as obrigações pendentes, o Atlético não precisará passar por um processo de Recuperação Judicial (RJ) ou Regime Centralizado de Execuções (RCE). O clube acredita que ainda terá importante valor em um fundo de reserva para investimentos futuros.
Maior SAF do Brasil
Se confirmar a venda das ações da SAF por R$ 1,8 bilhão, o Atlético terá realizado a maior operação entre os clubes brasileiros até aqui. O valor supera a soma do que foi embolsado pelas equipes da Série A que passaram pelo processo de transformação.
Próximo passo
Com o Memorando de Entendimentos finalizado e assinado, a última etapa do processo será a apresentação do documento ao Conselho Deliberativo. Os associados terão oportunidade de apreciar os detalhes da operação para votar a venda ou não das ações a Grive e os 4Rs.
Quem é Peter Grieve
Perto de se tornar o principal investidor da SAF do Atlético, Peter Grieve terá viagem ao Brasil no mês de maio – a data ainda não está definida. Ele aproveitará para tratar os últimos detalhes da operação.
O empresário não é nome muito conhecido no cenário brasileiro, mas tem história que relaciona investimentos ao mundo do futebol. Conheça, nos tópicos abaixo, um pouco mais da vida e carreira de Grieve.
Vida pessoal e carreira
Peter Grieve foi fuzileiro naval nos Estados Unidos, e mesmo antes disso já conhecia e amava o futebol. Após se graduar em 1977 e passar anos na Marinha, ele estudou administração e negócios na Tuck School of Business, em Hanover, no Estado de Nova Hampshire, onde também pôde jogar pelo time da instituição.
Após a faculdade, Grieve trabalhou durante anos no Goldman Sachs, banco de investimentos fundado em Nova York. Ele ficou na empresa por mais de 20 anos, mas mudou os rumos da carreira para ajudar a fundar a Cordia Bancorp Inc., grupo para adquirir e recuperar bancos falidos.
Simultaneamente, passou a diversificar os investimentos, e nesse momento entrou ainda mais no mundo do futebol. Em 2008, passou a fazer parte do quadro de diretores do Grassroot Soccer, organização que busca conscientizar jovens africanos sobre o HIV.
Participação no mundo do futebol
No mesmo contexto da campanha de conscientização na África, Peter Grieve participou da fundação do Bantu Rovers, clube profissional de Zimbábue do qual ainda é coproprietário. O time até chegou à elite nacional, mas não se manteve no topo e também não teve protagonismo.
Já nos anos 2010, o empresário estadunidense integrou o grupo de donos do Europa Point, time de Gibraltar que também não teve grande destaque no cenário do futebol. Em 2016, Grieves tentou comprar o Hull City, clube da Inglaterra, mas esbarrou nas negociações e não conseguiu concluir o investimento. No Brasil, ele tentou acordo com o Botafogo, mas o clube carioca se acertou com John Textor.
Além dessas tentativas, Grieve fundou a The Football Co., e com o projeto, foi em diferentes continentes buscar investidores para comprar equipes pelo mundo no formato “MCO” (Multi-club ownership), em que um grupo detém vários clubes.
Em entrevista ao site Off The Pitch, o empresário garante que o grupo já adquiriu clubes da Conmebol, da Concacaf e da Uefa, além de “academias de futebol em países em desenvolvimento”. Com diversas tentativas ao longo dos anos, Grieve nunca escondeu o amor pelo esporte.
“Todos os meus melhores amigos, tudo de bom na vida que aconteceu comigo saiu deste jogo”, afirmou em outro pronunciamento.