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    Amadores e campeão da MLB: como o beisebol do Brasil surpreendeu no Pan

    Comitê Olímpico Brasileiro ajudou com despesas de viagens para treinos e enviou documentos às empresas dos atletas solicitando liberação dos jogadores

    Seleção Brasileira de beisebol conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago
    Seleção Brasileira de beisebol conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago Miriam Jeske/COB

    Beatriz Consolinda CNN

    Da mistura entre jogadores da maior liga do mundo e atletas amadores com outros empregos, um resultado: a história. O beisebol brasileiro foi a grande surpresa do país nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. A modalidade, que não participava de um Pan desde 2007, conquistou a medalha de prata depois de superar alguns dos gigantes do esporte.

    Para quem descobre que o time tem nove jogadores amadores que conciliam o beisebol com outras profissões, a conquista pode parecer uma surpresa. Para o time, não foi.

     

     

    “Mesmo antes de chegar ao Chile a gente já tinha o objetivo de ganhar medalha. Não viemos aqui para fazer história, para que se lembrem do nosso nome, viemos para subir no pódio. O time jogou todas as partidas bem focado contra equipes com mais tradição do que nós, mas a confiança no trabalho feito no Brasil é grande”, afirmou Felipe Natel, principal arremessador titular do time, que está há mais de uma década no Japão, em entrevista à CNN Brasil.

    José Thiago Caldeira, membro da comissão técnica da Seleção Brasileira de Beisebol, também afirmou que confiança não era um problema para a equipe que viajou a Santiago.

    “Quando saiu o nosso grupo, com países tradicionais do beisebol, sabíamos que seria difícil. Mas a gente veio com essa meta, de fazer história. Desde o inicio a gente acreditava, a comissão foi certeira nessa meta, fizemos uma preparação como nunca havia feito uma Seleção Brasileira [de Beisebol]”, contou.

    Desfalques

    A equipe não foi com força máxima para o Pan de Santiago. Alguns jogadores brasileiros que atuam em ligas internacionais, como a Major League Baseball (principal liga de beisebol do mundo), dos Estados Unidos, não foram liberados pelas equipes, pois precisavam respeitar o tempo de descanso estipulado pelas franquias.

    “A gente precisa ter autorização dos times. O Thiago Vieira, que joga na Major League Beiseball, estava na lista e acabou não tendo a liberação de última hora. Quando não liberam, não tem o que fazer. Eles [MLB] pedem descanso para os arremessadores, eles fazem um planejamento para o atleta. Com o Pan, não daria para respeitar esse descanso, então não liberaram. Tivemos que fazer algumas trocas”, contou Thiago.

    Entre o beisebol e outras profissões

    A comissão, que meses atrás fazia documentos para pedir liberação dos atletas às empresas em que eles trabalham, viu a equipe superar os gigantes do beisebol. No chamado “grupo da morte”, o Brasil venceu Venezuela, Colômbia, Cuba e Panamá.

    “São poucos os que vivem de beisebol. Tem dentista, chapeiro, advogado. Eles fazem por amor pelo esporte. Tivemos que conversar com as empresas em que eles trabalham para que eles pudessem ficar tanto tempo longe. A federação teve que mandar um documento pedindo essa liberação”, explicou.

    Entre os 23 atletas presentes no Pan, apenas cinco são atletas profissionais de beisebol e atuam no exterior. Um deles é Paulo Orlando, primeiro brasileiro campeão da MLB e atualmente no Kansas City Royals.

    No restante do elenco, nove não são profissionais e têm empregos, como Osvaldo Jr., que tem 22 anos de idade e é servente de pedreiro. Os outros nove jogadores também conciliam a vida de atleta com diferentes funções, mas dentro do beisebol, como professor, técnico, entre outras.

    A preparação da equipe

    A chave para a conquista inédita na história do beisebol brasileiro, que até então jamais tinha superado a quinta colocação no Pan, consiste em treino. A equipe conseguiu iniciar a preparação para o torneio em março deste ano e manter os treinamentos aos fins de semana.

    Com atletas morando em diferentes lugares do Brasil e do mundo, além de conciliar outros empregos, o Comitê Olímpico do Brasil decidiu investir na preparação da equipe. Os treinos eram realizados no interior de São Paulo.

    “A gente começou a treinar bem cedo, o grupo se uniu muito, foi o grande diferencial dessa equipe. Nós sempre quisemos fazer isso [iniciar os treinos com antecedência], mas esbarrávamos na questão financeira. Neste ano, o COB arcou com as despesas de viagens dos atletas para os treinos da Seleção Brasileira. Alguns moram no Mato Grosso, outros nos Estados Unidos, ela cobriu as passagens de todos para virem treinar”, contou Thiago.

    Comunidade do beisebol

    Por ser um esporte ainda pouco praticado no país, o meio do beisebol ainda é restrito. Muitos dos atletas da Seleção Brasileira jogam juntos ou se conhecem desde crianças. Segundo Thiago, isso também ajuda no entrosamento e na união da equipe.

    Legado para o beisebol

    A campanha histórica do beisebol no Pan de Santiago pode ser um marco para o esporte no Brasil. Thiago conta que já está percebendo os impactos dessa participação.

    “Com certeza, esse Pan vai ter impacto no beisebol brasileiro. No próximo fim de semana, em Ibiúna, haverá um torneio de crianças com 28 equipes. Fazia tempo que não tínhamos tantas equipes assim. Estão surgindo novos times, outros que tinham fechado estão voltando. Já estamos tendo retorno, as crianças estão tendo ídolos, que não tinham”, contou José Thiago Caldeira.


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