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    Será que Mick Schumacher pode se igualar ao pai na Fórmula 1?

    Como filho de uma lenda da Fórmula 1, ele sempre atraiu a atenção, mesmo sendo um jovem piloto ainda abrindo caminho no esporte

    Mick Schumacher correrá na Fórmula 1 em 2021 pela Haas
    Mick Schumacher correrá na Fórmula 1 em 2021 pela Haas Foto: Instagram/Reprodução

    Por Aimee Lewis, da CNN

    Como filho de uma lenda da Fórmula 1, ele sempre atraiu a atenção, mesmo sendo um jovem piloto ainda abrindo caminho no esporte. Mas, quando o então jovem de 20 anos terminou sua primeira temporada na Fórmula 2 em 12º lugar, 213 pontos atrás do eventual campeão, mesmo fazendo parte da melhor equipe do campeonato, várias questões surgiram.

    Será que o filho de Michael Schumacher não iria nunca se tornar um campeão mundial de F1, ou nem sequer chegaria ao topo do automobilismo? Afinal, os dois campeões anteriores da F2 – Charles Leclerc e George Russell – conquistaram o título em suas temporadas de estreia. A temporada de 2020 foi, portanto, decisiva.

    Logo após a última corrida de 2019, realizada em dezembro daquele ano, que o jovem Schumacher, integrante da escuderia Ferrari Driver Academy, se reuniu com sua equipe PREMA Racing para o tipo de conversa que não deixa nenhum assunto de fora, e que muitas vezes são obrigatórias para que haja uma mudança positiva.

    “Depois da última temporada, sentamos com Mick e conversamos francamente. Foi uma discussão aberta entre nós, na qual apontamos o que ele tinha de melhorar, e onde nós tínhamos de melhorar, e elaboramos um plano para ficarmos prontos para a primeira corrida da temporada seguinte”, disse o chefe da equipe, Rene Rosin, à CNN.

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    Em menos de 12 meses, e em uma temporada limitada pela pandemia do novo coronavírus, a sorte de Schumacher mudou. Faltando apenas uma corrida, ele lidera o campeonato F2 com 14 pontos e, na quarta-feira (2), foi anunciado que correrá na F1 na próxima temporada, onde seu pai, um brilhante heptacampeão mundial, tornou-se uma das maiores estrelas.

    Hoje com 21 anos, Schumacher sempre foi um piloto talentoso, de acordo com Rosin. Mas, ele precisava de tempo para se adaptar após sua promoção, vindo da Fórmula 3 Europeia, onde venceu o campeonato em seu segundo ano após uma primeira temporada nada auspiciosa.

    Mick precisava aprender, por exemplo, como manejar os pneus, saindo de dirigir com os Hankook aos quais estava acostumado na F3 e chegando aos pneus da Pirelli, além de se ajustar a um carro mais pesado e potente.

    “Um dos pontos fortes de Mick é que, quando ele aprende algo, ninguém mais tira isso da cabeça dele”, acrescenta Rosin. “É um cara muito técnico, quer entender tudo 100% antes de colocar em prática. Estamos trabalhando juntos há cinco anos e ele cresceu como piloto e como homem. Ele faz parte da nossa equipe e é um piloto incrível”.

    Não apenas outro jovem piloto

    Campeonato que acontece nos mesmos finais de semana de corrida de F1, a F2 é um terreno fértil, um lugar onde os pilotos podem mostrar suas habilidades como lutadores de aquecimento antes da luta principal no ringue.

    Os atuais pilotos da F1 Leclerc da Ferrari, Russell da Williams e Lando Norris da McLaren são campeões anteriores de F2, assim como Lewis Hamilton, embora em sua época a F2 fosse diferente.

    No entanto, Schumacher nunca foi exatamente como a maioria dos outros jovens pilotos. Há um interesse febril em seu progresso. Durante seus dias de piloto de kart, Mick Schumacher escolheu correr sob os pseudônimos de Betsch (o nome de solteira de sua mãe) e Junior, enquanto tentava aprender seu ofício longe dos holofotes.

    “Ele conhece o peso de seu nome, sabe que precisa administrar a pressão e é capaz de administrar a pressão”, opinou Rosin.

    “Não o tratamos de forma diferente de qualquer outro corredor. Ele é um dos pilotos da equipe e queremos dar-lhe o nosso melhor para que tenha um bom desempenho. Ele se acostumou a vida toda à pressão. Por outro lado, se você quer ganhar o campeonato e quer ser líder no esporte, tem que aguentar isso, caso contrário não irá para a Fórmula 1, nem estará nas categorias principais do automobilismo”.

    Schumacher, que neste fim de semana pode ser coroado campeão mundial de F2, não só melhorou na pista nos últimos 12 meses, como parece mais confiante fora dela. No ano passado, suas respostas aos jornalistas foram tímidas muitas vezes. Em 2020, ele passou a ser mais aberto nas entrevistas.

    Mick falou recentemente sobre Michael, que sofreu graves ferimentos na cabeça em um acidente de esqui em 2013, contando em um documentário da rede RTL que ele estava usando dicas dadas por seu pai.

    Lawrence Barretto, redator sênior do site F1.com, entrevistou Schumacher no Bahrein no ano passado e novamente na Alemanha nesta temporada. Na ocasião, Mick Schumacher deveria fazer sua estreia nos treinos da F1, mas teve o momento adiado por causa da chuva.

    “Ele é bem treinado em lidar com a mídia porque é aconselhado pelas mesmas pessoas que falavam com seu pai”, afirmou Barretto à CNN.

    “Este ano, ele relaxou mais em seu papel como piloto de corrida. Ficou muito mais expansivo e aberto sobre suas experiências e a Fórmula 1, fala bastante sobre o pai e está parecendo um piloto mais confiante, que deve ser capaz de lidar com a pressão da mídia que virá com o nome Schumacher”.

    Ele merece um lugar na F1?

    Anunciado como um dos dois novos pilotos da equipe norte-americana Haas para a campanha de 2021, será que Schumacher é bom o suficiente para competir na F1? Como o próprio Mick Schumacher disse: “Meu nome não vai me colocar no topo do campeonato”.

    “Ele mais do que merece sua chance na F1 no próximo ano”, acrescentou Barretto. “É claro que ele está na melhor equipe da F2, mas ainda assim é preciso saber aproveitar o que vem com esse pacote. Também acho que é mais difícil para ele do que a maioria de seus rivais por causa da pressão que vem com seu nome”.

    “Seria muito fácil para ele sucumbir à pressão, cometer erros, para acabar não sendo tão rápido como seu pai costumava ser, mas ele parece estar lidando com tudo de forma muito impressionante e apresentando resultados consistentes”, continuou Barretto.

    “Conseguir lidar com a pressão é um dos fatores que mais causa uma boa impressão na Fórmula 1. Depois de observar muitos pilotos no grid ao longo dos anos, vejo que é a pressão que parece dar o veredito, mesmo que eles sejam super talentosos”.

    “Ele vai ser um bom piloto [de F1]. Não acho que haja muitas pessoas em nossa vida que serão capazes de igualar o que Michael fez. Há Michael e Lewis [Hamilton] lá em cima e eles estão confortavelmente à frente de qualquer outra pessoa.

    “Pelo que vimos, não acho que ele vai se igualar ao Michael, mas ainda acho que ele tem potencial, já mostrou o suficiente para ser um vencedor de corridas e disputar títulos mundiais. Só acho que ainda não testemunhamos o suficiente para sugerir que ele vai chegar perto de igualar o pai”.

    “O nome Schumacher vai animar as pessoas”

    Seria irreal, talvez, esperar que o jovem de 21 anos igualasse os feitos de seu pai, um piloto que dominou o esporte nos anos 90, vencendo 91 corridas de Grand Prix, ganhando 68 poles e 155 pódios – todos recordes antes de Hamilton aparecer para quebrar todos eles.

    A favor de Schumacher na próxima temporada estará o fato de que ele competirá por uma equipe que não deve estar na disputa por vitórias, muito menos pelo título. Para Barretto, ele pode aprender em seu próprio ritmo, já que um piloto de F1 precisa absorver uma grande quantidade de dados, passar horas com sua equipe e trabalhar incansavelmente para obter o melhor do carro durante um fim de semana de corrida.

    “Ele pode usar o próximo ano como uma oportunidade para aprender todas essas habilidades sem muita expectativa de que vai entregar grandes resultados porque, no final das contas, o carro não será capaz de fazer isso”, explicou Barretto.

    “O seu ponto principal no próximo ano é, sobretudo, vencer seu companheiro de equipe [Nikita Mazepin] e, se isso acontecer, será uma vitória para ele”.

    Para Rosin, não há dúvidas de que Schumacher terá sucesso na categoria mais difícil do automobilismo.
    “Ele é um vencedor de corridas, é um piloto que trabalha com engenheiros, que entende a técnica, como o carro está se comportando e, claro, tem um grande porte para esse esporte. Sua arte de corrida é incrível, já nas primeiras voltas ele sabe onde colocar os pneus”.

    Ninguém deve esperar muito e cedo de um corredor cuja ascensão foi gradual. Rosin descreve o sucesso recente de Schumacher na F2 como um processo de cinco anos.

    Mas a presença de Schumacher no grid da F1 será, sem dúvida, um impulso para o esporte e sua equipe.
    “É importante para o futuro da Fórmula 1, e para esta próxima geração, que tenhamos grandes nomes que empolguem os fãs. O nome Schumacher vai animar as pessoas, independentemente de elas se interessarem ou não pela F1”, opinou Barretto.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)

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