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    Olimpíadas 2020: Ouros de atletas do Nordeste turbinaram desempenho do Brasil

    Pela 1ª vez nas participações brasileiras nos Jogos, maioria dos ouros do país não vem de atletas do sudeste; desempenho supera países europeus

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    O Brasil encerrou sua participação nas Olimpíadas 2020 com o desempenho de maior sucesso do país na história dos Jogos, com 7 medalhas de ouro – mesma marca obtida no Rio-2016 – e o maior número total de medalhas da história, o que rendeu a 12ª posição no quadro de medalhas.

    Além das mulheres, decisivas na participação brasileira em Tóquio, os ouros conquistados no Japão se destacam – e diferenciam – das medalhas de edições anteriores dos Jogos pela origem atletas brasileiros que os conquistaram. Considerando apenas os esportes individuais, 4 das 5 medalhas douradas do país foram obtidas por atletas do Nordeste: o surfista Ítalo Ferreira, do Rio Grande do Norte; Ana Marcela Cunha, Isaquias Queiroz e Hebert Conceição, da Bahia.

    Essa é a primeira vez nas participações brasileiras nas Olimpíadas que a maioria dos ouros conquistados pelo país não foi obtida por atletas do sudeste – em 2012, houve um empate entre atletas de SE e NE, com 1 ouro para cada região.

    Essa estatística registrada no Japão fica ainda mais impressionante se lembrarmos que o primeiro ouro de um nordestino em provas individuais só foi conquistado em Londres, em 2012, quando Sarah Menezes, do Piauí, esteve no lugar mais alto do pódio no judô, na categoria até 48 kg.

    O próprio Ítalo chamou atenção para essa característica das medalhas de ouro conquistas nos Jogos de 2020. No sábado (7), horas depois de Isaquias conquistar a tão sonhada medalha de ouro na canoagem, o surfista brasileiro escreveu em sua conta no Twitter: “NORDESTE TEM ÁGUA? Não não, só ouro”.

    Apesar de não ter direcionado o tuíte, a mensagem de Ítalo estava acompanhada de um emoji de sarcasmo e endereçava um dos comentários xenófobos mais comuns feitos para depreciar os nordestinos.

    Aliás, essa junção de Nordeste e água permite um recorte ainda mais específico sobre as conquistas brasileiras, já que, além de Ítalo, as medalhas de Ana Marcela (na maratona aquática) e de Isaquias também foram conquistadas em modalidades aquáticas.

    Ouro em Tóquio, Ítalo Ferreira ressaltou vitórias olímpicas de atletas do Nordes
    Ouro em Tóquio, Ítalo Ferreira ressaltou vitórias olímpicas de atletas do Nordeste
    Foto: Jonne Roriz – 28.jul.2021/COB

    A observação de Ítalo, que já reverberava bastante pela internet, explodiu ainda mais alguns minutos depois. A maranhense Rayssa Leal, que levou a medalha de prata no skate street e quebrou recordes entre os atletas olímpicos do país, também entrou na conversa e respondeu: “E prata”. 

    A “conversa” dos dois medalhistas foi curtida por mais de 242 mil pessoas e compartilhada quase 30 mil vezes no microblog.

    E a repercussão seguiu com o youtuber brasileiro Felipe Neto. Aos seus mais de 13 milhões de seguidores no Twitter, afirmou: “Se o Nordeste fosse um país, teria mais medalhas de ouro do que o Brasil”. 

    Depois, em outra mensagem, completou: “A Bahia tem 3 ouros. O resto do Brasil inteiro tem outros 3” – naquele momento, a seleção brasileira ainda não havia derrotado a Espanha na final do futebol masculino e conquistado o 7º ouro do país em Tóquio.

    Fenômeno da internet, a paraibana Juliette, campeã da 21ª edição do Big Brother Brasil, escolheu o ouro conquistado por Hebert Conceição no boxe para se posicionar sobre o desempenho dos nordestinos em Tóquio.

    “É a vitória de um povo que luta todos os dias para sobreviver nesse país. É Brasilll! É nordeste!!!”, escreveu, em mensagem acompanhada por um vídeo do momento em que Conceição recebeu a medalha, emocionado, no pódio olímpico.

    Hebert Conceição (E) e Isaquias Queiroz exibem suas medalhas de ouro
    Hebert Conceição (E) e Isaquias Queiroz exibem suas medalhas de ouro na base do Time Brasil
    Foto: Miriam Jeske – 7.ago.2021/COB

    Apesar de ter chegado aos atletas e a nomes conhecidos da internet nos últimos dias, essa discussão sobre a mudança geográfica na origem das medalhas de ouro – principal critério adotado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para organizar o ranking dos países nos Jogos –, já estava em andamento desde os primeiros dias das Olimpíadas.

    No fim de julho, por exemplo, o perfil oficial no Twitter da Copa do Nordeste de futebol, um dos campeonatos regionais mais importantes do país, publicou uma tabela que colocava a região na 18ª posição do quadro de medalhas, à frente de países como Argentina, Espanha e Portugal, na ocasião.

    “Se o Nordeste fosse um país, ele estaria bem demais nas Olimpíadas. Nossa posição no quadro de medalhas é pra deixar muito gringo com inveja!”, dizia a mensagem

    Desempenho melhor do que países europeus

    De fato, a brincadeira feita pela Copa do Nordeste se manteria após o fim dos Jogos.

    Considerando o número de medalhas de ouro, o Nordeste ficaria na 20ª posição no quadro de medalhas dos Jogos de 2020, à frente de nações como Espanha, Suécia, Suíça e Dinamarca (cada um desses países recebeu 3 medalhas de ouro em Tóquio).

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    Ainda neste cenário, considerando uma “separação” entre Nordeste e o resto do Brasil, as medalhas de Ítalo, Ana Marcela, Isaquias e Hebert deixariam a região à frente também do resto do país no ranking do COI.

    O desempenho também seria melhor que o do Equador – país sul-americano melhor colocado depois do Brasil –, que obteve dois ouros em Tóquio, ou que o da Argentina, que deixou o Japão com dois bronzes, uma prata e nenhum ouro.

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