Olimpíadas 2020: Goleira dos EUA pega 3 pênaltis e elimina Holanda
Naeher garantiu a classificação da seleção norte-americano que fez, enfim, uma partida de alto nível nos Jogos de Tóquio, e enfrentará o Canadá na semifinal
Este são os Estados Unidos que o futebol feminino conhece e não viu na primeira fase das Olimpíadas de 2020: pelas quartas de final, a seleção norte-americana – em reprise da final da última Copa do Mundo – atuou em alto nível e venceu a Holanda, nos pênaltis, após empate por 2 a 2 no tempo normal, chegando assim à semifinal, onde enfrentará o Canadá em um clássico continental da modalidade.
A grande atuação americana não significa que a classificação veio fácil. Ao contrário, foi uma partida equilibrada, graças a bravura de uma Holanda em mais uma noite inspirada de Miedema. O time holandês vendeu caríssimo a vaga para a semifinal.
O técnico americano Vlatko Andonovski radicalizou nas mudanças, sinalizando a insatisfação com o desempenho de sua equipe na primeira fase. Lavelle, Morgan e Press não foram escaladas, e Carli Lloyd foi para o comando de ataque titular.
Com as mudanças, os Estados Unidos entraram em campo com nada menos que oito das titulares de dois anos atrás, na final da Copa do Mundo.
Longo prazo, base mantida, entrosamento e capacidade crescer nos jogos grandes: o time foi seguro, criativo e elétrico por todo o primeiro tempo. Controlou o jogo no período e, mesmo quando tomou, sem merecer, o gol inaugural da partida, levou 13 minutos para virar o placar, com Mewis e Williams. Foi o resultado da primeira etapa.
Miedema, imensa
Do outro lado, porém, as holandesas eram rivais à altura, com uma particularidade no torneio: um ataque muito eficiente, que fez 21 gols nos três primeiros jogos, mas que, em contrapartida, sofreu 8 gols – também um número alto. Ou seja, um time de jogos de placares altos.
Razoavelmente melhor após o intervalo, a Holanda empatou aos nove, com Miedema, autora de 10 gols nas Olimpíadas, dois na noite de hoje, e ambos belos: o primeiro, que abriu o placar, girando o corpo dentro da área, e o segundo, que empatou o duelo em 2 a 2, chutando de longe com força uma bola rasteira indefensável. Miedema colocou e depois recolocou a Holanda no jogo.
As norte-americanas trocaram peças, e Lavelle, Morgan e Press, sacadas do time, entraram juntas em campo aos 18. Cinco minutos depois, Megan Rapinoe entrou. Assim o time desmontou o que deu certo no primeiro tempo e exibiu a profundidade de seu elenco. Ataque descansado para buscar o terceiro gol.
Pênalti, prorrogação e pênaltis
O que era um jogaço ganhou contornos épicos aos 35 do segundo tempo, quando a Holanda teve um pênalti a favor, cobrado por Martens. Naeher caiu para o lado esquerdo e defendeu a cobrança, mantendo o 2 a 2 no placar e impedindo o que seria a segunda virada da partida e condenando o jogo a uma longa prorrogação.
Longa, porque os times gastaram muita energia no tempo normal, e faltou perna para os 30 minutos a mais. Três gols foram marcados, e anulados, neste período. Os lances regulares foram raros. As circunstâncias físicas das equipes fizeram o campo virar um latifúndio nos dois ataques. Espaço havia. Só não teve quem usasse adequadamente.
Nos penais, Naeher, que já tinha pegado uma cobrança no tempo normal, defendeu a batida de ninguém menos que Miedema, a primeira da Holanda. A consagração da goleira dos EUA veio na quarta cobrança holandesa. Nouwen bateu fraco, a camisa 1 americana buscou, e Rapinoe se encarregou de bater o pênalti que definiu o duelo.
Estados Unidos classificado.
Outros jogos da rodada
Grã-Bretanha e Austrália fizeram um jogo para a história olímpica do futebol. Um 4 a 3 espetacular, na prorrogação, para as australianas.
Ellen White, gigantesca atacante inglesa, marcou três vezes, mas não foi suficiente: o jogo teve duas viradas de placar, e o gol de empate em 2 a 2, que levou o jogo para a prorrogação, foi da lendária Sam Kerr, aos 44 da etapa final. Ou seja, aconteceu quase tudo que um jogo precisa para ser considerado histórico.
No último duelo da rodada, deu Suécia, 3 a 1, sobre o Japão, um anfitrião brioso que não conseguiu lidar com um quadro sueco que faz campanha impecável até o momento.
Blackstenius, claro, deixou o seu gol, aos 8 da etapa final, quando o placar estava 1 a 1 e a partida dava toda pinta de que ficaria desconfortável para as favoritas. A Suécia enfrenta a Austrália na semifinal.