Médicos de Tóquio pedem cancelamento dos Jogos Olímpicos devido à Covid-19
A Associação de Praticantes Médicos de Tóquio, disse que os hospitais na cidade-sede dos Jogos "estão ocupados e quase sem capacidade ociosa"
Uma importante organização médica apoiou os apelos para cancelar as Olimpíadas de Tóquio. O protesto argumenta que os hospitais já estão sobrecarregados enquanto o país luta contra um aumento nas infecções por coronavírus menos de três meses até o início dos Jogos.
A Associação de Praticantes Médicos de Tóquio, que representa cerca de 6.000 médicos de cuidados primários, disse que os hospitais na cidade-sede dos Jogos “estão ocupados e quase sem capacidade ociosa” em meio a um surto de infecções.
“Solicitamos veementemente que as autoridades convençam o COI (Comitê Olímpico Internacional) de que realizar as Olimpíadas é difícil e obtenham sua decisão de cancelar os Jogos”, disse a associação em uma carta aberta em 14 de maio ao primeiro-ministro Yoshihide Suga, publicada em seu site na segunda-feira (17).
Um salto nas infecções gerou alerta em meio à falta de equipe médica e leitos hospitalares em algumas áreas da capital japonesa, levando o governo a estender um terceiro estado de emergência em Tóquio e em várias outras prefeituras até 31 de maio.
Os médicos logo devem enfrentar a dificuldade adicional de lidar com pacientes com exaustão pelo calor durante os meses de verão e, se as Olimpíadas contribuírem para um aumento nas mortes, “o Japão arcará com a responsabilidade máxima”, acrescentou a carta.
Outros especialistas em saúde e grupos médicos expressaram suas preocupações sobre as Olimpíadas, enquanto uma petição online pedindo o cancelamento dos Jogos foi assinada por centenas de milhares de pessoas.
No geral, o Japão evitou uma propagação explosiva do vírus experimentada por outras nações, mas o governo tem sido alvo de duras críticas pela implementação lenta de vacinação. Apenas 3,5% da população de cerca de 126 milhões foi vacinada, de acordo com um rastreador da Reuters.
Agravando os desafios com as vacinações, os sistemas de reserva para locais de imunização em massa lançados em Tóquio e Osaka – que começaram a aceitar reservas na segunda-feira – foram prejudicados por falhas técnicas.
Ainda assim, Suga diz que o Japão pode sediar “uma Olimpíada segura” enquanto segue as medidas de contenção contra a Covid-19 de maneira apropriada.
Preparativos
Os jogos devem progredir sob rígidos protocolos, como um evento de teste de atletismo. Vários campos de treinamento pré-olímpico, incluindo um para a equipe de atletismo dos Estados Unidos, porém, foram cancelados, e os atletas expressaram preocupação com os Jogos ocorrendo em meio a uma pandemia global.
O atleta eqüestre canadense e medalhista de ouro Eric Lamaze anunciou na segunda-feira que havia desistido de ser um candidato olímpico, citando preocupações pessoais com a saúde. Ele foi tratado de um tumor no cérebro nos últimos três anos.
“Minha saúde é algo que levo muito a sério e decidi que Tóquio não é o melhor lugar para mim”, disse Lamaze em comunicado. “As Olimpíadas são uma celebração dos atletas e não acho que teremos uma verdadeira comemoração em Tóquio”, acrescentou. “Não é hora de comemorar”.
Os Jogos já foram adiados uma vez devido à pandemia. Com casos surgindo em grande parte da Ásia, o Fórum Econômico Mundial também cancelou, na segunda-feira (17) sua reunião anual da elite global, que seria realizada em Cingapura em agosto.
Sob o estado de emergência em partes do Japão, bares, restaurantes, karaokês e outros locais que servem bebidas alcoólicas permanecerão fechados, embora grandes instalações comerciais possam reabrir em menos horas. Tóquio e Osaka, duramente atingidas, continuarão a manter fechadas as portas de instalações maiores.
O número de casos de Covid em todo o país caiu para 3.680 na segunda-feira, o nível mais baixo desde 26 de abril, de acordo com a emissora pública NHK. Todavia, o número de infecções pesadas atingiu um recorde de 1.235, de acordo com informações do ministério da saúde local.