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    Kubo, o “Messi japonês”, comanda campanha 100% e sonha com medalha olímpica

    Japoneses debatem se Kubo será o maior jogador da história do país; a campanha olímpica elevar o status do jovem de 20 anos

    Leandro Iamin, colaboração para a CNN

    Canhoto, leve, 1,73m e rosto que indica ainda menos idade do que os 20 anos que possui. Takefusa Kubo é o principal jogador do futebol japonês e entra em campo no sábado (31), às 6h, para enfrentar a Nova Zelândia pelas quartas de final das Olimpíadas de 2020

    Kubo está na seleção japonesa desde o sub-15, e, etapa por etapa, encanta em campo ao mesmo tempo em que trabalha, fora dele, sua imagem. Disciplinado, Kubo, que é natural de Kawasaki, faz ótima campanha em Tóquio, onde começou profissionalmente pelo Tokyo FC. Ele é o responsável maior pela classificação japonesa às quartas e pode encontrar o Brasil na final olímpica. O apelido de “Messi japonês” é um exagero? 

    Kubo é três centímetros mais alto que o gênio argentino. Igualmente gosta de jogar pela direita, usando a perna canhota para cortar e caminhar para dentro do gramado. É arisco na condução da bola, sempre colada ao pé, e finaliza com muita técnica. Mas o apelido indica mais do que isso: Kubo foi, efetivamente, atleta do Barcelona. 

    Kubo fez seu aniversário de 11 anos vivendo em Barcelona, como uma joia da base do clube Culé. Naquele ano, marcou 74 gols em 30 jogos pela sua categoria. Um assombro que virou, três anos depois, pesadelo: o Barcelona o recrutou de forma irregular e, em 2015, com 14 anos, Kubo voltou ao Japão. O Barça foi punido e proibido de se associar ao ponta direita. 

    Quatro anos depois, a Espanha, cujo idioma ele aprendeu cedo — e isso conta muito para um japonês –, voltou a ser o seu destino. Kubo se tornou jogador do Real Madrid após completar 18 anos. O Tokyo FC recebeu dois milhões de euros pela transferência, e lançou Kubo ao time de cima com 16 anos – aos 15, estreou na terceira divisão, pelo time B do Tokyo FC. 

    Melhor da história do Japão? 

    Perguntamos a Tiago Bontempo, jornalista especialista em futebol japonês, se já existiu prospecto semelhante no futebol japonês. “O Hidetoshi Nakata, que para muitos é o melhor jogador japonês de todos os tempos, também disputou uma Olimpíada bem abaixo da idade (tinha 19 em Atlanta-96), mas não era protagonista do time. O Nakata só estourou na seleção em 1997, com 20 anos, mesma idade que o Kubo tem agora.” 

    Nakata jogou a Copa do Mundo de 1998, teve carreira de destaque, sobretudo na Itália, conseguiu contratos comerciais do patamar das maiores estrelas da época, como Ronaldo Fenômeno, e foi o rosto da seleção japonesa no Mundial de 2002, jogado em casa. 

    Takefusa Kubo
    Kubo (à esquerda) já passou pelo Barcelona e pertence ao Real Madrid (28/7/2021)
    Foto: Kiichiro Sato/AP

    Kubo não conta com uma Copa em casa, mas com um torneio olímpico. Ao seu redor, a fortuna de fazer parte de uma seleção que veio com a força máxima, ao contrário de outros adversários, como a França, que foi engolida pela seleção nipônica na última quarta-feira (3 a 0), com grande atuação de Kubo. E, mesmo com estádios vazios, o prodígio nipônico brilha na mídia. 

    “Ele é um fenômeno midiático”, afirma Bontempo. “Tanto que qualquer japonês comum, mesmo quem não acompanha futebol, sabe quem é ele. Geralmente chamam ele de ‘Kubo-kun’, que é um termo usado para crianças ou um homem mais novo que você, mas o próprio já pediu para pararem de chamá-lo assim, até porque 20 anos é a maioridade no Japão, então, este ano, ele oficialmente virou adulto.”

    Incerteza e paciência

    O Real Madrid emprestou Kubo três vezes. Primeiro, para o Mallorca, onde o japonês acabou rebaixado com o clube insular. Depois, para o Villareal, clube de melhor porte, sem, no entanto, conseguir a titularidade. Por fim, Kubo foi, e está, emprestado ao Getafe. Um período de maturação que demanda paciência e gera incerteza. 

    Sábado (31), às 6h, Kubo e seus companheiros enfrentam a Nova Zelândia pelas quartas de final do torneio olímpico. O Japão venceu seus três jogos, e Kubo marcou 3 gols. Se há algo ou alguém para se observar neste duelo, este alguém estará na ponta direita do time de azul e jogando em seu próprio país. 

    Caso supere a Nova Zelândia, o Japão espera Costa do Marfim ou Espanha na semifinal. Justamente a Espanha, segunda casa do provável maior jogador do futuro japonês.

    Na sexta (30), às 7h, o time feminino do Japão enfrenta a Suécia, destaque maior da primeira fase, também pelas quartas de final. 

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