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    Jogadora brasileira denuncia assédio moral nos bastidores do Barcelona

    Atacante está emprestada ao clube espanhol Levante, onde já anotou nove gols em 25 partidas

    Felipe Romeroda CNN

    A atacante Giovana Queiroz, de 18 anos, publicou nesta terça-feira (29) uma carta aberta ao presidente do Barcelona em suas redes sociais. Na mensagem, a atleta da Seleção Brasileira Feminina denuncia episódios de assédio moral e psicológico cometidos por mais de uma pessoa dentro do clube.

    “Não se pode tolerar a cultura machista de assédio a mulheres. A maioria dos agressores utiliza seu poder dentro das instituições para subjugar suas vítimas, incluindo as mais vulneráveis como mulheres menores de idade.”

    Giovana já havia feito uma denúncia formal dentro do clube, citando os responsáveis pelos abusos, mas decidiu publicar a carta como forma de estimular que outras mulheres denunciem situações como as vividas por ela.

    A jogadora ainda é atleta do Barcelona, mas está emprestada ao clube espanhol Levante, onde marcou nove gols em 25 jogos na atual temporada.

    Gio, como é conhecida, relata que sentia-se acolhida no clube até sua primeira convocação para o time principal do Brasil, em outubro de 2020.

    “Primeiro recebi indicações de que jogar na Seleção Brasileira não seria o melhor para o meu futuro no clube, mas apesar do assédio insistente e desagradável não dei muita importância ao assunto”, explica. Nascida no Brasil, a jogadora viveu também nos Estados Unidos antes de ir para a Espanha e chegou a atuar na base das seleções brasileira e espanhola até decidir vestir a camisa amarela de forma definitiva. A jogadora esteve no grupo brasileiro que disputou as Olimpíadas de Tóquio.

    Dentre as acusações da carta está um confinamento ilegal no começo de 2021, quando a médica do clube lhe impôs uma quarentena pouco usual. “Ao ser questionado, o departamento médico do clube respondeu: ‘seu caso é distinto e fomos autorizados a fazer um confinamento especial para você’. Eu fiquei indignada e perguntei: ‘Por que especial?’. O departamento não respondeu e evitou falar sobre o assunto.”

    Segundo ela, autoridades sanitárias da Catalunha confirmaram que a medida era excessiva. “O clube me prendeu em casa e me impediu de treinar e ter uma vida normal, estava devastada”, relembra a jogadora.

    Depois de cumprir essa quarentena, Gio viajou para os Estados Unidos para se juntar à Seleção Brasileira “com pleno conhecimento do clube.” Mas, ao voltar, a brasileira foi acusada de indisciplina e afastada da equipe. Ao questionar a medida, ouviu de um diretor que mantinha-se irredutível e agressivo: “não se preocupe, cuidaremos bem de você.”

    “Entrei em pânico e temi pelo meu futuro”, diz a jogadora na carta.

    “Eu havia participado de campanha da Fundação Barça pela aprovação da Lei de Proteção a Menores contra a violência, mas ao mesmo tempo, dentro do clube, estava totalmente desprotegida”, relembra.

    “O fato de ser menor de idade não parecia ser um impedimento ou causar qualquer dilema a meu agressor”, revela a atleta. Na carta, ela explica que todas as provas foram apresentadas junto a sua denúncia para a direção do clube, “com os responsáveis devidamente identificados.”

    Giovana isenta o Barcelona de responsabilidade direta pelo assédio sofrido, mas cobra que o clube “deve ser responsável por cuidar da integridade física, mental, psíquica e moral frente qualquer forma de violência.”

    “Também desejo que o clube, na pessoa de seu presidente, se comprometa a adotar medidas efetivas que combatam o problema evidente e bem documentado do abuso moral, assédio laboral e da violência psicológica contra as mulheres”, conclui a atleta.

    O Barcelona ainda não se manifestou publicamente sobre as acusações de Giovana.

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