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    Interventor da CBF recebeu mais de R$ 1 milhão por consultoria à entidade

    Repasses aconteceram durante gestão de Rogério Caboclo. O tipo de serviço prestado não foi detalhado no contrato ao qual a CNN teve acesso

    Lucas Janone e Everton Souza, da CNN, no Rio de Janeiro

    O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, recebeu R$ 1,08 milhão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por prestar um trabalho de consultoria entre junho de 2020 e julho de 2021. A CNN teve acesso ao contrato e às notas fiscais emitidas pela CBF que mostram que os pagamentos à consultoria aconteciam mensalmente. Os valores giravam entre R$ 50 e R$ 90 mil.

    A prestação de serviços está em nome da empresa do mandatário da FPF “OMBU Sports Consultoria EIRELI”. A sede, segundo o documento, está localizada no centro da cidade de Taubaté- SP, onde reside Reinaldo Carneiro Bastos. No entanto, os contratos não especificam que tipo de consultoria seria essa.

    Segundo os documentos, Bastos prestou serviço à CBF até 20 de julho, seis dias antes do Presidente da Federação Paulista de Futebol ser nomeado pela justiça interventor da CBF. Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Bastos foram nomeados interventores da CBF, na última segunda-feira (26), após o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) anular a Assembleia Geral da entidade e, consequentemente, invalidar a eleição de Rogério Caboclo para a presidência, em abril de 2018.

    O TJ-RJ, dois dias depois da primeira decisão, protocolou outra determinação que ampliou ainda mais os poderes concedidos ao presidente da Federação Paulista de Futebol. A partir desta quarta-feira (28), ele passou a ter autonomia para demitir a diretoria e o secretário-geral da entidade, caso queira.

    O TJ-RJ informou que a prestação de serviço feita por Bastos à CBF não consta nos autos do processo. O tribunal esclareceu ainda que os interventores foram escolhidos por sua representatividade nos estados do RJ, SP e no futebol brasileiro.

    Proposta de trabalho

    Procurado, Reinaldo disse que, em abril de 2020, recebeu da CBF uma proposta profissional para prestar serviços de consultoria para a entidade. “Como não quis ser funcionário, abri naquele mês a empresa Ombu Sports, registrada oficialmente em meu nome na Junta Comercial do Estado de São Paulo.

    A proposta de trabalho, que envolvia consultoria voltada ao desenvolvimento de competições, planejamento, arbitragem e relacionamento, foi aprovada por todas as instâncias necessárias da CBF, inclusive as diretorias jurídica, financeira e a presidência, então ocupada por Rogério Caboclo” disse. Bastos informou também que a prestação de serviços foi realizada fora do âmbito das atribuições na presidência da FPF e gerou rendimentos compatíveis com o mercado esportivo.

    Outro trecho da resposta diz que: “Causa surpresa que detalhes do contrato e notas fiscais sejam tornados públicos com ares de escândalo justamente no momento em que meu nome foi escolhido pela justiça do Rio como interventor na CBF. A existência do vínculo profissional nunca foi segredo. Não há absolutamente nenhuma ilegalidade” finaliza.

    Procurada, a CBF emitiu a seguinte nota: “A CBF esclarece que as informações solicitadas são de caráter sigiloso, só disponível às partes diretamente interessadas”. Rogério Caboclo também foi procurado pela CNN, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.

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