Em um piscar de olhos, Dream Team dos EUA vira e massacra Austrália no basquete
Australianos venciam por quinze pontos, e dez minutos depois perdiam por quinze; time americano espera Eslovênia ou França na final
Os Estados Unidos são finalistas do torneio de basquete masculino nas Olimpíadas de 2020. Venceram, na madrugada desta quinta-feira (5), a Austrália por 97 a 78. Que o Dream Team alcance a final não é exatamente uma surpresa. O interesse é sempre em ver o caminho deste time até a final e se certificar de que o apelido de Dream Team foi merecido.
Após estrear com derrota, a campanha do Dream Team na fase final já tem um padrão. A mágica deste time, se existe, está na velocidade fulminante com que o marasmo vira atropelamento. Nesta quinta, em pouco mais de dez minutos, uma desvantagem de quinze pontos se transformou em vantagem de 15. Em um piscar de olhos, a Austrália, que fazia grande jogo, estava desmontada.
Se existe alguém no mundo que conhece o basquete de Patty Mills, armador da seleção da Austrália, este alguém é Gregg Popovich, técnico da seleção americana. Foi Pop quem pediu, desenvolveu e bancou Mills no San Antonio Spurs por uma década, equipe da NBA também treinada por Popovich. Mills se acostumou a ser reserva nos Spurs, mas um reserva de confiança, parte fundamental da engrenagem da franquia do Texas.
Tiveram, Gregg e Patty, uma noite de inimigos íntimos, mas a Austrália é muito mais do que seu armador. Invicto até então no torneio olímpico, vinha de um massacre contra a Argentina nas quartas. Candidatos sérios a complicar a vida do Dream Team, saíram na frente do placar. O time americano, tal qual contra a Espanha nas quartas, não forçou o ritmo, nem na defesa, nem no ataque. Jogou parecendo esperar o “momento da mágica”. Flertou com a displicência.
O bote do Dream Team
Até que, em dado momento do segundo período, os australianos tinham 60% de acertos na linha de 3 pontos, contra só 9% dos Estados Unidos — só uma cesta feita em 11 tentativas. Isso indicava um sintoma de mais do que apenas ritmo lento. A Austrália era competente na marcação de perímetro, seus atletas trocavam rápido a marcação e dificultavam os chutes rivais. Eficiência e energia para gerar esperança de vitória.
O placar, a três minutos do intervalo, marcava 41 a 26 para os australianos. Uma contagem sedutora, que poderia se consolidar. A Austrália, naquele momento, podia sim sonhar com a vitória. Mas foi ali que o Dream Team versão 2021 mostrou a sua face. A vantagem foi pulverizada em 150 segundos. Os americanos fizeram 16 a 4 neste período. Na volta do intervalo, fizeram, de cara, mais 12 a 0. Estava acabado o duelo.
A Austrália não encontrou mais foco para acertar bolas nem teve pernas para manter a marcação forte tal qual acontecia antes do intervalo. O bote americano foi suficiente para garantir a vantagem e encarar, nos 10 minutos finais, uma Austrália neutralizada e entregue. 97 a 78 foi o placar final. Durant fez 23 pontos, seguido de Booker, com 20. Mills, o armador australiano, marcou 15.
Na decisão, o Dream Team espera pela Eslovênia do genial Doncic, ou a França de Fournier, no que seria uma revanche da primeira rodada. Na ocasião, a França fez os americanos provarem do próprio veneno e acelerou nos minutos finais para virar um jogo que parecia comprometido. Os Estados Unidos do primeiro tempo desta semifinal podem até perder. O do segundo tempo é quase imbatível.
O Dream Team das mulheres
Às 1h40 de sexta (6), o time feminino dos Estados Unidos faz a sua semifinal. Enfrenta a Sérvia, da veterana Sonja Vasic. O time das mulheres tampouco está dando um show em Tóquio, mas nem por isso o parâmetro é negativo — a vitória sobre a Nigéria, por 9 pontos, foi a primeira vez desde Atenas-2004 que as americanas bateram algum time por menos de dois dígitos – no Rio-2016 a média das vitórias foi de 19 pontos de vantagem.
A grande história está nas mãos de uma dupla de legado assustador: Diana Taurasi, 39 anos, e Sue Bird, 40. Elas perseguem nada menos que o quinto ouro olímpico de suas carreiras, o que seria um feito inédito para o basquete mundial. Taurasi e Bird representam a própria história do desenvolvimento do basquete feminino americano e da WNBA, que existe desde 1996.
Além das veteranas lendárias, destaque para Breanna Stewart, ala-pivô de 26 anos, muito acionada no ataque, e A’ja Wilson, que, ao lado de Breanna e Tina Charles, forma um garrafão muito consistente e incômodo para qualquer rival. Para quem gosta de um basquete físico e defensivamente disposto, vale a pena prestigiar a favorita a mais um ouro.