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    Apesar do ano turbulento, Santos se supera e chega à final da Libertadores

    O clube enfrentou problemas financeiros e políticos e encarou o medo do rebaixamento no Brasileirão

    Foto: Reprodução/ Santos Futebol Clube

    Larissa Santos, colaboração para a CNN

    Por mais que tenha tido resultados relevantes nos últimos anos, o Santos vem passando por significativos problemas políticos e financeiros.

    O estopim se deu em 2020, quando a pandemia, um impeachment e uma punição severa da Fifa fez com que surgissem até apostas de um possível rebaixamento – inédito – do clube no Campeonato Brasileiro. O Peixe, porém, conseguiu se recuperar e fará a final da Libertadores da América contra o Palmeiras, no Maracanã, neste sábado (30), às 17h.

    A imagem de azarão, contudo, virou combustível para o time. A frase “4% é muito” – em referência à probabilidade que comentaristas deram ao clube para a conquista do título – virou o lema da campanha, repetido à exaustão por jogadores e torcedores.

    Quando estourou a pandemia, o Santos já vinha sofrendo com problemas administrativos e dívidas a quitar com outros clubes. O clube reduziu, em maio, a jornada e a remuneração de funcionários com salários mais gordos, incluindo os jogadores profissionais, em até 70%

    A situação se agravou quando o goleiro Everson entrou na Justiça contra o Peixe, pedindo a rescisão de contrato por atrasos de salário e direito de imagem. Amparado por uma cláusula no contrato com o jogador, e declarando problemas financeiros devido à pandemia, o Santos ganhou o caso na Justiça. O clube e o jogador fizeram um acordo que liberou o atleta para o Atlético Mineiro.

    A polêmica envolvendo a contratação do Robinho, já no segundo semestre de 2020, também foi negativa para o Peixe que, acumulando uma dívida milionária, ainda perdeu patrocinadores.

    Entre outros problemas econômicos, o Santos tinha duas dívidas, uma com o Huachipato, do Chile, pela contratação de Soteldo, e outra com o clube alemão Hamburgo, referente à contratação de Cleber Reis, em 2017. As inadimplências levaram a duas punições pela Fifa, que impediram o alvinegro praiano de fazer aquisições em três janelas de contratação. O clube já anunciou que a situação com o Hamburgo foi acertada.

    O técnico Jesualdo Pereira, que comandou o time em jogos do torneio intercontinental, apresentou resultados ruins no Campeonato Paulista em campo e foi trocado pelo atual treinador Cuca.

    Para fechar o cenário apocalíptico, o presidente do clube, José Carlos Perez, sofreu impeachment em novembro de 2020, acusado de irregularidades nas contas de 2019. O vice, Orlando Rollo, assumiu o comando até o fim do ano passado.

    Tirando leite de pedra

    É certo que o clube tem histórico de dar espaço aos jovens da base e revelar jogadores talentosos. Em 2002, foi a geração de Robinho e Diego, que levou o alvinegro à conquista do campeonato brasileiro.

    No início da última década, Neymar e Ganso fizeram história e colecionaram meia dúzia de títulos, incluindo a Libertadores de 2011. Mais recentemente, Gabigol, atual atacante do Flamengo, foi destaque.

    Impedido de fazer contratações e transferências, o Santos teve que olhar de novo para os jogadores disponíveis dentro de casa, das categorias de base. O provérbio “há males que vêm para o bem” funcionou para o Peixe. O clube teve que se virar com os atletas de base e buscar outros jovens talentos. Deu certo. Nomes como Sandry e Kaio Jorge se destacaram.

    As contaminações por Covid-19 também dificultaram o caminho do Peixe, mas marcaram outra oportunidade para testar jogadores. O ponta-esquerda Soteldo teve resultado positivo para o coronavírus horas antes do jogo das quartas de final da Libertadores, contra o Grêmio. Lucas Braga entrou como substituto e foi bem.

    Outro ponto relevante é a articulação entre atletas novos da base e outros jogadores que vieram de clubes internacionais menos badalados.

    A troca de técnico também foi propulsora para a união do elenco. Na última quinta-feira, 28, a Conmebol publicou em suas redes, um vídeo reunindo diversos depoimentos de jogadores comentando o peso de Cuca para o clube alcançar a final.

    O treinador trabalhou e elevou a união do time, dando fôlego para chegar à final. Essa sintonia é perceptível dentro e fora de quadra, incluindo até mesmo a torcida nesse equilíbrio.

    Cuca tem como marca a característica de fazer os jogadores que lidera se tornarem uma família. Nas temporadas vitoriosas no Atlético Mineiro e no Palmeiras, a estratégia foi essa. Neste ano, com o Santos, isso se repetiu. Cuca conseguiu blindar o elenco e conectar os atletas conforme o time avançava no campeonato.