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    Sexta-feira 13 é dia de azar? Conheça as origens dessa superstição

    Acontecimentos bíblicos, mitologias nórdicas e paganismo: como a cultura da sexta-feira 13 se propagou até hoje

    Taylor Swift é a única mulher a concorrer ao prêmio de melhor artista do ano
    Taylor Swift é a única mulher a concorrer ao prêmio de melhor artista do ano Reprodução/Twitter

    Sofia Sampaioda CNN Brasil Soft

    Quando se trata de má sorte, existem poucas superstições tão difundidas na cultura ocidental quanto a da sexta-feira 13. Como cruzar com um gato preto ou quebrar um espelho, a noção de um dia que atrai muito azar está profundamente enraizada – e nem os mais supersticiosos sabem explicar por quê.

    Se há um grupo que adora se reunir para curtir os filmes mais macabros nesta data, há também quem sofra de um medo verdadeiro do dia tão mal falado. E pode ser tão grave que foi considerada síndrome, a paraskevidekatriafobia, criada pelos médicos e com nome de origem grega: “paraskeví (sexta-feira) e “dekatreís” (13).

    Mas não deixa de ser curioso que, seguindo o calendário gregoriano, é muito mais provável que o dia 13 caia em uma sexta-feira (de qualquer mês) do que qualquer outro dia da semana. Em 2023, passaremos duas vezes por isso: em janeiro e em outubro. Embora a superstição em volta da data não seja universal (na Itália, por exemplo, a sexta-feira 17 é o dia mais temido), todo o conceito é amplamente conhecido. Você sabe o motivo?

    Origem do “azar”

    É difícil dizer exatamente quais são as origens das histórias acerca da sexta 13, mas sabe-se que, em certas culturas, tanto o dia 13 quanto a sexta-feira são considerados “azarados”. No livro “Origens extraordinárias das coisas cotidianas”, Charles Panati traça o conceito de “amaldiçoado” na mitologia nórdica, quando Loki, o Deus do Mal, invade um banquete em Valhalla elevando o número de deuses presentes para 13.

    Na Escandinávia, segundo o mesmo autor, a superstição se espalhou para o sul por toda a Europa e se estabeleceu no Mediterrâneo no início da era cristã. Foi então que os números de “azar” ganharam ainda mais força, já que grandes episódios bíblicos aconteceram em uma sexta-feira 13:

    • – Jesus Cristo e seus discípulos compareceram à última ceia na quinta-feira, 12, mas o 13º convidado, Judas, aparece na sexta;
      – Adão e Eva comeram o fruto proibido da Árvore do Conhecimento em uma sexta-feira 13;
      – Também é a data em que Caim assassinou Abel, seu irmão;
      – O Templo de Salomão foi derrubado em uma sexta 13;
      – A Arca de Noé zarpou no Grande Dilúvio também em uma sexta 13;

    Mas foi no século 19 que o dia da semana e o número ganharam a fama de “infortúnio”. Steve Rud explica, em “The Penguin Guide to the Superstitions of Britain and Ireland”, que a combinação da sexta e do número 13 é uma invenção vitoriana. Em 1907, a publicação do romance “Friday, the Thirteenth” (Sexta-feira, 13), fez um sucesso estrondoso com a história de um corretor sem escrúpulos que se aproveita das superstições em torno da data para quebrar o mercado de ações.

    Em 1980, o serial killer com máscara de hóquei também fez muito sucesso na franquia dos filmes de terror “Sexta-feira 13”. Em 2003, o escritor Dan Brown publicou o “O Código Da Vinci” e defendeu que a superstição teve início quando centenas de membros dos Cavaleiros Templários foram presos em uma sexta-feira 13, em outubro de 1307.

    Divindade pagã

    Não é todo mundo que acredita que uma data como esta pode ser carregada de tanta desgraça. Há evidências, também, de que as sextas-feiras 13 são um prenúncio de boa sorte. Nos tempos pagãos, acreditava-se que a sexta-feira tinha uma associação única com o divino feminino.

    Derivado do inglês antigo, sexta-feira significa “dia de Frigg”, a Rainha de Asgard e uma poderosa deusa no céu da mitologia nórdica (também conhecida como Frigga) e que era sempre associada ao amor, casamento e à maternidade. Freyja, a deusa do amor, fertilidade e guerra (com quem Frigg era frequentemente confundida), era dotada do poder da magia, prever o futuro e determinar quem morreria nas batalhas. Dizia-se, ainda, que ela usava uma carruagem puxada por dois gatos pretos.

    As duas deusas eram amplamente adoradas em toda a Europa e, por conta das associações, a sexta-feira era considerada, pelos povos nórdicos e teutônicos, uma data de sorte para o casamento. O número 13, por sua vez, era considerado um número milagroso pelas culturas pré-cristãs e adoradas pelas deusas por conta da ligação com o número de ciclos lunares e menstruais. A fertilidade era muito valorizada nos tempos pagãos e era frequente ver obras de arte relacionadas à menstruação, fertilidade e fases da lua.

    A escultura de calcário de aproximadamente 25 mil anos Vênus de Laussel retrata uma figura feminina que embala sua barriga grávida com uma mão e segura um chifre em forma de meia-lua com 13 entalhes na outra. Estudiosos acreditam que a estátua pode ter representado a deusa da fertilidade em alguma cerimônia da época, enquanto as 13 linhas são compreendias como uma referência ao clico lunar e/ou menstrual, ambos simbolizando o poder feminino.

    Cristianismo

    Com o impulso do cristianismo na Idade Média, muitas das adorações e costumes do paganismo foram apagados, especialmente a celebração da sexta-feira, do número 13 e das deusas que invocavam amor, sexo, fertilidade, magia e prazer – consideradas, então, profanas.

    Sabemos, no entanto, que tais divindades eram tão reverenciadas que foi um desafio fazer com que fossem ignoradas pelas pessoas. Foi então que a perseguição às bruxas começou. “Quando as tribos nórdicas e germânicas se converteram ao cristianismo, Frigga foi banida de vergonha para o topo de uma montanha e rotulada de bruxa”, escreve Panati. “Acreditava-se que toda sexta-feira a deusa rancorosa convocava uma reunião com outras onze bruxas mais o diabo – uma reunião de treze – e tramava más reviravoltas no destino para a próxima semana”.

    Atualmente

    Hoje em dia, a sexta-feira 13 ainda assombra a imaginação ocidental, mas talvez a narrativa dessa data e as divindades femininas associadas a ela estejam voltando a ganhar destaque. Taylor Swift, por exemplo, tem o 13 como o número da sorte, já que, segundo a cantora, seus maiores feitos aconteceram nesta data e em uma sexta-feira. “Nasci no dia 13. Fiz 13 anos na sexta-feira, dia 13. Meu primeiro álbum de ouro foi em 13 semanas. Minha primeira música nº 1 teve uma introdução de 13 segundos”, disse à MTV em 2009. “Toda vez que eu ganhei um prêmio, me sentei no 13º assento, na 13ª fila, na 13ª seção ou na fila M, que é a 13ª letra. Basicamente, sempre que um 13 surge na minha vida, é uma coisa boa”.

    De todo modo, seja com rituais, festas ao som das músicas da diva pop ou filmes de terror, toda sexta-feira 13 merece ser celebrada.

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