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    Rica, morando em SP e com gravadora, Marina Sena aposta em novo estilo para 2º álbum: “Esse é pra dançar”

    Em entrevista à CNN, a artista mineira, que se colocou entre as principais cantoras do pop brasileiro após álbum de estreia, revela bastidores e referências da produção de “Vício Inerente”

    Léo Lopesda CNN , em São Paulo

    Depois de um álbum de estreia meteórico, que a colocou entre as estrelas pop mais em evidência no Brasil, Marina Sena resolveu apostar alto em sua caneta para seu segundo álbum.

    Chegou às plataformas de streaming, na noite desta quinta-feira (27), “Vício Inerente”. Ouça abaixo.

    O disco dá início a uma era sonora e estética completamente diferente para a cantora mineira revelação de 2021.

    “Preciso que as pessoas vejam isso. Quem eu sou agora, em um novo momento”, diz ansiosamente Marina à CNN, poucos dias antes do lançamento.

    Em uma conversa de meia hora por Zoom, ela explicou as referências por trás dessa nova fase, contou bastidores da produção de “Vício Inerente”, deu detalhes do que mudou agora que está em uma gravadora e revelou sua aposta de hit para o novo álbum.

    Nova cidade, novos sons

    O bem-sucedido álbum de estreia “De Primeira”, além de ter rendido suas músicas entre as “mais tocadas”, virais no TikTok e uma agenda abarrotada de shows, fez um redemoinho na vida da cantora.

    Por exemplo, trocou a pequena cidade de Taiobeiras, no norte de Minas, pela capital de São Paulo, ganhou dinheiro – ou “enricou”, como ela mesma diz –, conheceu novas personalidades da música e assinou com uma das maiores gravadoras do país, a Sony.

    Esse turbilhão de mudanças sustenta a virada que Marina deu em seu som. Se as temáticas de relacionamentos e a marcante voz anasalada se mantém, dessa vez ela abraça mais batidas e outros efeitos eletrônicos do que acordes de violão e sons mais “crus”.

    Essas novidades em relação ao “De Primeira” ficam bem explícitas já no cartão de visitas, com as três primeiras músicas: “Dano Sarrada”, “Olho no Gato” e “Tudo Pra Amar Você”.

    Entre as referências de coisas que ela estava escutando ao produzir o álbum, aparecem nomes como a “motomami” Rosalía, a rapper Doja Cat e a cantora argentina Nathy Peluso, além de nomes brasileiros como Djavan, Gal Costa e Jards Macalé.

    Mas o gosto de Marina pelos elementos de, por exemplo, afrobeat, funk e trap – que são sentidos ao longo do álbum novo – tem a raiz na amizade dela, após a chegada em São Paulo, com os rappers Febem, Fleezus e o DJ Cesrv, e o trabalho deles no álbum “Brime!”.

    “[Enquanto fazia o Vício Inerente] eu estava ouvindo Brime. Eu escuto isso 24 horas por dia. Se eu tenho 30 minutos pra escutar música no dia, eu vou colocar o Brime. É realmente o que eu consumo e estou mais apaixonada”, disse.

    “E faz parte dessa mudança. Eu nem conhecia, aí mudando pra São Paulo comecei a ouvir. Quem me apresentou foi o Iuri. Fiquei apaixonada. A coisa mais “fresh” que tem no Brasil hoje é o Brime”, acrescentou, dizendo que sempre que sai para algum rolê na cidade é para assistir alguém do trio.

    Não é à toa que a única participação em todo o álbum é do próprio Fleezus, na faixa “Que Tal” – um feat criado espontaneamente em uma madrugada qualquer, com “todo mundo bêbado”, como ela conta.

    “Fez todo sentido pra mim porque o disco é exatamente isso pra mim. Ele significa o momento que mudei pra São Paulo e comecei a pirar em outras sonoridades, ter outra experiência com a música”, acrescenta Marina.

    “E o Fleezus é a cabeça dessa vibe que entrei agora. Devo ser a maior fã dele no Brasil. Se tiver alguém que é mais fã, eu quero que apareça na minha frente, vamos tirar a prova”, brinca.

    Os bastidores de “Vício Inerente”

    Marina relembra que, quando o “De Primeira” foi feito, ela entregou as músicas praticamente prontas para seu produtor/namorado/baterista Iuri Rio Branco finalizar.

    Dessa vez, com o casal morando junto em São Paulo, a cantora relata que houve uma interação muito maior, pesquisando referências juntos e uma troca constante de pitacos sobre os rumos do disco.

    Cantora Marina Sena e o produtor Iuri Rio Branco produzindo em estúdio.
    Cantora Marina Sena e o produtor Iuri Rio Branco produzindo em estúdio. / Reprodução

    “Muitas vezes ele tava dentro do estúdio produzindo algo e eu atrás dando pitaco na produção, que era uma coisa que eu não fazia tanto por não entender. Agora, foi um processo diferente, com mais espaço pra falar o que eu queria naquele momento”, disse.

    Uma relação pessoal que também funciona artisticamente porque, como relata abaixo Marina, “um é fã do outro”.

    A produção por trás de “Vício Inerente” envolveu também um antagonismo de músicas escritas na correria entre shows, mas gravadas sem pressa em estúdio durante o isolamento forçado pela pandemia.

    Marina revela que, se não for corrido e sob pressão, o ato de compor não acontece.

    “Compor sempre foi algo que fiz em trânsito. Pra mim, a melhor hora para compor é quando estou atrasada para alguma coisa, tenho só 15 minutos. Eu falo ‘meu deus do céu, peraí, rapidinho, deixa só eu terminar essa aqui’. Gosto de compor com pressa”, afirmou.

    “Se eu tiver tempo, não vou fazer música. Eu vou deitar, assistir um filme, vou pra praia, vou curtir, vou beber”, completou.

    Marina Sena lança o segundo álbum de sua carreira solo, "Vício Inerente"
    Capa do álbum “Vício Inerente”, de Marina Sena. / Reprodução

    Sempre que ela está para lançar algo, rola uma espécie de “bolão” entre seus amigos sobre quais músicas vão repercutir mais.

    No “De Primeira”, ela tinha certeza que “Por Supuesto” seria seu hit. A música foi o grande sucesso do primeiro álbum, fortemente impulsionada pela viralização no TikTok.

    “Agora, todo mundo acha que “Dano Sarrada” vai estourar. É a favorita de todo mundo”, revelou a cantora.

    “Esse álbum é sobre o que eu quero dançar”

    Ao classificar a si mesma como “uma artista de álbum”, por preferir fazer um lançamento com conceito amarrado ao invés de singles esporádicos, Marina conta que no “De Primeira” ela mostrou “o que queria cantar” com suas músicas compostas no violão, dessa vez, “é outra vibe”.

    Marina Sena lança o segundo álbum de sua carreira solo, "Vício Inerente"
    Marina Sena lança o segundo álbum de sua carreira solo, “Vício Inerente” / Fernando Tomaz

    “É uma composição feita em pé, o que já traz outra atitude. O “Vício Inerente” é muito sobre o que eu quero dançar também. Sem deixar o cantar, porque uso muito minha voz de vários jeitos, mas bastante sobre como gostaria de mexer meu corpo”, disse.

    Quando passou a rodar pelo país para apresentar o “De Primeira”, Marina absorveu em suas apresentações uma equipe de dançarinas – o chamado “balé”. A relação com a dança e as meninas que a acompanham teve influência direta ao escrever o novo álbum.

    @amarinasenapela minha reação vcs já sabem que eu amei como tão ficando as coreografias da nova tour né! Lembrando que os shows da Audio e do Vivo Rio nos dias 05 e 06 vão ser de lançamento, vai lá garantir seu ingresso 🔥🐚♬ som original – marina sena

    “Eu e as meninas do balé vivemos uma dinâmica, escutamos certo tipos de música, gostamos de dançar certas coisas. Isso influenciou completamente minha criação. Precisava fazer uma música que as meninas vão dançar e gostem de dançar”, explicou.

    O conceito do vício inerente que nomeia o álbum – apesar de emprestar o título do filme de 2014 do diretor Paul Thomas Anderson – diz mais sobre como Marina vê a própria obra.

    Se “De Primeira” foi intitulado pela cantora prever que teria uma estreia de sucesso, agora ela tem certeza que é inevitável viciar no disco novo.

    Marina explica mudanças após assinar com a Sony: “Sem interferência artística”

    Quando, em fevereiro, Marina anunciou em suas redes que deixou de ser uma cantora independente e assinou com a Sony, parte dos fãs ficaram receosos.

    Ela chegou inclusive a rebater um comentário no Twitter, quando, após lançar seu último single, um usuário da rede social escreveu que ela começou a fazer “música com dancinha” por ter assinado com uma gravadora.

    https://twitter.com/amarinasena/status/1645921784481325058

    Mas a cantora esclareceu não haver interferência artística por parte da Sony em seu trabalho.

    “A gravadora não chega e fala que eu tenho que fazer música assim ou fazer um feat [colaboração com outro artista]. Se falar, eu vou analisar se quero e se tem a ver artisticamente comigo. Se não tiver, não vou fazer. A gravadora não vai me forçar a nada”, disse.

    A preocupação por parte dos fãs talvez se explique ao ver os entreveros de outras estrelas pop com gravadoras, como a frustração de Anitta com a Warner Music, por exemplo.

    “Da minha experiência, estou começando agora e é uma história que me sinto artisticamente muito respeitada. O que mudou é que agora eu tenho uma estrutura muito bem preparada para divulgar minha música. É o que eu estava precisando nesse momento da carreira”, contou Marina.

    Próximos passos

    Com o álbum oficialmente na pista, a cantora concentra seu foco na preparação do show para a nova turnê.

    Marina Sena em apresentação no Coala Festival, em setembro de 2022, em São Paulo.
    Marina Sena em apresentação no Coala Festival, em setembro de 2022, em São Paulo. / Mauricio Santana/Getty Images

    A estreia acontece no próximo final de semana: no dia 5 de maio, em São Paulo, na Audio, e no dia 6, no Rio de Janeiro, no Vivo Rio.

    Para o novo show, o número de dançarinas cresce, a banda se mantém a mesma, mas ganha novos instrumentos para abraçar os timbres da nova era. A maior dificuldade é fechar o setlist para o novo repertório.

    “Do Vício Inerente, vai ser o álbum inteiro porque acho que, depois do povo escutar, se eu não tocar inteiro vão me matar”, disse Marina.

    “Também vai ter o ‘greatests hits’ do De Primeira: Por Supuesto, Temporal, Voltei Pra Mim, Me Toca, quase todas [risos]. O show está ficando surreal”, concluiu.

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