Quem são os chineses que se reúnem em bairros nobres para fazer lives
YouTuber chinesa explica porque há tantos jovens com equipamentos fazendo conteúdo nas ruas do país
É comum estar conectado nas redes sociais e encontrar alguém fazendo uma transmissão ao vivo. Os conteúdos são variados: podem estar dando dicas de filmes, mostrando um truque de maquiagem, reagindo a conteúdos da internet, jogando videogames ou cantando.
Um recurso que a maioria das plataformas tem é de poder doar uma quantia ao usuário que está fazendo a live. Pensando nisso, há internautas chineses que fazem esses vídeos em bairros ricos do país.
Como há a opção de buscar por conteúdos próximos da própria localização, a ideia é ficar ao vivo onde há pessoas com mais recursos financeiros que podem abrir a carteira com mais facilidade.
Os internautas acabam trabalhando individualmente, mas todos no mesmo local, como se fosse um co-working. Há vários ringlights, câmeras e microfones para otimizar ao máximo a qualidade da transmissão.
Quem mostrou fotos e vídeos e explicou o fenômeno foi a YouTuber de tecnologia e DIY Naomi Wu em seu Twitter. “A renda pode ser muito boa, embora a maioria também tenha empregos formais”, contou.
https://twitter.com/RealSexyCyborg/status/1624417606416596993?s=20
Segundo Wu, não é perigoso. Afinal, há tantas câmeras ligadas que se algum “pervertido” agisse, seria pego instantaneamente. Quanto à polícia, no máximo pode pedir que saiam, mas não há risco de prisão.
Muitos comentários da thread no Twitter criticam tantas pessoas com equipamentos sofisticados produzindo conteúdo ao mesmo tempo e falam que a cena é uma “distopia” ou um episódio da série da Netflix “Black Mirror”, que traz reflexões sobre a sociedade e tecnologia.
Mas, para a YouTuber, nada mais é que “20 amigas que se vestem bem, sentam na rua, cantam músicas e fazem companhia uma as outras com ninguém as importunando, e ainda ganham dinheiro com isso”.
“Antes que alguém comece a dizer que elas são forçadas a fazer isso, saiba que também é entretenimento para os artistas. As pessoas se reúnem à noite e no fim de semana, é uma atividade em grupo divertida. Talvez você seja um operário de fábrica ou recepcionista, mas à noite você é uma microcelebridade”, tuitou Naomi Wu.
Para ela, o motivo de muitas críticas é o fato de ser na China:
“As pessoas querem enquadrar isso da maneira mais negativa possível – mas, como uma artista chinesa, que vê como meu país se sai mal em promover a criatividade dentro de uma faixa muito limitada de liberdade de expressão, gente na rua, com estranheza e arte, é bom”.