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    Quem foi Peter Bogdanovich, cineasta da Nova Hollywood morto aos 82 anos

    Criador de clássicos como “A Última Sessão de Cinema” e “Muito Riso e Muita Alegre” foi figura importante na geração que mudou a cara do cinema estadunidense

    As notícias de que o cineasta Peter Bogdanovich faleceu nessa quinta-feira (6), aos 82 anos, marcam o começo do fim de uma geração que moldou o cinema hollywoodiano como o conhecemos hoje.

    O roteirista e diretor começou sua carreira no final dos anos 1960, e foi pioneiro da onda conhecida como Nova Hollywood, junto a nomes como Martin Scorsese e Francis Ford Coppola.

    O falecimento de Bogdanovich, de causas naturais, decorrentes do Mal de Parkinson, faz pensar em seu legado artístico. O cineasta foi, da sua turma, o mais nostálgico, e sempre prestou homenagem à história do cinema, ao mesmo tempo em que ajudava a revolucionar sua linguagem.

    Inicialmente crítico de cinema e programador da sala do Museu de Arte Moderna de Nova York, estreou como realizador em 1968 com “Na Mira da Morte”. O suspense dava as marcas de seu interesse cinéfilo, escalando Boris Karloff (famoso como intérprete do Monstro de Frankenstein na década de 1930) como um ator em decadência.

    O sucesso veio em 1971, com “A Última Sessão de Cinema”. O drama, sobre as relações de um grupo de jovens em uma pequena cidade decadente no Texas, lançou a carreira dos atores Jeff Bridges (“Coração Louco”) e Ellen Burstyn (“O Exorcista”). Em outro nível, a trama que girava em torno da exibição final do cinema de rua da cidadezinha, era metáfora para a própria relação entre memória e renovação que Bogdanovich propunha para a arte.

    O cineasta lançou ainda obras cultuadas como “Lua de Papel”, em 1973, “Muito Riso e Muita Alegria”, em 1981, e “Marcas do Destino”, em 1985. Enquanto a Nova Hollywood ousava com épicos de crime e ação, Bogdanovich se voltava à história do cinema, prestando homenagem a gêneros clássicos como o melodrama e a screwball comedy, bem como referindo a cineastas como John Ford e Howard Hanks.

    Tornou-se, inclusive, amigo pessoal de Orson Welles. Com o criador de “Cidadão Kane”, publicou a biografia “Este é Orson Welles”. Essa parceria também revela outro papel importante de Bogdanovich na preservação da história do cinema.

    Ao morrer, em 1985, Welles deixou seu último filme inacabado. Bogdanovich (que atua no longa), assumiu a produção e auxiliou na sua restauração por décadas, até o seu lançamento, em 2018, sob o título de “O Outro Lado do Vento”.

    Para além de sua faceta cinéfila e sua afeição memorialística, o cineasta influenciou decisivamente produções contemporâneas. Wes Anderson, diretor de “O Grande Hotel Budapest” é um fã confesso, e lançou em 2009 um documentário em média-metragem no qual entrevista Bogdanovich.

    Noah Baumbach, autor de “Frances Ha” e “História de um Casamento” também trabalhou próximo, convidando Bogdanovich para comentar seus filmes, como extra nos lançamentos em DVD. Quentin Tarantino e Rian Johnson são outros nomes que já assumiram inspiração na sua obra.

    A produção do cineasta se tornou errática a partir da década de 1990, vendo-o mais dedicado ao trabalho crítico e acadêmico, bem como a produção de documentários, como “The Great Buster”, de 2018, sobe o comediante Buster Keaton. Seu último longa de ficção é o esquecido “Um Amor a Cada Esquina”, de 2014.

    Bogdanovich também era frequentemente homenageado com convites a participar em pontas como ator. Aparece em produções como a série “Família Soprano” e o filme “It – Capítulo Dois”.

    No seu livro-reportagem “Como a geração sexo-drogas-e rock’nn’roll salvou Hollywood”, Peter Biskind afirma que: “Bogdanovich sempre agira como se sua vida fosse um filme no qual as cenas inconvenientes podiam ser refilmadas ou remontadas”. Agora, a vida, como seus filmes, pode ser preservada e homenageada.

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