Planet Hemp lança primeira música em 22 anos; ouça parceria com rapper Criolo

“Adivinha doutor quem tá de volta na praça?” Com o perdão do clichê, o Planet Hemp – uma das bandas de maior repercussão da música brasileira nos anos 90 – lançou sua primeira música em mais de duas décadas.

São 22 anos desde que o grupo de Marcelo D2 e BNegão lançou o verso acima, de “Ex-Quadrilha da Fumaça”, no álbum “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça”.

Porém, nesta terça-feira (20), o hiato de inéditas foi quebrado com o single “Distopia”, uma parceria com o rapper paulistano Criolo.

Planet Hemp feat. Criolo - DISTOPIA (Clipe Oficial)

A música, que veio acompanhada de um videoclipe, abre caminho para o lançamento de um álbum completo do Planet Hemp, que deve sair no final de outubro, mas ainda não teve o título revelado.

“Distopia” é aberta com uma homenagem póstuma a um carioca antigo parceiro da banda, o fundado d’O Rappa, letrista e baterista, Marcelo Yuka – que morreu em 2019.

“Quando o instrumento do medo não funciona, a gente adquire um poder inimaginável”, disse Yuka em entrevista à Midia Ninja, em 2016. A frase precede a introdução com o riff do guitarrista Nobru.

A letra, assinada pelos vocalistas D2, BNegão e o produtor Nave Beatz, tem o tom de protesto característico de toda a carreira do Planet Hemp.

“Político vira herói, juízes super heróis. Estão acima das leis, acima de tudo, acima de nós”, canta D2, também diretor do clipe – que varia takes de protestos, batidas policiais e cenas dos músicos vestidos de jardineiros em um campo aberto.

“O Planet Hemp sempre foi um movimento de contestação. As nossas letras, que um dia já nos levaram pra prisão, são o reflexo do que a gente pensa sobre esse sistema, sobre o ideal coletivo e a nossa forma de expressar através da música o nosso manifesto. Vai muito além de um discurso político, é um discurso musical muito mais profundo sobre liberdade de pensamento”, afirmou o grupo, em comunicado de divulgação do single.

Veja a letra completa do lançamento abaixo.

Planet Hemp – Distopia (D2, BNegão, Nave)

Tá tudo muito louco ou eu é que tô muito louco
Os que detém o poder precisam ter medo medo do povo
Eles mentem mentem mentem pra te deixar vulnerável
Qualquer um que “acredita” cegamente é manipulável

Todo mundo briga, todo mundo fudido
Não tem mais mocinho, agora todo mundo é bandido
Vai ser isso mesmo, vai? Isso mesmo até quando?
Fé cega radicalismo, sério? Só pode tá zoando

Tá tudo errado irmão, então pega a visão
Pobre defende rico, empregado o patrão (não)
Político vira herói juízes super heróis
Estão acima das leis acima de tudo acima de nós

Povo alienado festa culto da ignorância
Se diz Cidadão de bem só tem ambição cobiça e ganância
Minha cruz eu carrego
Esse inferno é meu
Super homem
Super mosca
Super carioca
Super Eu

Sei da força da canção, eu sei
Lutar com coração, eu sei
Parece uma ilusão, mas sei
Que não ando sozinho, não
É como olhar pro sol, eu sei
A força vem de dentro eu sei
Parece uma ilusão, mas sei
Que não me rendo não

Meu sonho, eu ponho à mesa
Vejo a vida, longa trilha, vindo à tona
Definitivamente saindo do estado de coma
FASE
mental
normose age
se é social, repare
(Pra)
que a igno
que a ignorância acabe

O olhar dos que não enxergam, eles querem te julgar
Deixa con
Deixa con
Deixa condenar
Isso é pra libertar
Semente germinar
O espírito no comando
Liberdade para as mentes
JÁ

DESOBEDEÇA
OBEDEÇA

A onda dos caras
É fazer com que geral acredite que só existe um único e exclusivo modo de vida neste mundo:
o modelo controlado por eles.

REPENSE

REFLITA
RECUSE
RESISTA!