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    Patrícia Poeta relata ter sido vítima de violência obstétrica: “Trauma”

    Situação aconteceu em 2002, nos Estados Unidos, quando a apresentadora deu à luz a seu filho, Felipe Poeta

    Patrícia Poeta recorda violência obstétrica nos Estados Unidos
    Patrícia Poeta recorda violência obstétrica nos Estados Unidos Reprodução/Patrícia Poeta/Instagram

    Caroline Ferreirada CNN

    Patrícia Poeta, 47, revelou ter sido vítima de violência obstétrica em 2002, nos Estados Unidos, quando deu à luz a seu filho, Felipe Poeta, atualmente com 21 anos.

    Na época, a apresentadora do “Encontro”, da TV Globo, trabalhava como correspondente internacional. No entanto, só percebeu a violência anos mais tarde.

     

    “Você não percebe a violência até ter entendimento. Muitas vezes, só acha que foi um ‘parto ruim’. Mas, com o passar do tempo e as informações, como o relato de outras mulheres, percebi realmente o que aconteceu”, contou ela em entrevista ao Universa.

    Com 41 semanas de gravidez, Patrícia foi ao hospital para realizar um exame de rotina e, de lá, passou por uma série de momentos. “Lembro de falar para a minha família, que tinha ido me visitar, que tomaria café na volta, já que tinham virado rotineiros aqueles exames. Não levei nada, mala de bebê ou qualquer coisa para o nascimento do Pipo [Felipe Poeta]”, recordou.

    “Dali em diante várias experiências seriam vividas. Uma delas, a mais marcante e mais linda da minha vida: foi o nascimento do Felipe, meu bem mais precioso e amado. A outra seria a experiência de ter dois partos para um único filho, como eu digo”, acrescentou.

    Segundo a apresentadora, foram 14 horas para que o filho viesse ao mundo, por meio de um parto normal. “Coisa que não tinha chance de acontecer. Nessas horas, de cinco em cinco minutos, a dor, com o parto induzido e sem anestesia, era extrema. E, apesar de passar por tudo aquilo e pedir por medicação, nada me foi dado”, revelou.

    Ainda na entrevista, Poeta reforçou a importância do bem-estar da gestante e do bebê em primeiro lugar. “Pois o médico e as enfermeiras mantiveram a decisão de seguir assim até chegar ao ponto da saúde e a vida do Felipe estarem em risco. Um absurdo”, avaliou.

    Um novo parto e estudo sobre violência obstétrica

    Já no dia seguinte, a jornalista foi levada para o centro cirúrgico para iniciar um novo parto.

    “Dessa vez, cesariana. Nessa hora, a sensação que tinha era de que não existia mais. Não tinha sobrado nada de mim. Sensação de não ter mais forças. Era como se tivesse passado por uma tortura. Meu coração estava mais acelerado do que nunca. Tinha medo, muito medo de tudo que já vivido nas últimas horas e do que poderia acontecer”, disse.

    “Tenho um trauma tão grande que até hoje não consigo ver filmes, documentários de parto. Criei uma espécie de bloqueio”, entregou.

    Diante do ocorrido, Patrícia passou a estudar o posicionamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto à violência obstétrica. “E aí caiu a ficha: eu tinha sido vítima, sim, desse tipo de violência”, afirmou.

    “Confesso que não gostaria de fazer parte dessa estatística, mas é algo real. Não dá para ignorar. É cruel você ter a percepção de que nossas decisões, muitas vezes, não são respeitadas nem na hora do parto”.

    “E penso: ‘E se algo tivesse dado errado?’. Me questiono por que não fiz diferente, por que não me fiz mais forte para ser ouvida, e aí caí em outro erro: o de se culpar por algo que não é de sua sua responsabilidade”, desabafou.

    “É importante para que os hospitais e maternidades preparem profissionais, partos e ambientes mais empáticos tanto para gestante quanto para a família”, finalizou.