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    CNN Plural

    O poder da Mulher Rei

    Viola Davis protagoniza história que exalta poder da mulher negra

    Letícia Vidicada CNN , São Paulo

    Eu celebro vocês, minhas irmãs. Assim, num ritual de celebração – com direito a exaltação à Breonna Taylor (jovem americana negra morta a tiros por policiais em 2020 nos EUA) – termina o filme A Mulher Rei, novo filme de Viola Davis que estreia oficialmente no Brasil na próxima quinta (22).

    Justamente com esse alerta de spoiler (pequeno, não se preocupem) do final do filme que eu quero começar esse texto.

    Celebrar as nossas próprias histórias antes que elas morram se não forem contadas por nós. Pessoas pretas. Assim bem definiu Viola Davis na entrevista de lançamento do filme na noite de pré estreia nesta segunda no teatro do Copacabana Palace.

    O filme A Mulher Rei conta uma história verídica, até então perdida no tempo, sobre as Agojie. Guerreiras africanas que viveram no reino do Daomé no século 19 e formavam o exército de mulheres que serviam, defendiam e protegiam o reino e seu rei. Sua força física e habilidades de luta era algo nunca visto no mundo. A atriz Viola Davis interpreta a general Nanisca, que lidera esse exercido feminino e é a protagonista do filme.

    Protagonismo é o mote principal dessa história, dos bastidores e da mensagem que o filme quer passar. Protagonismo negro de ter representado em um filme não só uma história do povo negro mas também de ter uma atriz negra e muitos atores negros conduzindo essa história. Protagonismo negro que revela a real história e poder das mulheres negras que no reino de Daome já tinham paridade de gênero e chegavam a altos cargos e patentes. Protagonismo de ter mulheres de pele retinta como Viola, como eu se reconhecendo na tela do cinema. E celebrando umas às outras.

    Pausa: os olhos não deixaram de marejar ao ver Viola Davis linda em sua exuberância e negritude diante dos meus olhos na noite de estreia no Rio de Janeiro. Minha criança interior só conseguia gritar: “ela se parece comigo”, assim como as garotinhas pretas encantadas com a Ariel negra da Disney.

    Viola Davis em evento de exibição no Rio de Janeiro / Letícia Vidica

    Eis aí, meus caros, o poder da representatividade. “Isso é poderoso. Inacreditável. Mulheres negras eram vistas até então como secundárias”, pontuou Viola Davis na coletiva de imprensa que concedeu no Rio de Janeiro. O poder de sermos vistas, enxergadas como humanas, de sermos nós mesmas e de acreditarmos que podemos ser donas das nossas próprias histórias. Isso é Agojie.

     

    Assim como um bom filme de ação, A Mulher Rei trata de muitas dores, feridas e lutas – físicas e emocionais. Lutas tão contemporâneas que fica difícil não se identificar com uma delas. Abusos sexuais, abandono, solidão da mulher negra, colorismo, invisibilidade, racismo…
    Lutas que Viola Davis destaca bem que seguem dentro e fora do set pra fazer tudo dar certo.

    “É a jornada da minha vida” assim definiu Davis ao justificar porque escolheu essa história. “Fala da complexidade de ser mulher negra. Mas eu pude ser eu mesma. Você me vê no filme”, completa.

    Me arrisco a plagiar a frase e dizer que é a jornada das nossas vidas. Mulheres pretas na busca incessante por contar nossas próprias histórias e sermos protagonistas delas.

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