“O pai tá on”: ninguém para sir Paul McCartney
81 anos de pura música, história e carisma (ainda bem)
Vou confessar uma coisa pra vocês: às vezes, eu fico imaginando que eu sou o Paul McCartney e que eu tive a vida dele. Fui uma jovem artista cheia de talento que conheceu um outro jovem artista sonhador e formou o que seria uma das maiores bandas da história da música.
Juntos, a gente escreveu músicas que viraram hinos e fizeram parte da vida de muitas pessoas no mundo todo. Eu trabalhei muito, sem parar, mas também ganhei muito mais dinheiro do que um dia imaginei.
O tempo passou e hoje eu tenho 81 anos. O que eu faço?
A minha resposta, se essa realmente tivesse sido a minha vida, seria: vou descansar. Já fiz minha contribuição pro mundo e agora eu quero ficar quieta na minha mansão com meus 4 cachorros e meu lençol de 600 fios (é o máximo que eu conheço; se tiver um melhor do que esse, alguém me avisa). Quero também ver todas as séries e filmes que não consegui. Acordar sem despertador. Ir ao cinema sozinha numa terça-feira à tarde. Comer doce antes do salgado. Pura rebeldia.
Que bom, caros amigos e caras amigas da newsletter, que o mundo escolheu uma pessoa muito melhor do que eu pra seguir esse caminho, porque hoje a gente tem um sir Paul McCartney viajando o mundo e fazendo shows de 3 horas entregando toda a energia e carisma que só ele sabe ter. Aos 81 anos de idade. “O pai tá on”, como ele mesmo disse EM PORTUGUÊS durante um dos shows aqui em São Paulo.
Um EX-BEATLE que já fez de tudo nessa vida e que poderia hoje simplesmente descansar, mas não. Ele fez questão de aprender a falar muitas palavras em português, muito além do tradicional “obrigado”.
Ele inventou um show surpresa, fora da agenda marcada, pra pouquíssimas pessoas. Ele deu ingressos pra um grupo de estudantes de música de uma faculdade. Ele abriu a janela do carro blindado todas as vezes que passou por uma fila de fãs pra dar um tchauzinho. Já entregou tanto – e a turnê ainda nem acabou.
É impressionante o quanto ele continua surpreendendo mesmo depois de tanto tempo de estrada. Eu já fui em 7 ou 8 shows e em todas as vezes, eu senti como se fosse a primeira. É clichê dizer que é uma viagem no tempo, mas nenhum outro show me faz voltar pra tantas boas lembranças.
Por isso eu só posso agradecer ao universo por ter escolhido o Paul pra ser o Paul. Eu tô muito melhor na posição de fã. Quero, sim, descansar aos 81 anos mas até lá, espero dançar muito ao som de I Saw Her Standing There e Love Me Do.