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    O Brasil está entre os 10 países onde mais pessoas se tatuam

    Obrigada, querida firma, por aceitar minhas tatuagens <3

    Governo da Áustria oferece transporte gratuito para quem fizer tatuagem
    Governo da Áustria oferece transporte gratuito para quem fizer tatuagem Reprodução CNN

    Mari Palma

    Em um mundo ideal, eu não precisaria agradecer porque isso não seria uma questão, mas como a gente vive nesse mundo ainda cheio de tantos preconceitos, acho importante destacar quem anda na contramão disso. Essa semana eu fiz mais 4 tatuagens; agora são 20 no total, a maioria no braço direito (braço que aparece bastante na TV durante o PopVerso – inclusive, assistam, de segunda a sexta, às 23h, e aos sábados, às 22h45, no canal 577 ou no YouTube).

    Por muito tempo, a tatuagem foi considerada um obstáculo no mercado de trabalho pra várias profissões. No meu caso, era praticamente uma regra: jornalista que aparece na TV não podia ter tatuagem pra não perder a credibilidade, seriedade ou algo assim. Eu ouvia histórias de amigos que só usavam roupas compridas pra não correrem o risco de perder o emprego, não importava se eram bons profissionais ou não. E eu fico imaginando quantas empresas perderam ou sequer chegaram a contratar bons profissionais por causa desse preconceito inicial.

    De uns anos pra cá, isso vem mudando, felizmente. Até porque hoje, se uma empresa deixar de contratar um funcionário por causa de tatuagem, talvez seja muito mais difícil encontrar outro: o Brasil tá entre os 10 países onde mais pessoas se tatuam – os cinco primeiros são Itália, Suécia, Estados Unidos, Argentina e Austrália, variando entre 40% a 50% da população tatuada. Aqui, são mais de 30%, segundo uma pesquisa do Instituto alemão Dalia. Não só isso: é um mercado que vem crescendo bastante também – em 2020, primeiro ano da pandemia, esse crescimento foi de 50%, segundo a Associação Nacional dos Tatuadores.

    No meio disso tudo, cada vez mais a gente vê exemplos de profissionais tatuados em cargos altos e posições de poder. Eu, por exemplo, nunca vou esquecer do dia que eu entrei no site da CNN e vi a notícia de uma apresentadora da Nova Zelândia que apareceu na TV com uma tatuagem no queixo, tradicional das mulheres do povo nativo Maori. Importante dizer que eles não consideram tatuagem e sim marcas faciais que, segundo a tradição, são manifestações da identidade da pessoa. Olha a força disso. E detalhe: ela estava apresentando um programa de notícias no horário nobre na televisão nacional.

    Esse é só um exemplo de como a gente vem avançando nessa conversa, o que me deixa muito feliz. Mais feliz ainda porque hoje posso trabalhar e fazer o que eu amo respeitando quem eu sou, com minhas tatuagens e piercings. Agradeço a quem veio antes e abriu portas pra mim e espero fazer o mesmo por quem vem depois. E agradeço mais uma vez à CNN por enxergar competência e credibilidade no meu trabalho e não em como eu me visto ou na tatuagem que eu faço. Prometo compensar chegando sempre no horário e não passando muito tempo fofocando na máquina de café.