“Não haveria Beatles sem os Beach Boys”, diz diretor de novo documentário
"The Beach Boys" estreia no Disney+ nesta sexta-feira (24); CNN conversou com Frank Marshal, diretor do longa
O documentário “The Beach Boys”, que acompanha a banda norte-americana sucesso nos anos 60 desde as origens familiares humildes até o imenso estrelato, chega no catálogo do Disney+ nesta sexta-feira (24). Em conversa com a CNN, o diretor Frank Marshall, falou mais sobre o abordado na produção, como a influência do grupo para a história da música e a “rivalidade” deles com os Beatles.
Formada em Hawthorne, Califórnia, em 1961, a banda The Beach Boys é tida como uma das mais influentes na história do rock. Emplacou dezenas de canções nas paradas de sucesso, como as clássicas “Wouldn’t It Be Nice”, “Sloop John B”, e “God Only Knows”, e teve discos recordistas de venda.
Ela foi inicialmente formadas por membros de uma mesma família, os irmãos Brian, Carl e Dennis Wilson e seu primo Mike Love, além de um amigo próximo, Al Jardine. Posteriormente, ainda recebeu Bruce Johnston, Rick Fataar, David Marks e Blondie Chaplin.
Brian Wilson, Mike Love, Al Jardine, David Marks e Bruce Johnston estão no documentário. Carl e Dennis Wilson faleceram em 1998 e 1983, respectivamente.
“A parte mais difícil disso tudo foi com certeza não ter Carl e Dennis para conversar com a gente. E em alguns sentidos o Brian também, ele não é muito mais verbal”, ressaltou Frank Marshall. “Queria ter conversado com eles como conversei com os outros, todos tiveram altos e baixos que valem a pena ser mostrados”, acrescentou.
Em fevereiro deste ano, Brian Wilson foi diagnosticado com demência. A notícia foi compartilhada nas redes sociais do músico, um mês após a morte de sua esposa, Melinda Ledbetter.
Apesar de não ter os membros vivos para “adicionarem” informações, o documentário buscou trazer falas dos membros já falecidos em entrevistas arquivadas gravadas ao longo da história da banda.
“Pessoas de 8 a 80 anos gostam de Beach Boys”
“A música dos Beach Boys teve muito impacto no mundo, além de que faz 60 anos e eles ainda estão por aí. Por qual motivo isso acontece? Eu queria explorar o que fez isso acontecer. A música deles é uma celebração da vida, mas é bem complexa, pessoas de 8 a 80 anos gostam, eu realmente quis investigar sobre o que era tudo isso”, contou Frank Marshall sobre a importância do documentário.
Frank é conhecido por outras produções biográficas sobre membros da indústria musical, como os Bee Gees (“The Bee Gees: How Can You Mend a Broken Heart”), Johnny Cash (“The Gift: The Journey of Johnny Cash”) e a série de Paul McCartney (“McCartney 3,2,1”). A produção sobre o grupo californiano, no entanto, tem suas particularidades.
“Eles foram uma banda vivida entre família e amigos próximos, que cresceram juntos e deu muito certo de todos eles conseguirem colaborar de algum jeito. Eles tinham essa harmonia natural”, pontuou Marshall.
“O fato de que também tivemos Brian Wilson, que é um verdadeiro gênio da música, os guiando é outra coisa, mas na verdade é uma situação única onde você tem esse líder, mas os outros integrantes são essenciais para fazer tudo isso funcionar. Sem todos eles juntos, a banda não aconteceria do jeito que aconteceu”, complementou.
Beach Boys como inspiração à música
Além dos membros do Beach Boys — Brian Wilson, Mike Love, Al Jardine, David Marks e Bruce Johnston –, outros nomes do ramo musical estão na obra, incluindo Lindsey Buckingham, do Fletwood Mac, Janelle Monáe, Ryan Tedder e Don Was.
“Eu gostei de escolher e colocar artistas que se inspiram nos Beach Boys para fazer sua música hoje. O grupo criou esse “sonho californiano” seguido ainda por alguns. Janelle Monáe foi inspirada pela harmonia e as letras. Ryan Tedder também, ele cresceu ouvindo Beach Boys. O Lindsey, é como se fosse um gênio reconhecendo o outro”, afirmou o diretor.
Beach Boys x The Beatles
Em determinado momento, o documentário se aprofunda na “rivalidade” existente entre os membros do grupo californiano e os Beatles, questionando se ambos teriam sido tão grandiosos se não tivessem visto na “competição” entre si um estímulo para construir a carreira.
Além de nomes da indústria musical, a produção traz ainda relatos e opiniões de Paul McCartney, um dos integrantes do famoso grupo de Liverpool. Os dois grupos foram formados na mesma época e disputavam constantemente o topo das principais paradas musicais.
“Eu acho que foi uma competição amigável, eles inspiravam uns aos outros. Eu conversei com o Paul McCartney também e ele confirma isso. Eles adoravam ouvir o que os Beach Boys estavam fazendo, pois isso os fazia querer ser maiores e melhores”, disse Frank.
“Não acho que haveria um sem o outro, pelo menos não em toda a grandiosidade que foram. Não haveria Beatles como conhecemos hoje sem Beach Boys. Não haveria ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club’ sem o ‘Pet Sounds’“, complementou ele, referindo-se aos dois grandes discos dos grupos.
“Eu espero que com o documentário as pessoas percebam o impacto dos Beach Boys na música e que eles são atemporais e uma verdadeira celebração de esperança, amor, alegria, amizade. Precisamos de Beach Boys no mundo hoje. Espero que as pessoas os escutem”, concluiu o diretor.